Apocalipse – "A Visão da Vitória do Bem" – Estudo 11

Autor: Lincoln A. A. Oliveira
Apocalipse 17, 18 e 19

O Significado da “Babilônia”

Nesta parte do drama do Apocalipse João presencia uma série de visões, que revelam a destruição do império romano, dos seus aliados e da cidade de Roma, que é identificada como a “grande meretriz, que se acha sentada sobre muitas águas”. A prostituição é usada comumente como sinônimo de infidelidade e idolatria nos textos bíblicos. Aqui, Roma ou o império romano é a grande meretriz que leva tantos à adorar os seus próprios imperadores como se fossem deuses. Isto inclui os cristãos da Ásia Menor, público alvo primário do livro do Apocalipse, perseguidos tenazmente pelo imperador. As muitas águas aqui mencionadas eram uma referência aos muitos povos e línguas sobre os quais o império mantinha sua influência, força e domínio de vida e de morte. A mulher tem o nome de “Babilônia” escrito em sua testa e cavalga uma besta de sete cabeças e dez chifres. Um anjo se adianta a explicar ao Apóstolo João o significado de tantos símbolos naquela cena dramática.

As setes cabeças da besta referem-se a sete montes. Interessante notar que Roma estava construída sobre sete colinas. Sete foram também os reis que estabeleceram o grande império: Augusto, Tibério, Calígula, Cláudio, Nero, Vespasiano e Tito. Há um oitavo, que deverá fazer parte do drama, mas ele pode ser considerado como dentro do grupo dos sete. Trata-se de Domiciano, que pelo seu comportamento despótico e tirânico contra os cristãos, era considerado como uma reencarnação da maldade de Nero, que vivera anos antes. Os dez chifres da besta representam todo o império. O anjo os identifica como “os dez reis que ainda não receberam reino …”. Estes eram certamente governadores das províncias romanas.

Há quem levante dúvidas sobre se a grande meretriz é realmente Roma, alegando que a cidade ainda existe até os dias de hoje. Em resposta a esta questão, vale lembrar que a Roma de hoje pouco ou nada tem a ver com a Roma de antigamente. A História mostra que o império romano entrou em decadência e ruiu, enquanto que o cristianismo, que Roma tanto tentou destruir, cresceu e prosseguiu vivo e ativo a desafiar aquela cidade.

“Então um anjo forte levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para dentro do mar, dizendo: Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade …” (Ap. 18:21).

As Bodas do Cordeiro

A destruição de Roma não pode ser comparada a uma cidade cujos escombros podem ser removidos posteriormente. O texto refere-se antes, à uma cidade destruída para sempre. A fumaça que consome a cidade se eleva incessantemente, impedindo que aquele poder seja reconstruído. Com a completa destruição de Roma, descrita nos capítulos 17 e 18, ouve-se exultação e regozijo dos crentes. Eles cantam também porque acreditam que está próxima as “Bodas do Cordeiro”, quando Jesus se unirá definitivamente com sua Igreja. O tempo para essa união, porém, ainda não chegou. O Cordeiro tem ainda batalhas a travar contra Satã e seus aliados. Os crentes parecem desapontados por terem que esperar mais ainda. Um dos anjos contudo ameniza aquela situação ao dizer que o simples fato de ter sido convidado para as Bodas já é motivo de alegria. “Bem-aventurados os que são chamados à ceia das Bodas do Cordeiro”. Todos os remidos lá estarão, mas a hora ainda não é chegada.

A Vitória de Cristo sobre a Besta

Até este ponto do Apocalipse, Cristo tem sido apresentado como Leão, como Cordeiro e como Juiz. Agora, Ele é apresentado como o Guerreiro Vitorioso. Sua arma mais poderosa é uma espada aguda que sai de sua boca. Essa arma, é uma arma espiritual. Ela é a Palavra de Deus. É com ela que a batalha será ganha. O Guerreiro vencedor não está só. Ele vem seguido de um exército celestial, com cavaleiros montados em cavalos brancos e vestidos de linho branco puro, como o traje dos sacerdotes. A batalha dura pouco. A besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo e de enxofre.

Tem havido muita discussão sobre o significado desta batalha, que ocorre em um lugar chamado Armagedom. Muitos intérpretes da escola chamada futurista entendem que esta guerra é um evento físico. Eles acham que a besta será um anticristo pessoal, que surgirá nos últimos tempos e que terá de fato um exército de soldados por ele comandado até a Palestina para guerrear os judeus. Este anticristo governará a terra por algum tempo, sendo vencido pelo Senhor e seu exército, inaugurando-se então, um reinado de mil anos.

Há quem defenda porém, que para se interpretar corretamente o Apocalipse, é importante sempre partir do contexto histórico quando o livro foi escrito, seu objetivo e seu público alvo primário. Dentro desta linha, pode-se concluir que Armagedom não é exatamente um lugar com coordenadas geográficas e sim uma palavra simbólica que representa uma batalha decisiva. Retrata-se Cristo descendo do céu, mas não se trata de sua segunda vinda. A cena representa simbolicamente sua vinda para defender os cristãos perseguidos.

Conclusão

Cristo venceu este terrível conflito pelo poder de sua espada, “que procede de sua boca”, a saber, a palavra do Evangelho plantada no coração de todo aquele que O aceita como Salvador e Senhor. Essa Palavra tem o poder de transformar pessoas e sociedades formadas por elas. A Palavra de Deus encarnada em Cristo, o Verbo, resistiu à ira dos césares e trouxe vitória à causa do Senhor Jesus no mundo: vitória que se projeta até hoje e continuará vitoriosa para todo sempre.

lincoln@pibrj.org.br

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*