Autor: Ricardo Costa
Introdução
Gostaria de introduzir esse assunto dizendo que adoração é uma realidade voltada para Deus, é algo que o ser humano e toda a criação dedica a Ele. Quando adoramos, Deus é nossa única platéia e auditório. Por outro lado, essa adoração a Deus é expressa por cada geração especifica. É o que diz Davi no Salmo 145.4,
Uma geração contará a outra a grandiosidade dos teus feitos; eles anunciarão os teus atos poderosos.
Alguns seguimentos da igreja evangélica tentam resgatar mecanismos de adoração utilizados por gerações passadas como se fossem realidades absolutas para cada geração. Como, por exemplo, é o caso do órgão e mais recentemente o “shaffar” (instrumento musical utilizado pelos israelitas no Antigo testamento).
O que Davi deixa claro no Salmo citado acima é que somos chamados pelo Espírito Santo para adorar a Deus em meio a nossa própria geração, com nossas peculiaridades e características. Assim, gostaria de analisar algumas questões que podem nos ajudar nesse objetivo.
As marcas características de nossa geração
O que estarei compartilhando a partir de agora tem a ver, mais estritamente, com a geração ocidental e pós-moderna. Nem todas as questões levantadas aqui podem ser aplicadas indistintamente a qualquer povo ou a qualquer parte do mundo.
Nossa geração é uma geração indefinida. Ou seja, ela transita entre dois extremos em uma série de questões. Por exemplo: Ela é uma geração publica e privada. Uma geração que quer ter acesso ao que era para ser privado e quer que o que é publico seja ocultado. A geração “Big Brother”, onde todo mundo pode dar uma olhadinha. Mas, os nossos políticos não querem prestar contas de seu tempo e dinheiro, pois, apesar de serem homens públicos, acham que ninguém tem nada a ver com isso.Uma geração racionalista e supranaturalista. Ao mesmo tempo em que acha um absurdo se cogitar a respeito de um Deus pessoal e eterno por não verem prova de sua existência, lêem Harry Potter e Paulo Coelho, crêem em bruxas e gnomos.Uma geração pós-cristã e consumidora dos serviços religiosos. Ao mesmo tempo em que dizem não aos valores éticos e morais do reino de Deus lotam as reuniões de igrejas (evangélicas ou católicas) buscando o que Deus pode fazer para melhorar suas vidas.Uma geração amoral e moralista. Ao mesmo tempo em que querem exigir que tratemos com naturalidade algumas questões, como o homossexualismo, por exemplo, são hipocritamente moralistas, quando não tratam com dignidade e respeito os mesmos no dia a dia da vida.
Essa geração também é auto centralizada. Cada um vive em função de si mesmo. Isso se manifesta no materialismo, o importante é ter. No individualismo, o importante é ter para mim. E no hedonismo, o importante é ter para meu próprio prazer.
E é uma geração escravizada. Ela é escravizada ao superficial, não há busca de relacionamentos profundos e significativos. É escravizada ao convencional, só busca o que é de seu interesse. E é escravizada pela manipulação, seja ela conservadora, liberal ou neo-pentecostal, as pessoas acham mais fácil serem iludidas e conduzidas do que tomarem decisões morais conscientes, porque isso tira o peso da responsabilidade.
As implicações dessas características para a nossa adoração são muito amplas, mas apenas para mencionar algumas: a busca de Deus não é um fim em si mesmo, mas um subproduto do que posso lucrar com isso; as sensações experimentadas em um momento são mais importantes do que as ações éticas assumidas durante o restante da semana; se o culto, celebração ou encontro foi do meu agrado, então tivemos um tempo abençoado, caso contrário faltou unção. Entre outras coisas!
Alguns princípios bíblicos para nos auxiliar a adorar em nossa geração
Em João 4 vemos o encontro de Jesus com uma mulher samaritana. Desse encontro de Jesus podemos retirar alguns princípios bíblicos que nos auxiliarão a adorar a Deus em nossa própria geração:
Primeiro princípio: Precisamos ser achados pelo Pai e não apenas participarmos de programas. Adoração verdadeira tem a ver com encontro. Todos os homens e mulheres da Bíblia que foram verdadeiros adoradores foram pessoas que se encontraram com o Deus vivo e verdadeiro. Adoração não tem a ver com bons programas, mas em sermos encontrados por Deus. Jesus passou por Samaria para encontrar aquela mulher.
Segundo princípio: Precisamos ser impactados pela presença de Deus e não apenas nos sentirmos bem em e com nossas atividades. Todas as pessoas que experimentaram a presença de Deus, que foram encontradas pelo Senhor, foram transformadas. Hoje em dia se fala muito da presença de Deus entre nós, da glória do Senhor no nosso meio, mas o resultado visível na vida de homens e mulheres de Deus que são encontrados por ele na Bíblia é que suas vidas são quebrantadas e transformadas. A vida daquela mulher a beira do poço de Jacó foi profundamente impactada.
Terceiro princípio: Precisamos nos tornar seguidores de Jesus e não apenas eufóricos com e em nossos encontros. Precisamos conjugar nossas canções com nossa obediência. É muito comum hoje em dia cantarmos lindas declarações de amor, entrega e dependência para o Senhor em nossas reuniões públicas, mas depois de sairmos dali dirigir a nossa vida como desejamos e não como Jesus ordena. Aquela mulher saiu da presença de Jesus transformada e foi anunciar aos outros que havia encontrado o Cristo. Ela estava isolada, mas após se encontrar com Jesus foi conectar-se com sua geração.
Conclusão
Quando ao invés de nos concentrarmos em métodos nos concentrarmos nesses princípios bíblicos experimentaremos uma verdadeira adoração em nossa geração, onde haverá libertação, cura, restauração e salvação. Então estaremos proclamando a próxima geração que vale a pena adorar esse maravilhoso Deus.
Ricardo Costa é Pastor Sênior da Igreja Presbiteriana Betsaida, Mestre em Teologia e um dos mais queridos amigos da Igreja do Caminho.
Fonte: http://www.igrejadocaminho.com.br/artigos/default.asp?nr=303
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