A Igreja Local, Responsável Pela Missão

Autor: Erwin Kräutler
“Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; pelo contrário, é uma necessidade
que me foi imposta, Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho”
(1Cor 9,16)

Introdução

O que se entende por “missão”? O que é “missão”? Muitos livros foram escritos neste século e nos passados sobre este tema. Mas existe um minúsculo tratado de um bispo do Nordeste brasileiro cujo “ímpeto evangelizador” ultrapassou as fronteiras da América. Ele levou a Boa Nova e deu de nossa pobreza (cf. DP 368) a todos os continentes. Conhecido e venerado igualmente nos dois hemisférios, partiu para a pátria definitiva às 22:30 horas do dia 27 de agosto deste ano: Dom Helder Câmara:

“Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu.
É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fôssemos o centro do mundo e da vida.
É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos: a humanidade é maior.
Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros.
É sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los.
E, se para encontrá-los e amá-los é preciso atravessar os mares e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo.”

O Decreto Conciliar “Ad Gentes” afirma: “A Igreja peregrina é por natureza missionária. Pois ela se origina da missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo o desígnio de Deus Pai” (AG 2). “Ad Gentes” relaciona a missionariedade da Igreja à sua catolicidade. Em outras palavras: a Igreja deixa de ser católica se não for missionária. “Enviada por Deus a todos os povos para ser sacramento universal de salvação, por exigência íntima de sua catolicidade e obedecendo ao mandato do seu Fundador (cf. Mc 16,16), esforça-se por anunciar o Evangelho a todos os povos” (AG1).

O caminho da Igreja missionária

A história de nossa Igreja, desde seus primórdios, é a história de sua missionariedade. Não há poder neste mundo que possa frear seu ímpeto de levar a Boa Nova até os confins do mundo.

Tudo começou “ao raiar do primeiro dia da semana” (Mt. 28,1), quando “Maria Madalena e a outra Maria” foram ao túmulo. As mulheres receberam a notícia alvissareira de que o Corpo de Jesus não se encontrava mais na “tumba talhada na rocha” (Lc 23,52): “Ele não está aqui, pois ressuscitou!” (Mt 28,6) E “elas, partindo depressa (…) Correram a anunciá-lo aos seus discípulos” (Mt 28,8). São Marcos nos conta que Maria Madalena “foi anunciá-lo àqueles que tinham estado em companhia dele e que estavam aflitos e choravam (Mc 16,10). Pelo Sim de uma mulher, Maria, Deus inicia sua maravilhosa obra salvífica, enviando o seu Filho. Foi também através de uma mulher, de outra Maria, que se inicia o anúncio pascal que atravessará os séculos. “É verdade! O Senhor ressuscitou!” (Lc 24,34) tornar-se-á o “querigma apostólico” até os nossos dias. O primeiro anúncio “Ressuscitou” coube às mulheres (Lc 24,1-10).

No dia da ascensão, Jesus, ao despedir-se de seus apóstolos, dá-lhes um último recado: “O Espírito Santo descerá sobre vós e dele recebereis força. Sereis, então, minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judea e Samaria, e até os confins da terra” (At 1,8).

Cinqüenta dias depois da Páscoa cumpre-se a promessa do Senhor. Até então os discípulos se reuniram, “estando fechadas as portas (…) por medo dos judeus” (Jo 20,19; cf. Jo 20,26). Pentecostes escancarou as portas para o mundo inteiro. O medo passou, dissiparam-se as dúvidas, cessou a angústia. A primeira comunidade cristã deixou de reunir-se às escondidas. Pedro, na noite da condenação de Jesus, negou três vezes conhecer o Senhor e chegou até “a maldizer e a jurar” que não tinha nada a ver com o Mestre: “Não conheço esse homem de quem falais!” (Mc 14,66-72). Este mesmo Pedro se dirige agora a seus compatriotas e exclama: “Homens de Israel! (…) Jesus, o Nazareu (…), vós o matastes, crucificando-o pela mão dos ímpios. Mas Deus o ressuscitou!” (At 2,22-23). Homens e mulheres “de todas as nações que há debaixo do céu” (At 2,5), ouvindo as palavras vigorosas de Pedro “Saiba, portanto, toda a casa de Israel, com certeza: Deus constituiu Senhor a Cristo, a esse Jesus que vós crucificastes” (At 2,36), sentiram o coração traspassado” (At 2,37). Entenderam a pregação do “galileu” como se falasse em seu próprio idioma. O anúncio destemido e o testemunho convincente de Pedro no Dia de Pentecostes surtiu efeito: “Naquele dia foram agregadas mais ou menos três mil pessoas” (At 2,41). O Espírito Santo fez nascer a Igreja!

***

Os galileus não deixaram mais de anunciar a Boa Nova e seu testemunho convenceu o povo: “Aderiram ao Senhor fiéis em número cada vez maior.” (At 5,14) Mas, dar testemunho tem seu preço. Nos Atos dos Apóstolos lemos como Pedro e João foram advertidos pelas autoridades religiosas e políticas de Jerusalém. “Ordenaram-lhes que, de modo algum, falassem ou ensinassem em nome de Jesus” (At 4,16). Os dois apóstolos, “simples e sem instrução” (At 4,13), não se deixaram intimidar e responderam: “Julgai vós mesmos, se é justo diante de Deus que obedeçamos a vós e não a Deus! Quanto a nós, não podemos calar sobre o que vimos e ouvimos! (At 4,19-20). Ressoaram em seu coração as palavras do Mestre aos fariseus que, na entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, ficaram furiosos diante da aclamação do povo: Se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19,40). Mais tarde Pedro e os outros apóstolos são lançados na cadeia pública, Tiago é decapitado (At 5,18; 12,2). O sangue derramado de Estêvão que “viu os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus” (At 7,56) é a semente da conversão de Saulo. Paulo, o apóstolo das gentes, nunca mais se desviou do “Caminho” (At 9,2), aceitou todo tipo de sofrimento por causa do nome do Senhor (cf. At 9,16; 2Cor 11,23-28), pois “anunciar o Evangelho” tornou-se a paixão de sua vida. Bastava-lhe a graça divina. (cf. 2Cor 12,9)

Filipe vai a Samaria anunciar “a palavra da Boa Nova” (At 8,4). Samaria é a primeira região “além fronteiras”. Pedro vai a Cesaréia e entra na casa de um centurião da corte itálica (At 10,1) e se dá conta de que “Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça, lhe é agradável” (At 10,34-35). Nasce a missão “ad gentes”! Depois do Concílio de Jerusalém, “cheios de coragem”, Paulo e Barnabé declaram: “Nós nos voltamos para os gentios” (At 13,46). Inicia-se a grande epopéia da evangelização que não parou até os dias de hoje: Icônio, Antioquia, Licaônia! Paulo passa por Trôade, onde teve uma visão: “um macedônio, de pé, dirigia-lhe este pedido: ‘Vem à Macedônia, socorre-nos!’” (At 16,9). Na Macedônia, o Evangelho chega à Europa. Foi em Filipos que Deus “abriu o coração” de Lídia, “para que ela atendesse ao que Paulo dizia” (At 16,14). Foi em torno desta mulher que surgiu a primeira comunidade cristã européia. Paulo vai a Tessalônica e explica que era preciso que Cristo sofresse e depois ressurgisse dentre os mortos. E Cristo (…) é este Jesus que eu vos anuncio” (At 17,3). Uma multidão de “adoradores de Deus e gregos, bem como não poucas mulheres” (At 17,4) se deixam convencer. Paulo está; no areópago de Atenas e prega “O que adorais sem conhecer, isto venho eu anunciar-vos” (At 17,23). Depois funda a igreja de Corinto. “Cada sábado, ele discorria na sinagoga, esforçando-se por persuadir a judeus e gregos” (At 18,4). Mais tarde encontra-se em Éfeso e fala “com intrepidez, expondo e tentando persuadir sobre o Reino de Deus.” (At 19,8) É a “parresia”, a “intrepidez”, a “coragem”, a “firmeza”, o “destemor”, a “audácia” que caracteriza todo anúncio dos primórdios da Igreja. O último versículo do último capítulo (At 28,31) do segundo livro de Lucas se refere à “parresia”, como se o autor sagrado nos quisesse dar a chave para o verdadeiro entendimento dos Atos dos Apóstolos.

O outrora perseguidor da Igreja é perseguido, é ameaçado de morte, é processado. Apela para César. “Caesarem appellasti? Ad Caesarem ibis” (At 25,12) retruca o procurador Festo. E via Malta, Siracusa, Régio, Pozzuoli, Paulo chega a Roma.

América: Quinhentos anos de Evangelho

O Espírito de Deus suscitou em todos os séculos missionárias e missionários, cristãs e cristãos apaixonados, que consagraram sua vida à causa do Evangelho, percorreram terras, atravessaram mares, na busca incansável da grande meta: que “toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Fl 2,11).

Quantos missionários e missionárias tornaram-se “mártires” no mais estrito sentido da palavra: anunciaram e testemunharam sua fé até o ato extremo de derramar seu próprio sangue.

Jesus falou a língua aramáica. O letreiro, fixado na cruz, já estava escrito em outros idiomas: hebráico, latim e grego (cf. Jo 19,20). O Novo Testamento não está mais redigido na língua da Terra Santa, mas sim em grego. São Jerônimo traduz o original para o latim. Mas o “Limes Romanus” também não foi limite ou fronteira para o Evangelho.

Começa outra época. Os “bárbaros” são evangelizados. Os irmãos Cirilo e Metódio, naturais de Tessalônica, vão aos povos eslavos. Patrício evangeliza a Irlanda. Como escravo aprendeu a língua dos habitantes da “ilha verde”. Irlanda não guarda o tesouro encontrado, a pérola preciosa, para si mesma, mas irradia o seu verdor, enviando missionários ao continente de onde antes recebeu a Boa Nova.

O Evangelho continuou a percorrer o mundo. No final do século XV abrem-se novos horizontes. A Europa descobre que entre Lisboa e a “terra do sol nascente” existe outro continente. As naus e caravelas que singravam o “mar tenebroso”, no intúito de alcançar as Índias orientais por um caminho mais curto, acabaram de ancorar diante de um “Novo Mundo”.

Quando a 12 de outubro de 1492, às duas da madrugada de uma esplêndida noite de luar, Rodrigo de Triana, marinheiro das caravelas que “Pinta”, gritou a plenos pulmões diante da ilha Guaraní; “Tierra, tierra!”, junto com todos os pecados dos conquistadores, suas perversidades e ambições inescrupulosas de ganhar terras e ouro e escravizar povos inteiros, encontrava-se a bordo um livro que conta a história de um Deus que é “rico em misericórdia” (Ef 2,4) e “quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tim 2,4).

No caso do Brasil a data histórica é o dia 22 de abril de 1500, quarta-feira da Oitava da Páscoa. Pedro Álvarez Cabral avista o Monte Pascoal. Na nau que trouxe os Portugueses, encontraram-se oito Franciscanos e dois sacerdotes seculares. Em 26 de abril de 1500 Frei Henrique de Soares Coimbra celebra a Primeira Missa e faz uma homilia “sobre o Evangelho”. Inicia-se a obra evangelizadora na Terra da Santa Cruz”.

Foram as ordens e congregações religiosas que, desde 1492, se encarregaram de cumprir o mandato do Senhor “Ide, e fazei que todas as nações se tornem discípulos” (Mt 28,19). Os relatos e cartas dos primeiros missionários são comoventes. Parecem ser a continuação das Epístolas de São Paulo. Os sofrimentos dos pioneiros da Evangelização no continente americano não foram menos intensos que as tribulações do Apóstolo das Gentes: “Somos atribulados por todos os lados, mas não esmagados; postos em extrema dificuldade, mas não vencidos pelos impasses” escrevia Paulo aos Corintios (2Cor 4,8). José de Anchieta escreve a seu Prepósito-Geral Diego Láyñez: “Quase sem cessar andamos visitando várias povoações (…) sem fazer caso das almas, chuvas ou grandes enchentes de rios, e muitas vezes de noite por bosques mui escuros, (…) não sem grande trabalho, assim pela aspereza dos caminhos, como pela incomodidade do tempo. (…) Muitas vezes estamos mal dispostos e, fatigados de dores, desfalecemos no caminho. (…). Mas nada é árduo aos que têm por fim somente a honra de Deus e a salvação das almas, pelas quais não duvidarão dar a vida.”

Passagens semelhantes encontramos na história de missionários pioneiros de todas as ordens que aportaram aqui no intúito de continuar a missão dos primeiros discípulos de Jesus. É óbvio que eram filhos de seu tempo. Se analisarmos o seu empenho do alto das cátedras do final do século XX, sem dúvida descortinamos nos missionários de então erros muito graves. É uma realidade histórica que culturas milenares desapareceram. Os missionários vieram ao “Novo Mundo” (“novo” do ponto de vista europeu) com categorias e critérios ocidentais e implantaram uma Igreja de rosto europeu, com a roupagem do velho continente. O termo “Inculturação do Evangelho” não constava do vocabulário eclesiástico daquela época e, muito menos, foi meta da empreitada missionária engendrar uma evangelização “a partir” das culturas autóctones. Mesmo assim, impressiona a “parresia”, a paixão, o ardor, o fervor que motivaram mulheres e homens a levar adiante a ingente tarefa de anunciar e testemunhar a Boa Nova, arriscando sua vida, sendo perseguidos, processados e exilados ou derramando seu próprio sangue por causa do Reino de Deus. Quem pode negar que foi “a Caridade de Cristo” que os compeliu (cf. 2Cor 5,14) a consagrar-se à Evangelização e doar-se até as últimas conseqüências (cf. Jo 13,1).

Vivemos em outros tempos e a nossa Igreja cresceu na compreensão do mandato do Senhor. A antropologia e a experiência missionária ensinaram-nos a reconhecer em todas as culturas mediações possíveis para uma nova evangelização. Falamos hoje da inculturação do mensageiro e da mensagem como pressuposto da partilha, da participação, da compreensão e da solidariedade.

Evangelização com “novo ardor”

“Evangelizar (…) é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade (EN 18), escreveu o Papa Paulo VI na sua Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi”. Somos chamados a responder aos apelos prementes de áreas e situações missionárias bem definidas, tanto na co-responsabilidade com a missão universal da Igreja “ad gentes”, como somos interpelados pela missão além fronteiras dentro do próprio . Na era da globalização, os sinais dos tempos e – Deus nos fala através deles – indicam que nossa Igreja, mais do que nunca, deve contribuir “a criar uma autêntica cultura globalizada da solidariedade” (EA 55).

Os métodos de apresentar o Evangelho mudaram, mas a paixão, o ardor, o fervor que devem acompanhar e motivar o anúncio e o testemunho são imutáveis e insubstituíveis. Se não existir uma profunda mística missionária que contagia e convence, nosso empenho, por mais que se oriente nas modernas técnicas de comunicação, não passará de um “marketing” religioso superficial. Estamos apenas formigando na crosta da sociedade contemporânea.

O principal objetivo do COMLA-6 – CAM-1 é animar as forças missionárias do Continente para assumirem ou re-assumirem sua tarefa eclesial de anunciar e testemunhar o Evangelho, sem limites, sem restricões, até além das fronteiras. É evidente que muitas horas durante este Congresso são destinadas ao estudo e ao aprofundamento dos mais diversos temas, ligados à missionariedade da Igreja, mas a finalidade, inclusive dos estudos, é a animação, o incentivo, o impulso, é aquele “novo ardor” de que o Papa já falou em 9 de março de 1983, por ocasião da abertura da XIX Assembléia Geral do CELAM. Na Catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Porto Príncipe, Haiti, João Paulo II insistia: “A comemoração de meio milênio de evangelização terá o seu significado pleno se for um renovado compromisso (…) não de re-evangelização, mas de uma evangelização nova no seu ardor, nos seus métodos e na sua expressão. A primeira exigência do Papa não se refere aos novos “métodos” ou às novas “expressões”, mas a um “novo ardor” que deve impelir as missionárias e os missionários deste Continente.

O ardor não surge por si mesmo. Só uma profunda experiência de Deus e a paixão pela causa de seu Reino pode suscitar o ardor, o “fervor do espírito” que animava Apolo (At 1= 8,25), a vibração, o entusiasmo, a alegria e a coragem de enfrentar todo tipo de conflito, dificuldade e até perseguição. É a convicção total de Paulo revelada a Timóteo “Eu sei, em quem coloquei minha fé” (2Tm 1,12) transformada em incondicional adesão a Cristo que o leva a exclamar: “Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!” (1Cor 9,16) e a sofrer por causa do Evangelho prisões, açoites, apedrejamento, fadigas e duros trabalhos, vigílias, fome e sede, frio e desnudamento, como ele mesmo nos relata e ainda acrescenta: “E isto, sem contar o mais: a minha preocupação cotidiana, a solicitude que tenho por todas as Igrejas!” (cf. 2Cor 11,23-28).

O missionário e a missionária não são uma espécie de membros qualificados da Igreja, particularmente treinados, algo como “executivos” de programas e projetos elaborados por uma elite pensante. O que, desde os primórdios da Igreja, caracteriza o missionário e a missionária é sua profunda paixão pelo Cristo vivo, o Cristo pascal. São os apaixonados pelo Reino que até hoje contagiam homens e mulheres de todas as raças e culturas.

Este ardor missionário rompe com a acomodação e a rotina e impele a Igreja a ir ao encontro das pessoas e a inserir-se na realidade em que o povo vive, tornando-se “sal” (Mt 5,13), “luz” (Mt 5,14), “fermento” (Mt 13,33; Lc 13,21-22).

A Igreja particular, co-responsável pela evangelização do mundo

Há 500 anos estamos na América Latina acostumados de identificar o “missionário” com alguém que chega e “vem” de fora. Custa-nos compreender que o missionário também “vai”, parte das nossas dioceses, de nossos Países para outros lugares, países e continentes. De fato, o longo dos séculos passados chegaram em nossos países milhares e milhares de missionários do velho continente. Mulheres e homens optaram pela missão em algum País na América Latina e no Caribe ou foram enviados por sua ordem ou congregação. Talvez seja esta a razão por que em nossas Igrejas particulares existia e ainda existe uma certa despreocupação em relação à própria responsabilidade missionária. O Documento de Puebla afirma: “Finalmente chegou para a América Latina a hora de intensificar os serviços recíprocos entre as Igrejas particulares e de estas se projetarem para além de suas próprias fronteiras, ad gentes. É certo que nós próprios precisamos de missionários, mas devemos dar de nossa pobreza” (DP 368). Esta constatação que é, ao mesmo tempo, uma advertência não surtiu ainda o efeito desejado: um salto qualitativo rumo a toda uma articulação e mobilização, a um verdadeiro “mutirão” para concretizar o que Puebla assinalou como dever.

No Documento da IV Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, celebrada 1992 em Santo Domingo, lemos: “Podemos dizer com satisfação que o desafio da missão ‘ad gentes‘, proposta por Puebla, foi assumido a partir de nossa pobreza, compartilhando a riqueza da fé com que o Senhor nos tem abençoado. Reconhecemos, porém, que a consciência missionária ‚ad gentes‘ ainda é insuficiente ou frágil” (DSD 125). Perguntamo-nos hoje, sete anos depois da Conferência de Santo Domingo, se a afirmação “o desafio da missão ‚”ad gentes” foi assumido. Corresponde realmente à verdade ou continua sendo mais um desejo do que uma realidade concreta.

O Decreto “Ad Gentes” salienta: “Toda a Igreja é missionária, a obra da evangelização é um dever fundamental do Povo de Deus” (AG 35). E diz mais: “Cada discípulo de Cristo tem sua parte na tarefa de propagar a fé (AG 23). A missionariedade da Igreja não é algum “apêndice” da Pastoral de Conjunto de uma Igreja local. Não se trata de “delegar” a tarefa a alguns “especialistas”. O Papa Paulo VI diz na Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi”: “Evangelizar não é para quem quer que seja um ato individual e isolado, mas profundamente eclesial” (EN 60). A Igreja local se evangeliza a si mesma cumprindo o mandato do Senhor.

À argumentação: “Como é que podemos enviar missionárias e missionários para fora da diocese se nós mesmos não temos pessoal suficiente?” a Assembléia Geral do Episcopado Nacional do Brasil deu uma resposta categórica: “Cada Igreja local ou particular é co-responsável pela Igreja inteira e por sua missão de evangelização dos povos. Para permanecer na comunhão eclesial e realizá-la efetivamente, a Igreja particular deve pôr em comum seus recursos espirituais e materiais, a serviço da difusão do Evangelho. Concretamente, cada diocese – e dentro dela, cada paróquia ou comunidade, cada cristão – pelo próprio dinamismo da comunhão eclesial é chamado a participar da missão. As missões‚ “ad gentes” não são, portanto, algo facultativo para a Igreja local, mas fazem parte constitutiva de sua responsabilidade. As missões não são apenas tarefa dos Institutos Missionários ou das Obras Pontifícias, que antes solicitam e exigem o crescimento do espírito missionário das Igrejas particulares. A maturidade de uma Igreja local é fortalecida, na medida em que ela se abre a outros horizontes e contextos eclesiais, sociais e culturais: passa, então, a assumir, co-responsavelmente, o mandato do Senhor de evangelizar todos os povos. Por isso mesmo uma Igreja local não pode esperar atingir a plena maturidade eclesial e, só então, começar a preocupar-se com a missão para além de seu território. A maturidade eclesial é conseqüência e não apenas condição de abertura missionária. Estaria condenando-se à esterilidade a Igreja que deixasse atrofiado seu Espírito missionário, sob a alegação de que ainda não foram plenamente atendidas todas as necessidades locais.

Na Assembléia Geral de 1998, Dom Paulo Moretto, Bispo de Caxias do Sul (RS), nos advertiu: “Quando a ajuda missionária não é cultivada por um relacionamento fraterno, mútuo e gratuito, o esquecimento e a fadiga vão tomando o lugar da solidariedade. Sobra um fio de vida, mas já não há vitalidade. Se a ajuda missionária for adiada até o dia em que todas as comunidades locais são atendidas como merecem, então seguramente não chegará nunca o momento de uma real e generosa colaboração.

Na Exortação Pós-sinodal “Ecclesia in America”, o Papa João Paulo II fala da obrigação da Igreja na América de “permanecer disponível para a missão ‚ad gentes‘. “O programa de uma nova evangelização no Continente, objetivo de muitos projetos pastorais, não pode limitar-se a revitalizar a fé dos crentes habituais, mas deve também procurar anunciar Cristo nos ambientes onde Ele é desconhecido. Além disso, as Igrejas particulares da América são chamadas a estender este ímpeto evangelizador para além das fronteiras do seu Continente. Não podem reservar só para elas as riquezas imensas de seu patrimônio cristão. Devem levá-lo ao mundo inteiro e comunicá-lo a quantos ainda o ignoram. Trata-se de muitos milhões de homens e mulheres que, sem a fé, padecem da mais grave das pobrezas. Diante de tal pobreza, seria um erro deixar de promover a atividade evangelizadora fora do Continente com o pretexto de que ainda há muito para fazer na América, ou à espera de se chegar primeiro a uma situação, fundamentalmente utópica, de plena realização da Igreja na América” (EA 74).

Quando Puebla cunhou a expressão “devemos dar de nossa pobreza” acrescentou: “Por outro lado nossas Igrejas podem oferecer algo de original e importante; o seu sentido de salvação e libertação, a riqueza de sua religiosidade popular, a experiência das Comunidades Eclesiais de Base, a floração de seus ministérios, sua esperança e a alegria de sua fé” (DP 368). É bem verdade que somos uma Igreja de pobres, quando levamos em conta a realidade de penúria e miséria em que se encontra a maioria de nosso povo que enche as igrejas e vive nas comunidades. Somos uma Igreja pobre, também em recursos materiais e financeiros, se a compararmos com as Igrejas que estão na Europa ou na América do Norte. Mas, de jeito nenhum, somos “pobres” em termos de gente apaixonada pela causa do Reino de Deus. Não somos “pobres” de entusiasmo, de “fervor do espírito” (cf. At 18,25), de fé em Deus e no seu Projeto, de esperança por “um céu novo e uma nova terra” (cf. Is 65,17; Ap 21,1), de amor que vai “até o fim” (cf. Jo 13,1), até as últimas conseqüências.

O “aggiornamento”, desejado e incentivado por João XX= III, e o Vaticano II engendraram a Conferência de Medellín. A maravilhosa Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” de Paulo VI “latinoamericanizou-se” em Puebla, o ardor missionário de João Paulo II é o pano de fundo de Santo Domingo. O Sínodo para a América uniu o Norte com o Sul do Continente para discutir junto com o Sucessor de Pedro “as problemáticas da nova evangelização nas duas partes do mesmo continente” (EA 2). Nas últimas décadas surgiu e cristalizou-se sempre mais o “jeito de ser Igreja” da América Latina, na simplicidade e na partilha, na dimensão samaritana e profética das CEBs, na opção pelos pobres e na solidariedade com os excluídos, nas celebrações vivas e participativas que unem fé e vida, no engajamento generoso de mulheres e homens, jovens e adultos, nas diversas pastorais. Ora, isso é obra do Espírito Santo, não só para o “gasto” latino-americano, mas é um dom a ser partilhado com outras Igrejas, até em outros continentes. São talentos que constituem a “riqueza” da nossa Igreja. Não queremos enterrá-los no chão latino-americano (cf. Mt 25,14-30), mas fazê-los frutificar e render também além de nossas fronteiras, dando novo ânimo e alento à Igreja “que se faz presente pelo mundo inteiro.

Nossa esperança – a razão da nossa missão

A globalização aproximou-nos de uma maneira extraordinária aos confins do mundo. Esses confins, no entanto, atravessam não somente o continente latino-americano. Atravessam o nosso país e passam na frente de nossa casa. Por um lado, vivemos mais próximos, uns dos outros, mas, ao mesmo tempo, mais distantes daqueles próximos que foram excluídos do convívio social, porque perderam o seu trabalho, a sua casa ou a sua terra.

No Brasil, de onde venho, temos um carinho especial e profético com esses “perdedores da globalização”, com os sem-terra e os povos indígenas, que lutam pela terra, com os sem-teto e os migrantes que perderam o seu lar, com os desempregados e os explorados por um salário miserável. O mundo globalizado ergueu novos muros entre ganhadores e perdedores, entre ricos e pobres e esta deixando uma parte crescente da humanidade com cada vez menos esperança. No Brasil, país rico com uma imensidão de pobres, laboratório de riquezas mal distribuídas e de desespero crescente, procuramos, a partir de uma profunda indignação profética, forjar novas razões de esperança e uma paixão missionária renovada que nos compele a ir além de todas as fronteiras.

À primeira vista, a globalização parece favorecer a missão universal do Povo de Deus. Diariamente chegam as notícias do mundo inteiro a nossos lares. As viagens a outros países e continentes são bastante cômodas se as compararmos com as viagens dos missionários que vieram evangelizar este continente. Mensagens de solidariedade podem ser enviadas com muita rapidez. Somos capazes de interligar e fortalecer-nos, mesmo vivendo longe um do outro. A globalização transformou a humanidade de um conjunto de ilhas, culturas distantes e povos separados em uma grande rede que nos conecta. Mas nem todos vivem conectados. A grande maioria da humanidade continua desconectada do progresso, da fartura e do bem-estar e luta diariamente por um pedaço de pão. O mundo globalizado cria vítimas e exclui, gera violência e desespero, despreza a vida dos inocentes e dos pacíficos.

A globalização desafia a nossa missão. No passado fomos acusados de esconder sob o manto da universalidade da missão a pretensão de protagonismo e hegemonia. Hoje estamos convictos de que a universalidade da nossa missão é a única alternativa à globalização excludente. A nossa missão é universal porque não exclui ninguém. Se nossa missão fosse geográfica, cultural, étnica ou socialmente limitada e se ela se dirigisse somente a uma pequena clientela de “eleitos”, ela seria também excludente, como a globalização neoliberal. Nossa missão universal é radicalmente diferente da globalização que nos rodeia. Nunca nos adaptaremos aos mecanismos de exclusão. Não flexibilizamos os princípios éticos ou a utopia do Reino que norteiam nossa caminhada. Vivemos no mundo, sem ser do mundo.

Numa carta do segundo século da era cristã, dedicada a Diogneto, um autor anônimo reflete sobre o sentido e a identidade da vida dos cristãos no mundo. Diogneto é descrito como um personagem com muitas perguntas e uma “ardente aspiração por conhecer como os cristãos cultuam a Deus (…) e quem é esse Deus em que depositam confiança. Os cristãos não se distinguem dos demais (…). Moram alguns em cidades gregas, outros em bárbaras, conforme a sorte de cada um; seguem os costumes locais relativamente ao vestuário, agrave; alimentação e ao restante estilo de viver, apresentando um estado de vida admirável e sem dúvida paradoxal. Moram na própria pátria , mas como peregrinos. Enquanto cidadãos, de tudo participam, porém tudo suportam como estrangeiros. Toda terra estranha é pátria para eles e toda pátria , terra estranha. (…)

Estão na carne, mas não vivem segundo a carne. Se a vida deles decorre na terra, a cidadania, contudo está nos céus (…) Amam a todos, e por todos são perseguidos. (…)

Os cristãos residem no mundo, mas não são do mundo. (…) Estão de certo modo aprisionados no mundo, como num cárcere, mas são eles que sustém o cosmos.

O mundo pode ser diferente! Missão é visão! A justiça de Deus não é a justiça daquela estátua que tem os olhos vedados. Nosso Deus ouve o clamor dos pobres, o sofrimento dos migrantes e convoca com a sua palavra os que a confusão babélica dos macro-discursos excluiu do convívio social. Os espaços de gratuidade que a arte e religião oferecem, podem ser espaços de resistência contra o axioma de hoje: “lucro, logo existo”, contra as contingências do “culturalmente correto”, definido pelo neoliberalismo globalizado. Da Missão não se volta nunca mais do mesmo jeito agrave; própria pátria. Ao sair do nosso lugar, mudamos a perspectiva da nossa vida. A missão tem uma força transformadora sobre aqueles mecanismos que produzem a exclusão.

No mundo “volátil”, “light” e “portátil”, no mundo da dispersão dos grupos humanos, das migrações e da flexibilidade complexa das relações humanos, a identidade, antes muito ligada a um território (país, paróquia) e a objetos (templo, casa, roupa), à região (interior ou cidade) ou ao lugar sagrado e ao grupo social estável (Jerusalém, Mekka, Roma, Genebra) foi abalada. Hoje, esta identidade deve ser repensada como a do ser e do caminhar nas pegadas daquele, que “não tem lugar onde repousar a cabeça” (Mt 8,20).

Caminhar com Jesus-Emanuel, o Deus-Conosco, é caminhar no Espírito, o protagonista da missão, que liberta da ditadura dos fins preestabelecidos. Não importa chegar por qualquer preço aos confins do mundo ou ao fim do tempo. O que importa é caminhar. Jesus disse: “Eu sou o caminho” (Jo 14,6) e não: “Eu sou a chegada”. Jesus inverte a perspectiva de Tomé, que queria conhecer o caminho a partir do ponto de chegada: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” (Jo 14,5). Jesus, ao revelar-se caminhando, revela progressivamente também as metas da caminhada. Ele não revela o caminho sem revelar-se a si mesmo no caminho e na caminhada. Ele é o caminho.

Esta identificação de Jesus com o caminho foi algo tão marcante para os primeiros cristãos. Eles se autodenominavam de “pertencentes ao Caminho” (At 9,2). São Paulo, ao lembrar-se como perseguia os cristãos, dizia: “Persegui até a morte este Caminho” (At 22,4). O específico do cristianismo é o caminho e a presença das metas em cada passo da caminhada. Como na íris do olho de uma pessoa está mapeado todo o seu estado de saúde, assim a meta de todo o caminho está também escrito em cada passo da caminhada missionária. E se não estiver em cada passo, tampouco estará na reta final. O Reino não é o ponto de chegada. Está no meio de nós (cf. Lc 17,21).

A caminhada missionária descobre Deus sempre de novo. Nunca está com pretensões de conquistar os outros. Por isso, não precisa de “armas”. O caminhar no Espírito é sempre um caminhar desarmado na simplicidade e na pobreza. A aproximação missionária não acontece apenas para lançar um olhar curioso sobre aquele que “caiu nas mãos dos ladrões” (cf. Lc 10,30). Ela visa assumir a sua causa. “Assumir” pressupõe “aproximar-se”, “encontrar-se” e “caminhar” juntos.

A caminhada do Povo de Deus que é sempre o seguimento de Jesus é uma aproximação permanente ao desconhecido, ao outro e ao pobre. A aproximação ao pobre e ao outro produz na Igreja um “estado de graça”. O missionário, a missionária “encontra graça” (cf. Lc 1,30) no outro, porque encontra Deus e a si mesmo(a) nele. A experiência de Deus é sempre uma descoberta do próximo no caminho.

Uma Igreja peregrina é uma Igreja pobre. Uma Igreja instalada sempre cairá nas malhas de estruturas pesadas e doutrinas complicadas que aprisionam o Espírito. Uma Igreja a caminho é uma Igreja simples e transparente. Caminhar ao encontro com Jesus ressuscitado é caminhar para fora da cidade onde ele foi e ainda é crucificado. Quem “corre” não leva muitas coisas consigo. Não precisa da “bolsa de valores”, nem de “alforje” (cf. Lc 10,4). Nós não nos deslocamos para um determinado campo de missão para “abrir uma casa”, mas para percorrer e abrir um caminho. Quem vai longe e confia no Senhor da história, de poucas coisas precisa. Numa Igreja, que não somente optou pelos pobres, mas que se fez pobre ao livrar-se de terras, casas e parentes (cf. Mt 19,29), os cristãos fazem a experiência da vida em abundância. Os dons de Deus se multiplicam na medida em que são gastos. A caminhada, na simplicidade e transparência do Espírito é o “exercício espiritual” permanente desta fé.

O caminho não afasta a Igreja da sua origem ou das suas raízes. Pelo contrário. É um encontro com a sua raiz em Jesus e a sua origem pentecostal. A árvore que cresce ao alto cresce também nas profundidades da terra. As raízes são a condição para que as árvores possam abrir-se para o alto. Uma Igreja fechada é uma Igreja sem raízes. O discernimento, a opção e o caminhar só são possíveis a partir das raízes profundas de uma identidade histórica. O discernimento a partir das origens do caminho ajuda a não confundir a fidelidade ao Senhor com a fixação em modelos historicamente superados. Uma tradição estarrecida não protege a Igreja. Destrói a sua raiz pneumática e a sua identidade de peregrina. Somente uma Igreja que é por natureza peregrina fala legitimamente aos pobres e aos outros, aos culturalmente diferentes, da verdade e da vida.

Missão significa ruptura. “Remendo novo em roupa velha” (Mc 2,21) não muda o curso da história. Ruptura significa desprogramar-se para desprogramar o mundo. É uma tarefa-pergunta árdua que nos reúne aqui: Como produzir rupturas, como aproveitar as rachaduras do sistema para plantar os nossos sonhos e os sonhos dos pobres e dos excluídos? O mundo globalizado e virtualmente conectado em redes de comunicação nos faz refletir sobre o significado da parábola do Reino que “é semelhante a uma rede lançada ao mar” (Mt 13,47) do tempo e do universo.

A missão muda o mundo da exclusão. A missão transforma também a Igreja que em Medellín se propôs a ser “uma Igreja autenticamente pobre, missionária e pascal, desligada de todo o poder temporal e corajosamente comprometida na libertação do homem todo e de todos os homens” (DM 4, Educação). A Igreja missionária vai fundo e voa alto. É a Igreja com raízes profundas, asas largas e com um olhar de águia que enxerga e vai longe. É também a Igreja que caminha com as sandalhas do pescador.

Conclusão

Quero concluir com as palavras do Papa João Paulo II. Na sua mensagem por ocasião do Dia Missionário Mundial a ser celebrado no próximo dia 24 de outubro, João Paulo II nos diz: “A missionariedade deve constituir a paixão de cada cristão; paixão pela salvação do mundo e ardente compromisso em vista de instaurar o Reino do Pai.” E comparando os missionários com as “sentinelas sobre os muros da Cidade de Deus” exclama: “O seu testemunho generoso em cada recanto da terra anuncia que, ao aproximar-se o terceiro milênio da Redenção, Deus está preparando uma grande primavera cristã, cuja aurora já se entrevê‘ (RMi 86). Maria, “Estrela Matutina”, ajuda-nos a repetir com ardor sempre novo; “Fiat” ao desígnio de salvação do Pai, para que todos os povos e línguas possam ver a sua glória (cf. Is 66,18).

Altamira, Brasil, 23 de agosto de 1999
Festa de Santa Rosa de Lima,
Padroeira da América Latina
Erwin Krautler
Bispo do Xingu
Encarregado da Dimensão Missionária
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*