Apocalipse – Uma Visão Panorâmica do Livro – Estudo 13

Autor: Lincoln A. A. Oliveira
Introdução

Chegamos ao final de nossa série de estudos sobre o Apocalipse. Nesta última parte estaremos procurando dar uma visão panorâmica do livro através de cinco perguntas e respostas, que também poderão ser usadas como revisão de alguns dos pontos abordados.

Para Quem Foi Escrito o Apocalipse ?

Verificamos, ao longo dos estudos anteriores, que o Apocalipse foi escrito em um período de grande crise e perseguição contra a Igreja, no primeiro século da era Cristã. Ele foi preparado para aqueles crentes perseguidos, que viam eles próprios, suas famílias e seus bens serem dizimados pela “besta apocalíptica”, que almejava destruir o Cristianismo. Foi um livro escrito para aquele contexto, mas que serve para nós hoje, à medida que a História, com seus ciclos, volta a nos apresentar situações semelhantes àquelas encontradas no passado. Seja com opressões físicas ou materiais, como temos visto em vários momentos, nesses últimos dois mil anos, seja com opressões mais sutis, restritas ao nosso interior, que contribuem para nossas crises, nossas perdas, nossas dores, nossas angústias, frustrações e derrotas, O Apocalipse de João nos revela que o Cordeiro de Deus, “aquele que tira o pecado do mundo”, nos dará a vitória em Cristo Jesus.

Que Mensagem nos Traz as Primeiras Visões do Livro ?

No capítulo 4 de Apocalipse, encontramos o início das descrições das visões que se ampliarão em suas partes subsequentes. Em essência este capítulo apresenta a soberania de Deus, que é o Eterno e o Criador que protege o Seu povo. Este é o encorajamento que inicialmente é apresentado aos perseguidos e massacrados cristãos da Ásia Menor mas que se aplica a todos os crentes em todos os séculos. O sofrimento, perseguições e provações devem ser encarados como situações temporárias, dado que Deus, o nosso Defensor, é o Soberano da História.

O que o Apocalipse Diz Sobre a Queda do Império Romano ?

A partir do capítulo 17 João presencia uma série de visões, que revelam a destruição do império romano, dos seus aliados e da cidade de Roma, que é identificada como a “grande meretriz, que se acha sentada sobre muitas águas”. A prostituição é usada comumente como sinônimo de infidelidade e idolatria nos textos bíblicos. Aqui, Roma ou o império romano é a grande meretriz que leva tantos à adorar os seus próprios imperadores como se fossem deuses.

A destruição de Roma não deve ser comparada a uma cidade cujos escombros podem ser removidos posteriormente. O texto refere-se antes, à uma cidade destruída para sempre. A fumaça que a consome, se eleva incessantemente, impedindo que aquele seu poder seja reconstruído.

Como se Inicia a Vitória de Cristo sobre Satanás ?

Com a completa destruição de Roma, descrita nos capítulos 17 e 18, ouve-se exultação e regozijo dos crentes. Eles cantam porque acreditam que está próxima as “Bodas do Cordeiro”, quando Jesus se unirá definitivamente com sua Igreja. O tempo para essa união, porém, ainda não chegou. O Cordeiro tem ainda batalhas a travar contra Satã e seus aliados, entre elas, a batalha do Armagedom.

Tem havido muita discussão sobre o significado desta batalha contra Satã. Muitos intérpretes da escola chamada futurista entendem que esta guerra é um evento físico. Eles acham que a besta será um anticristo pessoal, que surgirá nos últimos tempos e que terá de fato um exército de soldados por ele comandado até a Palestina para guerrear os judeus. Este anticristo governará a terra por algum tempo, sendo vencido pelo Senhor e seu exército, inaugurando-se então, um reinado de mil anos.

Há quem defenda porém, que para se interpretar corretamente o Apocalipse, é importante sempre partir do contexto histórico em que o livro foi escrito, considerando seu objetivo e seu público alvo primário. Dentro desta linha, pode-se concluir que Armagedom não é exatamente um lugar com coordenadas geográficas e sim uma palavra simbólica que representa uma batalha decisiva. Nela, Cristo é retratado descendo do Céu, embora mas não se trate de sua segunda vinda.

Nas partes inciais do Apocalipse, Cristo é apresentado como Leão, Cordeiro e Juiz. Na parte final, Ele é apresentado como o Guerreiro Vitorioso. Sua arma mais poderosa é uma espada aguda que sai de sua boca. Essa arma, é uma arma espiritual. Ela é a Palavra de Deus.

O que o Apocalipse nos Fala sobre o “Final dos Tempos” ?

Os capítulos 17 a 19 nos relatam que o Cordeiro e suas forças conseguem destruir primeiro dois dos três grandes inimigos aliados, a besta, identificada como o imperador Domiciano, e o falso profeta, conhecido como a Concilia Romana. Esta vitória, que é descrita em mais de uma cena, historicamente se alinha com a queda do império romano, e com a destruição da cidade de Roma. Satanás, o terceiro aliado, contudo não é ainda destruído, mas apenas preso. Sua destruição, só vem a ocorrer no verso 10 do capítulo 20 de Apocalipse, quando, após ser solto por um tempo, se alia a Gogue e Magogue, e tenta enfrentar as forças do Cordeiro. Satanás, então é finalmente destruído ao ser lançado dentro do lago de fogo e enxofre.

Dentro desta linha de interpretação, a derrota dos dois aliados situa-se dentro do contexto do primeiro século da era cristã aplicando-se contudo a todos os fatos históricos que viriam após aqueles eventos, onde as forças do mal viessem a se posicionar contra Cristo e seu povo. A derrota de Satanás, também se enquadra neste contexto, remetendo-nos porém mais fortemente ao futuro, à medida que Satanás ainda está solto e atuando neste mundo. A visão do Apóstolo nos indica que Satanás um dia será inteira e definitivamente derrotado. Mesmo fazendo referência a “mil anos” João não afirma quando isso ocorrerá. Tem havido grande controvérsia se o período de mil anos citado deve ser considerado de forma literal ou deve ser visto apenas como sinônimo de “por algum tempo”.

A parte final do Apocalipse nos revela algo a respeito do Juízo Final. É possível que João tivesse em mente que tal Juízo viria a ocorrer ainda no tempo de Domiciano, dentro do contexto histórico daquela época. Isso porém não ocorreu e nem João disse em que data isso ocorreria. Em diversas outras partes da Bíblia somos admoestados a vigiar porque não sabemos quando as “últimas coisas” ocorrerão. O fato de não se ter conhecimento exato quanto à época desse Juízo, não diminui o valor da mensagem. O ponto principal é que haverá um Juízo.

Conclusão

Cristo venceu este terrível conflito pelo poder de sua espada, “que procede de sua boca”, a saber, a palavra do Evangelho plantada no coração de todo aquele que O aceita como Salvador e Senhor. Essa Palavra tem o poder de transformar pessoas e sociedades formadas por elas. A Palavra de Deus encarnada em Cristo, o Verbo, resistiu à ira dos césares e trouxe vitória à causa do Senhor Jesus no mundo: vitória que se projeta até hoje e continuará vitoriosa para todo sempre.

O Apocalipse nos apresenta o Cordeiro. Ele é o Alfa e o Omega, é Aquele que é, que era e que há de vir, é Ele que “…nos ama e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados”. É Ele que nos fará mais que vencedores em nossa jornada terrena. Este Cordeiro, é Jesus de Nazareth.

lincoln@pibrj.org.br

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*