Autor: John Hendryx
Você pode ficar surpreso ao descobrir que este assunto é muito mais simples do que muitas pessoas tendem a torná-lo. A verdade é que pode ser facilmente provado a todos os cristãos que o homem caído não tem livre-arbítrio, como a Bíblia o define. Pergunte a muitos evangélicos, entretanto, se o homem tem um livre-arbítrio, e muitos responderão “sim, é claro!”. Aqui estão duas questões simples que removerão estas falsas pressuposições e provarão, de uma vez por toda, que o homem natural não tem livre-arbítrio:
• Você acredita que o Espírito Santo desempenha algum papel quando o pecador é levado à fé em Cristo? (Todos os verdadeiros evangélicos responderão “sim”);
• Você acredita que, sem qualquer obra do Espírito Santo, o pecador virá a Cristo, isto é, tem o desejo e a habilidade naturais para vir a Cristo? (Todos os verdadeiros evangélicos responderão “não”).
Assim você desarmou, com duas questões simples, qualquer argumento contra o livre-arbítrio autônomo do homem. Aqui está a prova simples de que todos os cristãos, sem exceção, crêem que nenhum homem se encontra NATURALMENTE desejoso de se submeter aos humilhantes termos do Evangelho de Cristo, fora da obra do Espírito Santo. O homem natural, sem o Espírito Santo, não tem livre-arbítrio porque, necessariamente, devido à sua natureza caída, ele nunca se submeteria naturalmente aos humilhantes termos do Evangelho. A Escritura descreve os homens como escravos do pecado, levados cativos por Satanás a fazer sua vontade (2 Tm 2.25), até que o Filho os liberte (João 8.36). Porque o Filho precisaria libertá-los se eles fossem livres, isto é, não fossem escravos do pecado? Quando nós falamos do homem não ter livre-arbítrio, não estamos dizendo que a vontade do homem não é auto-determinada, porque ela é. Não é apenas por causa de uma coerção externa que a vontade não é livre, porque ela não é mesmo. Nós não acreditamos nisso. Pelo contrário, a Escritura simplesmente diz que a vontade é má por uma corrupção de sua natureza, mas somente se torna boa pela graça do Espírito Santo. Não é devido a uma força natural que cremos. Não podemos, em nosso estado não-regenerado, converter-nos sozinhos. Com todos os nossos esforços, fora do Espírito Santo, não podemos conseguir isto, porque Jesus diz que “sem MIM nada podeis fazer”. A Escritura claramente testifica que “ninguém pode dizer que Jesus é o SENHOR, senão pelo Espírito Santo” (1 Coríntios 12.3) e que o homem natural não entende as coisas do Espírito porque elas são espiritualmente discernidas. Elas parecem loucura a ele (1 Co 2.14), e ele age somente como ele está debaixo, de acordo com a medida da graça que recebeu.
As pessoas geralmente tendem a confundir coerção com necessidade. Recentemente, ouvi uma entrevista com Ron Rhodes numa rádio local, e ele dizia que Deus não nos criou como robôs… e isto é correto. Então ele disse que Deus nos deu livre-escolha (entre o bem e o mal) – o que é correto quando aplicado a Adão. Mas ele comete um erro fatal quando diz que nossa vontade é tão livre quanto a vontade de Adão, o que não faz sentido. Nossa vontade é corrompida e escrava até que Cristo nos liberte. O que Rhodes queria dizer, acredito, é que nós não somos robôs, e isto é verdade, mas não é assim que a Escritura define uma vontade que não é livre. Portanto, é errado ensinar que o homem tem um livre-arbítrio. Isto destrói todo o Evangelho que pregamos.
A definição bíblia de “livre-arbítrio” é o poder escolher livremente (auto-determinar) o que nós mais preferimos ou desejamos de acordo com nossa natureza, afeição e predisposição. O homem natural ou não-regenerado, que por natureza é hostil a Deus, ama o pecado e portanto, se não for pela graça da regeneração, não buscará a Deus nos termos de Deus (1 Co 2.14, Rm 8.7). Ele invariavelmente usará seu “livre-arbítrio” para fugir e suprimir a verdade de Deus (Rm 1.18). Os regenerados (aqueles que o Espírito transformou), por outro lado, garantiram um senso ou disposição renovados, que tem um novo entendimento, desejos e afeições santas por Deus. Assim, nossa hostilidade natural a Deus (João 3.19,20) é desarmada e então livremente exercemos nossa vontade de crer em Jesus, que agora tem a suprema afeição sobre todos os outros ídolos. A Escritura dá claro testemunho sobre isto:
“O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido.” (João 6.63-65) [nota: a frase “vir a mim” é um sinônimo para “fé” ou “crer”].
“Por seus frutos os conhecereis. Porventura se colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons” (Mateus 7.16-18) [nota: uma pessoa produz fruto de acordo com sua natureza].
“Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.” (Mateus 12.33-35).
“Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” (Jeremias 13.23).
“Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem” (João 10.26-27).
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós.” (João 8.34-37).
Em outras palavras, um rio não corre em direção à sua fonte.
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Tradução: Josaías Cardoso Ribeiro Jr.
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