Autor: Osmir Aparecido Cruz
O que me fez pensar neste tema é o fato de ter ouvido alguns dias atrás a seguinte frase de uma jovem: “não existe arrependimento sem choro”. Não posso concordar com essa afirmação. Pois nem sempre o arrependido chora. Penso que a maior prova de arrependimento não é o choro, e sim a mudança de vontade, isto é, deixar de viver meu próprio eu. Afinal de contas, essa deveria ser a principal característica de um cristão.
O cristianismo é a única religião que nos convoca a vivermos o Eu de outro: Jesus Cristo. Isso vai de encontro a qualquer conceito da psicologia moderna, que ensina que só é possível ter a verdadeira felicidade, através de viver o meu próprio eu. Jesus disse: “Se alguém quiser vir após mim negue-se a sim mesmo, tome a cada dia sua cruz e siga-me” (Lc. 9:23 grifo do autor). Ser cristão significa negar a minha própria vontade e viver a de Cristo. A prioridade nas nossas vidas não é o que eu devo fazer e sim o que Cristo faria. Neste sentido, devemos ter nossos rostos escondidos por uma máscara que reflita o rosto de Cristo. Ser Cristão significa ter a aparência personalista de Cristo nas atitudes; no falar; no agir, etc.
A Bíblia nos ensina que os discípulos foram chamados de cristãos pela primeira vez na cidade de Antioquia (Atos 11:26). Eles não foram chamados por esse nome por causa dos milagres que realizavam, nem pelos tipos de roupas que vestiam, e sim porque tinham uma vida semelhantes à vida de Jesus. Eles não viviam o seu próprio eu, se não, pois se não teriam sido chamados de Paulão ou Pedrão. Mas foram chamados de “cristãos”, porque testemunhavam através das suas vidas o Eu de Jesus. Ser cristão significa deixar de viver o meu eu e viver o de Cristo. Quando isso acontece na vida de alguém, logo as pessoas percebem uma diferença.
Tenho por certo, que o verdadeiro arrependimento provoca essa reação na vida do crente, a de ser semelhante a Jesus.
Não devemos confundir arrependimento com choro. Posso chorar ao arrepender-me, mas não é regra. O choro do ladrão apanhado em flagrante nem sempre indica arrependimento. A verdade é que geralmente ele chora e lamenta pela situação, e não por ter pecado contra Deus roubando seu próximo. Mesmo chorando ele é a mesma pessoa. Se ele não se converter na cadeia, irá fazer a mesma coisa quando for liberto. Continua com a mesma cabeça, mesmas idéias, mesmas intenções. Embora chore, não faz com a intenção de abandonar o seu modo de vida, para abraçar outro, que seja reto e honesto. Ele chora pela sua situação e não pelos seus pecados. O que nos faz vivermos o Eu de Jesus é o arrependimento pelos nossos pecados.
Que possa haver em nossos corações o verdadeiro arrependimento, e assim sermos impulsionados a vivermos o Eu de Cristo. Só quem se arrependeu de seus pecados verdadeiramente pode desejar isso. Deus nos abençoe.
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