Aqui se faz, aqui se paga. Que disse isso?

Autor: Derval Dasilio
Quem já não ouviu essa expressão, por muitas vezes: “Aqui se faz, aqui se paga”? Quem seria o gênio farisaico que a inventou? Pode ter sido um daqueles que questionavam o Nazareno, a respeito de um suposto castigo imposto por Deus, derrubando uma torre e matando por esmagamento a dezoito habitantes da região da Galiléia: -“Deus havia se vingado da incredulidade dos galileus. Logo, os sobreviventes tinham que dar graças e converterem-se”.  Jesus enfrenta os religiosos piedosos às avessas, crentes aos seus próprios olhos, desse jeito: -“ Vocês são tão culpados quanto todos! Em Jerusalém, dentro do Templo, em todo lugar, vocês perecerão se não se arrependerem!”.  A seguir, Jesus conta uma parábola com aquele jeitinho que só Ele tem de comunicar:
“Um agricultor tinha uma figueira plantada em seu vinhedo, lugar para cultivar uvas destinadas ao fabrico do vinho. Disse, então, ao vinhateiro, seu auxiliar: – ‘Corte essa árvore porque ela é estéril.  Faz três anos que não dá frutos’. O vinhateiro, então, pediu: – `Patrão, deixe que ela fique aí mais um ano. Eu cuido dela, limpo as ervas daninhas ao redor, coloco esterco. Quem sabe ela não dará frutos? Se acontecer o contrário, tu a cortarás”.  E Lucas, o escritor, não diz mais nada sobre o que falava Jesus. E precisava?
“Gente boa, cristã, evangélica…? “Por que há tantos que gostam de colocar seus julgamentos na boca de Deus?”.  Diria hoje Jesus para mostrar Seu desacordo total com o modo de pensar que transfere a Deus julgamentos humanos. Para o Senhor Jesus, Deus não se vinga a cada instante, nem é amigo de enviar castigos a torto e à direito, como se aprecia falar, em tantos púlpitos ou aulas nas escolas dominicais. Se alguém não está de acordo conosco, e nem precisa estar, é bom estar de acordo com as Escrituras Sagradas. Elas não são o manual de um juiz, nem são leitura para tribunais, coleção de sentenças preestabelecidas, ou jurisprudência sobre punições de pecados e erros humanos. Certamente muitos não concordam conosco…
A paciência de Deus, como a do agricultor, não tem limites; é capaz de esperar a vida toda para que nos convertamos ao Seu amor e demos uma resposta de amor a este amor, voltando à frutificar… Deus é o Paizinho, Abba, como disse Seu Filho na Galiléia; ser humano como nós, pés na terra, como todo ser humano. O Pai de Jesus é Deus Maternal (Isaías 49,15), Misericordioso, Carinhoso, Cuidadoso, cheio de compaixão (cf. Bíblia inteira); é Paciente, ao contrário de nós, que estamos sempre prontos para resolver nossa impaciência cortando a vida do irmão, seja ou esteja ele, próximo ou distante… Que autoridade temos, se o próprio Dono da vida, e das árvores ameaçadas pela esterilidade, não nos quer exterminar, dando-nos sempre oportunidades para receber adubo para raízes fracas, autorizando sempre a retirada das ervas daninhas que  estão tirando o nosso viço; para nos livrar da improdutividade, e da morte? 
Quem disse que os improdutivos não oferecem quaisquer frutos por sua vontade, dando sinal de vida e resultados em alguma possível colheita? Lembremo-nos também que figueiras dão figo, e não uvas…  “Corta fora, ela não dá testemunho!” Quem não é fraco, pecador, que use o facão primeiro! A paciência de Deus contrasta com nossa impaciência. Queremos ver logo os resultados, punir o que não corresponde aos nossos padrões; que tudo se resolva num instante, que o mal se acabe de um só golpe. Hoje, se pudéssemos, muitos de nós sairiam por aí de moto-serra na mão…  “Faz isso não, irmão! O Paizinho não gosta”! Diria Jesus…
Nenhum de nós pode arvorar-se fiscalizador da vida espiritual alheia. Esta vida é, e vem, de Deus… No entanto, muitas vezes cresce lentamente, amadurece lentamente, e nem sempre produz o fruto desejado. Por que seria? Conhecemos uma planta lá do ambiente generoso da Serra do Cipó, lá nas Minas Gerais, chama-se “velózia nanuza”. Pois bem, ela é cheirosa e linda, nascendo na fenda inóspita das pedras das encostas rochosas das colinas.  Que intenção divina esconde o Criador que faz brotar algo tão belo e perfumado da pedra bruta? Pois é nisso que creio: Da dureza dos nossos corações brota o impossível aos olhos dos incrédulos.

Igreja Presbiteriana de Maruípe – IPU
Fonte: Pão Quente

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