Autor: Josué Adam Lazier
Estamos em plena mobilização para o cumprimento da missão da Igreja e, como conseqüência natural disto, vivenciarmos um crescimento quantitativo expressivo. Vamos refletir na primeira parte deste estudo, tendo como desafio maior o testemunho do ardor missionário, sobre algumas ações ministeriais que são como imperativos para a liderança da igreja e para todos/as que desenvolvem dons e ministérios no Corpo de Cristo.
1. Cuidar da Evangelização
Evangelização é a razão de ser da Igreja. Sem o compromisso com o testemunho do Evangelho de Cristo, a Igreja se transforma meramente num clube. A Igreja Metodista declara que “a evangelização como parte da Missão, é encarnar o amor divino nas formas mais diversas da realidade para que Jesus Cristo seja confessado como Senhor, Salvador, Libertador e Reconciliador. A Evangelização sinaliza e comunica o amor de Deus na vida humana e na sociedade pela adoração, proclamação, testemunho e serviço”.[i] A Igreja Metodista tem como uma das suas principais marcas a paixão pela evangelização e pelo anúncio do Evangelho de Jesus a todas as pessoas (Cl 1.22-24). “No poder do Espírito Santo, por meio do testemunho e do serviço prestados pela Igreja ao mundo em nome de Deus, da maneira mais abrangente e persuasiva possíveis, os metodistas procuram anunciar a Cristo como Senhor e Salvador (I Co 9.16; Fp 1.12-14; At 7.55-58)” (PVMI).
Para o cumprimento desta vocação missionária, as igrejas locais são chamadas a sair de dentro das quatro paredes e testemunhar o ardor da missão. Lares podem abrir-se para receber outras famílias para a evangelização, ensino e pastoreio. Outros bairros podem ser contemplados no programa de visitação e evangelismo da Igreja. O imperativo é que haja abertura para sair em direção às pessoas que podem ser evangelizadas e também para acolher os que são alcançados pela Graça de Deus. Os cultos e demais atividades da igreja devem possibilitar o convite para que pessoas aceitem Jesus Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas.
2. Cuidar da Visitação
A visitação pastoral deve ser vista como um meio de graça. João Wesley recomendava a visitação aos pregadores leigos: “Não conheço atividade pastoral alguma de maior importância que essa. Sem dúvida, é um trabalho muito penoso e só posso depender de uns poucos, entre nós pregadores, que se comprometem a fazê-lo”. [ii]
A visitação é uma atividade que pode e deve ser desenvolvida pela Igreja por meio de seus membros, clérigos e leigos. Há ocasiões em que a visita pode ser realizada pelos membros leigos designados para tal ministério: circunstâncias felizes, como nascimentos, aniversários, formaturas e promoções no trabalho e na escola; circunstâncias críticas, como dor, enfermidade, acidente, desemprego; ausências prolongadas das atividades da igreja local e para evangelização, que é a ação ministerial por excelência do laicato. Mas há ocasiões em que a visitação deverá ser realizada pelos clérigos da igreja, tais como: consolação, aconselhamento, confirmação da fé e assessoramento para as diversas situações da vida.[iii]
São várias as razões apresentadas para que a visitação pastoral não aconteça, tais como: as pessoas não param em casa; o pastor e a pastora não têm tempo; os membros da igreja moram em lugares distantes; alguns membros da família não gostam de ser interrompidos em suas atividades domésticas, como assistir televisão; visitação pastoral é coisa do passado; eu não gosto de interromper o que os outros estão fazendo em casa; etc. Infelizmente estas desculpas são apresentadas, mas não deveriam, pois a visitação pastoral é a oportunidade que as ovelhas têm de conhecer o pastor e a pastora fora do ambiente da igreja, do culto, das reuniões e dos estudos bíblicos. Isto é importante para que haja um clima de comunhão mais pessoal e familiar entre pastor, pastora e ovelhas. Da mesma forma que Deus vai ao encontro do seu povo, o pastor e a pastora devem ir ao encontro de suas ovelhas, nos lugares onde vivem e onde evidenciam a fé a prática dos valores do Evangelho.
Assim, a visitação é uma forma de expressar o amor de Deus e levar a graça divina aos visitados, a fim de que recebam a manifestação da presença de Deus em suas vidas. A membresia da igreja deve ser envolvida neste ministério, sobretudo junto aos visitantes dos cultos e escola dominical e pessoas que se mostram interessadas em conhecer o Evangelho. No entanto, não há impedimentos para que a igreja desenvolva uma campanha de evangelização, através da qual pessoas serão evangelizadas e convidadas a participar da Igreja Metodista. Precisamos vencer a timidez em falar o que Cristo fez por nós e convidar as pessoas a participarem da família que amamos e que julgamos ser a melhor de todas, a família metodista. Por certo a Igreja Metodista não é a mais perfeita, mas com toda certeza também não é a mais imperfeita. Como amamos a Igreja que nos acolheu e tem nos ensinado a trilhar os caminhos do Senhor, queremos que as pessoas que evangelizamos façam o mesmo.
3. Cuidar da Recepção e do Acolhimento
É importante considerarmos a porta do templo como um espaço missionário, pois por ela passam as pessoas que procuram a igreja e que retornam aos seus lares. É na porta do templo que o pastor, a pastora e a liderança leiga encontram as ovelhas e aqueles e aquelas que vão ao culto, escola dominical, reuniões e atividades desenvolvidas no espaço físico da comunidade de fé. Neste encontro é oferecido o acolhimento, a saudação, o afeto e a expressão de solidariedade. Este aspecto precisa ser observado no início e no encerramento dos cultos e demais atividades da igreja, pois a receptividade é uma “porta aberta” para que as pessoas retornem e se integrem à igreja local.
A recepção de novos membros deve ser um momento festivo, pois pessoas alcançadas pela Graça de Deus afirmam sua fé em Jesus Cristo. O culto deve ser direcionado para este momento.
4. Cuidar da Integração dos novos membros
Um dos dilemas da igreja é a integração dos novos membros. Nossas estatísticas indicam isto, ou seja, recebemos novos membros e os perdemos. Alguns culpam a Igreja Metodista e sua forma de ser. Mas isto é uma desculpa e não uma justificativa plausível, pois o movimento metodista é um dos que mais crescem no mundo hoje. Penso que o problema está em nós mesmos, que deixamos de acolher, acompanhar e oferecer apoio aos novos membros. Alguns pensam que os novos membros se tornarão cristãos maduros automaticamente, e assim fazem muito pouco por eles, deixando de cumprir com a ordem de Jesus, de fazer discípulos, batizar e ensinar. “A meta da evangelização é fazer discípulos. A meta da integração é desenvolver discípulos”.[iv]
Embora não de forma explícita, a igreja primitiva desenvolvia a integração dos novos membros. Para o batismo e a oração do Pai Nosso, o novo convertido passava por um período de acompanhamento e ensino. Este acompanhamento era feito pelos apóstolos e pelas demais lideranças das igrejas, na época do Novo Testamento. Não podemos precisar o tempo que era dedicado à integração dos novos membros, mas o certo é que havia orientação e apoio a fim de que os novos discípulos de Jesus Cristo vivessem o discipulado. Podemos destacar, também, que o batismo envolvia a comunidade na preparação e na recepção dos novos convertidos, conforme nos relata um importante documento sobre a Igreja Primitiva.[v]
Nos dias de hoje, isto é fundamental. A igreja precisa estar aberta para receber os novos convertidos que, por causa deste fato, não terão os mesmos costumes e linguagem dos crentes mais antigos. Um dia isto acontecerá, mas para tanto será necessário que os mais maduros amparem os mais novos. A igreja que desenvolver um programa de integração conservará seus frutos. Como pode ser feita a integração? Por meio da evangelização e acompanhamento pessoais; por meio de um grupo de crescimento, preparação para o batismo e recepção como membro da igreja; por meio de um grupo familiar e de discipulado; por meio de contatos telefônicos e cartas; por meio da atenção dispensada aos novos convertidos durantes os cultos e reuniões que acontecem no templo; por meio da visitação e do contato ao longo da semana; por meio do envolvimento nos ministérios da igreja e outras atividades, tais como contatos com os novos convertidos nas primeiras horas após a experiência pessoal, visitação por parte do pastor ou da pastora, etc.
O discipulado também é importante para a integração dos novos membros porque oferece condições para os membros da igreja desenvolverem-se na vida crista. A ênfase dada aos grupos de discipulado deve ser a comunhão (koinonia) e o serviço (diakonia) entre os participantes e para atender aos desafios que a missão apresenta à igreja.
No processo de integração é fundamental que os novos membros sejam envolvidos nos diversos Dons e Ministérios, pois se trata da Igreja em missão através dos mesmos. Com dons e ministérios estamos afirmando que todos na igreja são vocacionados para a salvação, para a santidade bíblica, para o testemunho do ardor missionário, para a vivência do discipulado como um estilo de vida, para o serviço cristão e o exercício de funções no Corpo de Cristo. Assim, uma igreja em crescimento é uma comunidade de servos e servas do Senhor, que se dedicam às tarefas, funções e ministérios na igreja local. É imperativo, para o crescimento da Igreja, que os novos membros sejam integrados nas diversas áreas de ação da igreja local.
Conclusão
Oferecemos nesta reflexão quatro ações ministeriais para uma igreja em crescimento. Todos os membros são responsáveis pelos mesmos, especialmente pastores, pastoras e liderança leiga. Muitas vezes perdemos pessoas do nosso convívio porque não damos a devida atenção a elas. Outras vezes tiramos nomes do rol de membros sem o cuidado necessário com as pessoas envolvidas ou sem a preocupação de que outros membros sejam arrolados. Esperamos que sob o impacto da presença da Graça e do Espírito Santo de Deus levantemos nossos olhos e contemplemos a seara que está pronta para a colheita e que há muito terreno onde podemos lançar as sementes do Evangelho e da Nova Vida em Cristo Jesus.
No próximo estudo refletiremos sobre outras ações ministeriais que podem nos ajudar a evidenciarmos um crescimento de acordo com a potencialidade que Deus nos tem dado.
—————————————————————————————————————————————-
[i] IGREJA METODISTA, Plano Nacional – Objetivos e Metas, São Paulo, Editora Cedro, 2002, pg. 11.
[ii] BARBOSA, José Carlos, Adoro a Sabedoria de Deus – itinerário de John Wesley, o Cavaleiro do Senhor, Piracicaba, Editora Unimep, 2002, pg. 30.
[iii] IGLESIA METODISTA DA ARGENTINA, El Ministério de la Visitacion, Buenos Aires, 1980.
[iv] BLACKMON, D.L., Integração total dos Novos Convertidos, São Paulo, Edições Vida Nova, 1987, pg. 8.
[v] SALVADOR, José Gonçalves, O Didaquê – ou “O Ensino do Senhor através dos doze apóstolos”, São Paulo, Imprensa Metodista, 1980, pg. 75.
Faça um comentário