Acontecimentos escatológicos

Autor: Ivan G.G. Ross
Leitura Bíblica: 1 Ts. 4:13 – 5:11

Introdução : Vamos relembrar alguns princípios importantes :

Cada doutrina deve ser fruto da fiel exposição de um dado texto. É possível obrigar a bíblia a falar segundo a nossa vontade pelo mero ajuntamento de versículos isolados.

Quanto à doutrina da Segunda Vinda de Cristo, Ele mesmo nos deu uma exposição completa e suficiente sobre o assunto em Mt. 24-25. Se acrescentarmos novas ou maiores elucidações, de necessidade estaremos questionando a veracidade do ensino de Cristo

Vamos guardar a seqüência ininterrupta dos quatro eventos principais que marcarão a consumação dos séculos, isto é, o fim do mundo como nós o conhecemos.

Uma única manifestação ou retorno de Jesus Cristo.

Uma única ressurreição geral.

Um único juízo geral.

Uma única distribuição de destinos.

A Bíblia costuma falar deste quatro eventos separadamente, por exemplo, a Segunda Vinda de Cristo (no sentido restrito), 1 Jo. 3:2 ; a ressurreição geral, At. 24:15; o juízo final, 2 Tm. 4:1; e, os destinos finais, Rm.2:6-8. Em cada alusão escatológica não há necessidade de repetir todos os eventos que acontecerão naquele dia. A nossa leitura é exemplo deste fato.

Apóstolo não quis dar uma exposição total da doutrina, apenas realçar os dois destaques relacionados à Segunda Vinda de Cristo. Contudo, os quatros eventos estão presentes : A manifestação de Cristo; a Ressurreição; Os destinos; e por inferência, o juízo Geral (1 Ts. 5:9), visto que ninguém entra ou no céu ou no inferno, sem passar primeiro pelo tribunal de Cristo, 2 Co. 5:10.

EXPOSIÇÃO DO TEXTO

Introdução: A primeira parte da leitura (1 Ts. 4:13-18) fala da total felicidade dos crentes no dia da manifestação de Jesus Cristo . A Segunda parte da Leitura (1 Ts. 5:1-11) fala da total infelicidade dos descrentes no dia da manifestação de Cristo.

Evidentemente, os tessalonicenses desenvolveram uma crença erronia a respeito do tempo da manifestação de Jesus Cristo. Acreditavam que seria dentro de poucos meses ou, pelo menos, antes da morte física de qualquer um dos crentes. Mas, para a desorientação e desespero da Igreja, alguns começaram a morrer antes da suposta iminente manifestação de Cristo. Podemos imaginar as exclamações de angústia : Agora, o que vai acontecer com os nossos irmãos queridos ? Certamente vão perder tudo porque não estão presentes para participar da manifestação de Cristo em sua glória.

O apóstolo Paulo escreve para reorientar e consolar os crente que perderam seus queridos; escreveu para que eles não sejam ignorante quanto ao estado dos crentes mortos. De todas as misérias desta vida, a ignorância espiritual talvez seja a pior. Os descrentes, aqueles que vivem as suas vidas sem tomar conhecimento de Deus, na hora da morte são lançados no mais profundo desespero . E os crentes que não alcançaram o devido conhecimento de Deus, na hora da morte são tomados a reavivar as antigas ignorância de pagãs, lamentando-se como aqueles que não tem esperança V. 13.

A base fundamental de Esperança Cristã, Vs. 13-14. A fé na morte substitutiva de Jesus Cristo e na ressurreição corpôrea ao terceiro dia é abase sólida para alcançar a certeza da salvação, Rm . 10:9-10. Salvação entende a nossa união indissolúvel com Jesus Cristo; uma união que nem a vida e nem a morte podem romper, Rm. 8:38-39.

A morte não tem e nem traz terrores para aqueles que estão em Cristo Jesus. Por que ? “A comunhão em glória, com Cristo, da qual os membros da Igreja invisível desfrutam imediatamente depois da morte, consiste em suas almas serem aperfeiçoadas em santidade e recebidas nos mais altos céus, onde contemplam a face de Deus em luz e glória, esperando a plena redenção de seus corpos, os quais, mesmo na morte, continuam unidos a Cristo, e descansam em suas sepulturas, como em seus leitos, até que no último dia, sejam unidos novamente às almas “Catecismo Maior, Resposta 86.

Assim, no dia de seu retorno, como diz o nosso texto, Cristo “trará juntamente em sua companhia os que dormem.” Naquele dia, mediante a ressurreição, estas almas serão novamente unidas aseus corpos ressurrectos. Portanto, a morte não prejudica a total felicidade dos salvos. “Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” V.18

Em seguida, o apóstolo faz questão de citar a fonte da sua orientação escatológica. Não foi mediante um nova revelação , foi a palavra do Senhor aquela mesma confiada aos discípulos em Mt. 24 e 25 . Para Deus, não há acepção entre seu povo . “De modo algum precedermos os que dormem”, ou seja, os que dormem não perdem nenhuma vantagem por causa da morte. “Consolai-vos, pois uns aos outros com estas palavras. ”

O Apóstolo agora passa a descrever a manifestação de Cristo em glória, a subsequente ressurreição dos mortos e o arrebatamento dos vivos.

Talvez seja bom lembrar como Cristo descreveu este evento momentoso. “Porque assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho de homem “Mt. 24:27. Este evento será acompanhado pelas milícias dos anjos, com grande clangor de trombeta e com poder e muita glória, Mt.24:31. O nosso texto cita três sons estrondosos: a) Cristo dará a sua “palavra de ordem”, convocando os mortos a sairem de seus túmulos; b) Em seguida, a voz do arcanjo dando ordem aos anjos a começarem sua obra de separação entre os ressurrectos. Mt. 25:31-32 ; c) finalmente, ressoada a trombeta de Deus é proclamada a chegada do grande dia do Senhor.

É fácil perceber que nesse instante o Apóstolo não se preocupa em apresentar todos os detalhes escatológicos . Ele não falou do que acontecerá com os ressurrectos que ficaram com Cristo nos ares; e também não mencionou nada acerca dos descrentes. A sua preocupação imediata é descrever a total felicidade dos salvos no dia da Segunda Vinda de Jesus Cristo. Assim, respondeu magistralmente a pergunta: O que acontece com os crentes que morrem antes da Segunda vinda de Cristo?

Na Segunda parte da nossa leitura, o Apóstolo preenche as lacunas que deixou na primeira parte do texto. Neste versículos, ele fala da total infelicidade dos ímpios, 1 Ts. 5:1-11. Observemos que o contexto é o mesmo, os eventos relacionados à manifestação de Cristo. Veja os três lembretes nsoVs. 1-3. A) A Igreja já tinha recebido uma boa orientação quanto aos tempos escatológicos, por isso, não houve necessidade de maiores esclarecimentos,V.1. b) A Igreja já estava integrada da precisão quanto à repentinidade do dia do Senhor. Seria como ladrão, sem qualquer aviso prévio, que entra para saquear a casa com grande alvoroço, V.2. c) A Igreja já estava instruída quanto ao procedimento do mundo secular. Seria caracterizado por pregações de “paz e segurança”, apanhando todos completamente despreparados. Naquele dia, por causa do juízo geral que acompanhará a manifestação de Cristo (2 Tm.4:1), ninguém escapará, os descrentes e desprevenidos experimentarão o peso da sentença máxima, a “penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor”V.3; 2 Ts. 1:7-9. Sim, sem dúvida alguma, haverá um juízo geral, quando cada um, crente e descrente, receberá “segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”2 Co. 5:10; Hb. 9:27

Por causa da apreensão que o juízo vindouro provoca, o Apóstolo encerra o assunto com duas palavras de orientação : a) Ele faz os crentes lembrarem-se da grande distinção que existe entre o crente e o descrente. Os crentes são prevenidos quanto a repentinidade da Segunda Vinda de Cristo, e jamais serão apanhado de surpresas como no caso dos descrentes. Os crentes são filho da luz, filhos do dia, jamais serão apanhado andando nas trevas como no caso dos descrentes . Os crentes vigiam a espiritualidade de suas vidas e andam com toda sobriedade; não são como os descrentes que estão dispostos a desperdiçar o tempo com embriagues e obras das trevas . Os crentes preocupam-se em vestir-se da couraça de fé e amor e tomar como capacete a esperança da salvação para que o dia do Senhor não os apanhe de surpresa; os descrentes não preocupam-se com tais valores espirituais e não percebem que “Horrível cousa é cair nas mão do Deus vivo” Hb. 10:31. b) Ele faz os crentes lembrarem-se dos únicos dois destinos na eternidade: o inferno, onde a ira de Deus arde interminavelmente; e o céu, onde as plenitudes da eterna salvação manifestam-se incansavelmente. E para consolar os crentes ainda mais, ele fala novamente da indissolubilidade da nossa união com Cristo, uma comunhão espiritual ratificada por decreto divino : “Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo.”

E com os nossos corações já aquecidos com as verdades relacionadas à gloriosa vinda de Cristo, o Apóstolo exorta novamente: “Consolai-vos reciprocamente, como também estais fazendo. ”

É bom falar fraternalmente sobre a nossa esperança escatológica . É bom deliberar sobre a Vinda de Cristo em glória, acompanhado pela milícia dos anjos e o grande clangor da trombeta. A ressurreição, a prova de que a morte não é o ponto final na experiência humana, enche o nosso coração de expectativas. A realidade do juiz geral, quando cada um receberá segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo, é muito solene. O encaminhamento de cada um para o seu respectivo lugar na eternidade é igualmente solene. Cristo disse que naquele dia os crentes ouvirão o convite “Vinde, benditos de meu Pai; entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” Mas qual será a palavra que os descrentes ouvirão ? Será aquela sentença temível: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”Mt.25:34,41.

Que Deus nos prepare de tal forma que este dia não nos apanhe de surpresa, antes, que estejamos prontos a dizer: “Vem, Senhor Jesus”Ap.22:20

Itajubá, 06 de abril de 2001

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