A sensibilidade de um Deus que chora

Autor: Elvis Kleiber
Diariamente somos expostos a notícias e a reportagens que nos emocionam e nos deixam acostumados com o sofrimento e as atrocidades que o homem é capaz de causar. A capacidade de sofrer a dor alheia é fruto da mente que ainda não se tornou insensível e indiferente ao verdadeiro sentido da expressão: ?Imagem e semelhança de Deus?. Sinto que precisamos ?passar mal?; pela ausência de lágrimas em nossos olhos, sempre que nos depararmos com circunstâncias que evidenciam a degeneração do ser humano. A guerra, os atentados, a fome e os explorados são parte de um cenário que já foi incorporado ao nosso mundo, dito civilizado. Onde estão nossas lágrimas? Cadê a compaixão que tanto pregamos e citamos dos ensinos de Jesus?

Esta semana passei nas proximidades da Praça da Sé e senti que precisava ter chorado. Vi uma criança dormindo em pleno passeio, enquanto do outro lado mulheres que ainda não descobriram que suas vidas possuem um preço muito mais alto do que o que cobram por um programa. Havia ali também dependentes químicos, mendigos, crianças vendendo ?queimado? etc. As lágrimas que me faltaram inspiraram-me para esta reflexão. Graças à compaixão de Deus tocando no coração de muitos, naquele lugar há alguns projetos que têm sido construídos com lágrimas. Obra Santa, Tenda dos Milagres e Instituto Betel são algumas das iniciativas que nos dão a certeza de que, engajados naquela luta, poderemos nos deixar tocar pelo Espírito Santo e nos tornarmos sensíveis à dor alheia.

Sempre quando vejo alguém chorar, penso que o choro também manifesta uma capacidade do caráter de Deus. O menor versículo da Bíblia diz: ?Jesus chorou? (Jo. 11:35), expressando toda a sua dor pela morte do amigo Lázaro. Saber que Jesus chorou é poder acreditar na sensibilidade de um Deus que, mesmo sendo santo, consegue se compadecer e chorar por nós pecadores. É este sentimento revelado para com a humanidade que precisa ser renovado diariamente em cada um de nós. Precisamos chorar! Precisamos sentir! Precisamos orar! Precisamos agir. Quando o rei Davi teve que escolher qual o castigo que Deus lhe daria, ele tinha três opções. Sete anos de fome sobre a terra; durante três meses ser perseguido por seus inimigos ou que por três dias houvesse uma peste na terra pela mão de Deus (II Sm. 24:13). Sua resposta foi: ?Caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias; mas, nas mãos dos homens, não caia eu (II Sm. 24:14). Esta escolha nos ensina que até no castigo de Deus experimentamos sua compaixão. Que ele nos faça chorar!

elviskleiber@ig.com.br

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