Autor: Autor Desconhecido
(REVELAÇÃO)
O Livro de Apocalipse baseia-se no discurso de Cristo sobre as coisas por vir e é dele uma explanação mais ampla, Mt 24; Mc 13; Lc 21. Está cheio de expressões empregadas por Jesus e tira muitas de suas figuras de Ezequiel e Daniel.
É um livro de símbolos e figuras, e constantemente causa assombro.
É um livro de guerras, mas a guerra sempre termina em paz. A palavra guerra ocorre nove vezes em Apocalipse, e apenas sete vezes em todo o restante do Novo Testamento.
É um livro de trovões e terremotos, mas eles desaparecem e são seguidos por liturgias e salmos.
É um livro de recompensas aos justos. Isso pode ser visto nas cartas às sete igrejas e nas vitórias dos justos em todos os conflitos e guerra do livro.
Portanto, é um livro de otimismo. Em toda a parte Deus vence Satanás, o cordeiro triunfa, a Babilônia perece, etc.
Há vários tipos de intérpretes, a saber:
1 – Os Preteristas, que pensam que o livro se cumpriu em seu sentido primário. Fazem com que todas as profecias e visões refiram-se à história dos judeus até a queda de Jerusalém e a Roma pagã.
2 – Os Futuristas, que interpretam o livro literalmente e acham que todos os eventos do livro acontecerão logo antes ou logo depois da segunda vinda de Cristo.
3 – A Escola Histórica ou Contínua, que acha que um pouco de tudo já foi cumprido, um pouco está sendo, e um pouco será cumprido no futuro.
4 – Os Espiritualistas, que rejeitam as outras três classes de intérpretes porque eles dão muita importância ao elemento tempo. Eles colocam ênfase sobre o elemento moral e espiritual do livro e vêem o livro como “uma representação mais de idéias do que de eventos”.
É difícil afirmar categoricamente que uma determinada interpretação é a certa.
Há, contudo, interpretações viáveis e outras não viáveis. É por isso, nosso dever de destacar as não viáveis. que pululam entre as seitas, e fixar-se nas viáveis.
O propósito do livro foi confortar os cristãos do primeiro século que sofriam violentas perseguições e de confortar os cristãos de todos os tempos. A visão do Cristo triunfante sobre as perseguições e a morte, reinando do céu, é uma garantia certa do triunfo de todos os crentes na terra e no céu. O livro inspira gratidão, confiança e esperança aos perseguidos de todas as épocas.
Existe praticamente unanimidade sobre a extensão do tempo quando os acontecimentos das visões deverão cumprir-se. É a extensão do tempo, também chamada dispensação, entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. Só não há unanimidade sobre os momentos em que exatamente acontecerão.
O melhor porém, é compreender a estrutura do livro como composta por sete seções paralelas. Cada seção representa todo o tempo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. As seções encaram esse período sob diversos enfoques. Assim as seções das trombetas, das taças da ira, da luta entre a mulher e o dragão, da prisão de Satanás no cap. 20, etc., correm paralelas e todas terminam com o juízo final. A extensão do tempo, expressa por diversas medidas: 42 meses, 1260 dias, um tempo, tempos e metade de tempo, é a mesma. Segundo Hendriksen, nas seções ainda ocorre um clima ascendente do ponto de vista escatológico. O juízo final é primeiro anunciado, depois introduzido e finalmente descrito. O novo céu e a nova terra são descritos mais plenamente na seção final do que nas seções precedentes.
Apocalipse é o livro escatológico da Bíblia por excelência. Tem a ênfase sobre as últimas coisas mais concentrada que os outros livros da Bíblia e serve ainda de consolo e conforto a todos nós, porque nos certifica da vitória final de Cristo e de sua Igreja.
Autor
Segundo tradição bem estabelecida, desde a época dos Pais Apostólicos, e no julgamento da grande maioria dos cristãos o apóstolo João, é reconhecido como o autor. Quatro vezes o escritor chama-se João (1.1, 4, 9; 22.8). Não se designa apóstolo, somente um “servo” de Cristo (1,1) e um “irmão e companheiro vosso na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus” (1,9). Os pais da igreja declaram que se trata do apóstolo João, que esteve exilado na ilha de Patmos, por ordem do imperador Domiciano.
O Apocalipse destinava-se, antes de tudo, às sete igrejas da Ásia (1.4, 10, 11; caps. 2 e 3). Sem dúvida, porém, destinava-se às outras igrejas vizinhas e a toda igreja de um modo geral.
Ocasião e data
Diz João que escreveu o livro por uma ordem direta do Senhor (1.10-13). Atrás da ordem do Senhor havia, logicamente, as necessidades das igrejas, em dias de perseguição. É possível que os “anjos” das igrejas sejam os ministros delas.
A data mais aceita é 95 ou 96. Domiciano reinou de 81 a 96. O livro pretende ser uma revelação dos propósitos redentores de Cristo (as coisas que devem acontecer) (1.1-3; 22.6,7). Por isso o propósito é declarado pelo Espírito Santo como “mostrar aos seus servos as cousas que em breve devem acontecer”(1.1). Não nos cabe determinar o momento em que tais coisas acontecerão.
Há também propósitos menores como a purificação, encorajamento e fortalecimento das sete igrejas e, por extensão, de toda a igreja.
Ressalta igualmente, a necessidade do povo de Deus ter firmeza e confiança no triunfo final de Cristo e sua igreja. As revelações de Apocalipse não se destinam a satisfazer curiosidades, mas têm um propósito salvador, ou seja, preparar e fortificar o povo de Deus.
Livros Sobre o Apocalipse
Uma coisa que impressiona a quem examina a vasta literatura existente sobre o livro de Apocalipse é o absoluto dogmatismo com que tantos autores expõem suas opiniões. Se tais escritores e também pregadores mostrassem um pouco mais de humildade ao estabelecerem relação entre suas opiniões e a Palavra de Deus, essas opiniões valeriam mais. Outra coisa que espanta é a habilidade que alguns têm de explicar passagens dando-lhe sentido exatamente contrário à significação que naturalmente parecem ter.
Pano de fundo histórico do Livro
Estas visões foram concedidas, e o Livro foi escrito, na fúnebre de mártires sendo queimados. A Igreja não tinha mais do que uns cinqüenta anos de vida. Tinha crescido enormemente. Tinha sofrido, e continuava a sofrer, enormes perseguições.
A primeira perseguição dos cristãos, promovida pelo Império Romano, levada a efeito uns vinte anos antes de ter sido escrito este Livro, foi de Nero, 64-67 D.C. Naquela perseguição, multidões de cristãos foram crucificados, ou lançados aos animais selvagens, ou ainda, envoltos em roupas altamente combustíveis e queimados vivos enquanto Nero dava gargalhadas ao ouvir os gritos lancinantes de homens e mulheres morrendo queimados. No decurso desta perseguição de Nero, Paulo e Pedro sofreram o martírio.
A segunda perseguição imperial foi instituída pelo imperador Domiciano, que sucedeu o imperador Tito. A princípio, seu reino foi benigno à fé cristã, mas no final do seu domínio desatou-se novamente a perseguição. A perseguição foi muita severa, mais de 40.000 cristãos foram torturados e mortos. Foi durante esta perseguição que João foi exilado na ilha de Patmos (1.9).
A terceira perseguição imperial, aquela de Trajano, estava para começar, 98 D.C. João tinha vivido no meio das duas primeiras perseguições, e estava preste a entrar na terceira tentativa do Império Romano, de aniquilar a fé cristã. Foram dias negros para a Igreja. E dias ainda mais negros estavam para raiar.
Parece que o propósito de Deus, ao dar estas revelações, era fortalecer a Igreja para os dias terríveis que o futuro reservava para ela.
O Livro de Apocalipse é com certeza um livro misterioso, por usar uma linguagem cheia de símbolos. Devemos entender o momento histórico em que ele foi escrito, para podermos entende-lo melhor. A linguagem cheia de símbolos utilizada pelo escritor era de fácil compreensão para os cristãos daquela época, eles conheciam os códigos, já para os gentios era impossível saber ao certo do que tratava o livro.
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