Autores e Atores

Autor: Sérgio Fonseca Cruz

Eu não pedi para nascer, e você? Também não pude escolher meu nome, a minha família de origem, assim como você também não pôde. E se por acaso a vida fosse tão generosa a ponto de nos permitir escolher dia, mês, ano de nascimento (para a alegria dos numerólogos de plantão); ou uma “família” harmoniosa, estruturada emocionalmente, economicamente privilegiada… ainda assim não escaparíamos de alguns infortúnios inerentes a própria vida. É verdade que algumas escolhas não nos foram permitidas. Contudo, qual a nossa postura frente a nossa história?
Diante das nossas dores e insatisfações podemos assumir um discurso passivo e vitimizado, como uma espécie de “determinismo histórico”, onde “nada podemos” fazer. Por outro lado, podemos perceber a nossa vida como uma história inacabada, onde a cada instante escrevemos uma nova página. Nesta história nada pode ser totalmente fixado ou imutável: nem tristezas ou alegrias, nem frustrações ou realizações, pois nenhuma destas é definitiva nesta realidade transitória e efêmera do mundo em que vivemos. Toda esta gama de sentimentos e acontecimentos passam nos desafiando a escrever o próximo capítulo da nossa vida. Você pode escolher ser autor e ator da sua própria história, escrevendo a cada dia novos capítulos!
Um alerta. Tenha muito cuidado com histórias prontas e textos dos outros! Por exemplo, em certa ocasião me deparei com uma pessoa frustrada porque o pai, um administrador, havia dito que se ela fizesse faculdade de administração, estaria bem empregada e com a vida profissional assegurada, graças às boas relações profissionais que ele havia construído ao longo dos anos. Por alguns anos isto se deu… mas o tempo passa e as coisas mudam. Quando ela perdeu o emprego e descobriu que detestava administração,  ficou profundamente revoltada com o pai, com a vida e sem coragem de reescrever a sua história.
É muito delicado quando alguém não consegue perceber que está “atuando” nas cenas da vida pelo desejo do outro, e não pelo seu próprio desejo, ocupando assim um “papel” que lhe foi sutilmente designado. Porém, vale ressaltar que o bom ator escolhe os “papéis” que deseja desempenhar. E ainda que estes possam ser  escritos por grandes autores, o bom ator ou a boa atriz, deve sempre interagir com o texto; fazer a sua própria interpretação; administrar bem suas emoções; utilizar a sua potencialidade criativa e seu conhecimento adquirido em suas múltiplas vivências cotidianas.
Nem sempre o caminho mais fácil é o melhor caminho para ser percorrido ou para se investir na vida. Jesus nos diz em Mateus 7:13-14: “Entrai pela porta estreita… larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela… porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”. Sabemos que o caminho estreito é pouco desejado e pode nos apresentar maiores dificuldades, mas ao final do percurso pode se tornar mais gratificante, enriquecedor e construtivo. E não pense que eu esteja fazendo uma espécie de apologia ao sofrimento. Apenas quero dizer que nem sempre o caminho mais fácil é o melhor; e que as nossas escolhas determinarão possíveis tristezas e alegrias.
O que eu desejo irmãos, é que cada um de nós, debaixo da “direção” de Deus, possamos nos tornar a cada dia autores e atores da nossa própria história; que a despeito das nossas dores e dificuldades, possamos  encontrar o caminho que nos conduz à vida.

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