Autor: Vanderlei Miranda
Alguns acreditam que sim.
Quando lemos a Bíblia descobrimos que a voz do povo, da multidão, sempre soou meio hipócrita aos ouvidos de Jesus, para não dizer totalmente.
Temos uma tendência maligna a apontar os erros e defeitos dos outros sem nos atermos ao fato de que somos tão, ou mais defeituosos.
Vejamos por exemplo a experiência da mulher flagrada em adultério (João 8: 1a11), as pessoas trouxeram-na à presença de Jesus para que Ele a sentenciasse ao apedrejamento, pois assim mandava a lei, o que não esperavam era que Jesus fosse lhes pedir para que eles mesmos executassem a sentença, neste momento ficou patente a hipocrisia, o quesito para jogar a primeira pedra era o de que o atirador não poderia ter pecado, e no caso em questão, pecado de adultério.
Jesus os colocou numa verdadeira “saia-justa””, eles que vieram para tentar de alguma maneira fazer com que o Mestre entrasse em contradição, passaram a ser eles a contradição.
Quando todos se retiraram, por não poderem cumprir a ordem, Jesus perguntou à mulher: “Onde estão os teus acusadores?”
Ao que a mulher respondeu: “Ninguém me acusou.” A partir daquele momento começou o processo de transformação daquela mulher, pois Jesus disse: “Nem Eu também te condeno, vai-te e não peques mais.”
Tudo o que precisamos é ouvir uma voz que traga com ela a possibilidade do perdão, do consolo, do conserto, não da acusação.
Muitas vezes temos à nossa volta uma multidão de condenadores, pessoas que não têm a mínima condição de nos julgar, mas pelo prazer de nos ver sofrer humilhações, nos expõem ao ridículo, sem nenhuma misericórdia nos detonam.
São os verdadeiros “macacos se assentando sobre o próprio rabo”.
Quando Jesus entrou na cidade de Jericó (Lucas 19: 1a10), estava ali um homem cujo nome era Zaqueu, este havia determinado em seu coração ver Jesus, porem a “multidão” o impedia, e contra ele pesava o fato de ser de pequena estatura. Sem titubear subiu em uma árvore para ver Jesus. Qual não foi a sua surpresa ao perceber que Jesus o viu primeiro, e chamando-o pelo nome disse: “Zaqueu, desce depressa porque hoje me convém pousar em tua casa.”
Mais uma vez a hipócrita multidão se levanta e diz: “Entrara para ser hóspede de um pecador”.
Meu Deus é duro agüentar a multidão. Porem o pior é quando esta multidão está dentro da própria igreja, são os travestidos de crentes, que vivem uma vida de aparências, colocando o dedo no nariz dos outros, quando deveriam aponta-lo para os seus próprios.
São, às vezes, pregadores que espumam o canto da boca pregando contra os adúlteros, quando eles mesmos estão em adultério. Abrem suas metralhadoras verbais contra os que estão roubando, e eles roubando mais ainda.
Outras vezes são grupos que se auto-denominam santos, e olhando para a aparência exterior até nos convencemos de que são de fato santos, para mais tarde descobrir que são o que o Apóstolo Paulo chamou de: “sepulcros caiados”, por fora tudo bonito, bem maquiado, como jazigos em dia de finados, mas por dentro só morte, podridão pura.
Julgam a tudo e a todos, mas estão “acima de qualquer suspeita”. Sem nenhum escrúpulo se utilizam da Casa de Deus para fazer os seus teatros, usando uma verborragia carregada de emoção, até choram para impressionar e passar uma idéia de verdadeiros, mas estão apenas se divertindo com os sentimentos dos outros. São especialistas na manipulação e exploração das fragilidades emocionais.
O comércio tomou conta de suas reuniões, são o que Jesus chamou de “vendilhões do templo”.
Em alguns eventos parece que estamos em um verdadeiro mercado persa, onde se vende de tudo, inclusive, indulgências financeiras. Bênçãos são leiloadas começando por quem pode “dar mais”. Normalmente se começa com dez mil reais, baixando em seguida para cinco mil, dois mil, um mil, até chegar a uma quantia mínima que, normalmente é de cinqüenta reais.
Tenho dó daqueles que possuem só um vale-transporte, ou um vale-refeição e que estão desesperados para ver se sobra “uma migalha” para eles, mas infelizmente foram excluídos pelo poder aquisitivo, pois até as bênçãos agora estão sujeitas ao quanto você “pode dar”, desde que não seja menos de cinqüenta reais, afinal, não há tempo a perder contando notas de um real.
Vivemos um tempo difícil na vida da Igreja. Os manipuladores estão prendendo as vidas das pessoas de boa fé com os laços invisíveis de ameaças e coações, tipo: ””Se você sair daqui (dessa igreja) será amaldiçoado, porque só aqui é que Deus pode fazer alguma coisa em seu favor.” Isso é uma grande mentira.. Querem segurar pelo terrorismo.
Esta semana vi um jovem na tv oferecendo uma rosa a quem fosse participar de uma determinada reunião em sua igreja, até ai tudo bem, afinal dar uma flor a alguém é sinônimo de cortesia, educação e cavalheirismo, não fosse a heresia deste jovem ao dizer que, aquela rosa era o próprio Senhor Jesus que seria levado para sua casa.
O triste é que o jovem disse que na medida em aquela rosa, que representava Jesus, fosse secando, seus problemas também secariam. Se de fato a rosa é Jesus, o que dizer agora, Jesus secou, é isso mesmo, Jesus secou.
Quanta falta de argumento verdadeiro e sustentável.
Para piorar ainda mais, uma amiga que passava pela porta da referida igreja foi abordada por uma moça que gentilmente lhe ofereceu uma flor, colocando-a em sua mão, e após, convidou-a para participar da reunião que acontecia naquele momento, o que não foi aceito pelo fato de a amiga estar indo para um compromisso. Qual não foi a surpresa diante da negativa, a moça sem nenhum pudor tomou de volta a flor, ou seja, aquilo era apenas uma “isca”, que se não fosse mordida não seria levada.
Cuidado com os apelos televisivos, fuja das propostas de barganha, fique atento para não ser arrastado e engolido pela multidão. “Sem Jesus, não dá pra ser feliz”
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