Autor: Thiago Azevedo
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16)
Temos dito este versículo tantas vezes, sabemos decorado até de trás pra frente, mas o que ele representa pra nós? O que tudo isso que chamamos de Cristianismo tem significado para nossas vidas?
Diante de toda a agitação do dia a dia e na correria de nossos afazeres, muita coisa fica despercebida, quantas vezes nossos trabalhos na igreja, nossas orações, leituras bíblicas e repetições de versículos chaves como esse se tornam vazios, sem sentido, como se estivesse faltando algo para preencher.
Dentro da igreja às vezes você não percebe o quanto isso é valioso, até mesmo porque fazemos os trabalhos tantas vezes, que se torna mecânico e não se para pra pensar em como isso tem representado como uma reflexão para o crescimento como cristão.
Muitas vezes criticamos as coisas na igreja por não gostarmos e nos isentamos de fazer para melhorar, preferimos a margem à luta, é mais cômodo ver a guerra sentado do que ir para o campo de batalha, onde a dificuldade está mais latente. Digo latente, porque a dificuldade vai onde você está.
E o que tudo isso tem haver com Jo 3.16? Tem muita coisa, pois se pararmos de simplesmente repetir esse versículo como um jargão cristão e pensar na complexidade em que envolve todo o ensinamento deste, veremos o significado que temos dado a nós mesmos.
Deus amou, esse é o ponto central e é a coisa mais difícil de se entender, a quantidade do amor de Deus. Quando se está lá “fora”, sendo um crente, você perde a noção do significado da palavra amor, pois cresce a desconfiança nas pessoas e em si mesmo. Esse amor que Deus coloca em você diminui consideravelmente, seus conceitos sobre a vida se tornam cheios de justificação individual, o prazer nas coisas simples vão se perdendo.
Temos transformado a Graça Preciosa do Amor de Deus em Graça Barata, creio que podemos aplicar perfeitamente o texto de Rm 1.25, e isso não se aplica só aos ídolos ou ao outro tipo de pecado “mortal do mundo”, mais aos nossos próprios pecados a nossa própria vida, ao significado que temos dado a ela. Deus nos amou. Às vezes agimos como se disséssemos “O que eu tenho haver com isso?”. A Graça Barata é isso, a indiferença e presunção da segurança da salvação, não querendo defender perda de salvação. Mas Deus nos deu muito mais do que a salvação e será que temos refletido sobre isso? E o Seu amor? A Salvação do mundo não é conseqüência desse amor tão grande que nos constrange?
Esquecemos a Graça preciosa no canto de nossos quarto, ou nos bancos de nossas igrejas em função da facilidade que a Graça barata nos oferece, pois a graça preciosa envolve sacrifício, cruz, reflexão profunda do amor de Deus, enquanto que a Graça Barata oferece justificação dos pecados. Fazemos isso firmados na frase de Lutero: “Podemos agora pecar com ousadia…”, mas se isso for usado como justificação, é pecado. Mas se esquece o que ele disse posteriormente, “…mas crê com ousadia maior”, o que tudo isso quer dizer é: Você é um ser humano, faz o melhor que tu podes, luta contra tua natureza, mas ela não vai te abandonar, o pecado não vai te deixar, mas crê no Senhor Jesus com ousadia maior que o teu pecado, maior que a tua humanidade, maior que a tua natureza. A graça preciosa te chama para a responsabilidade de viver a vida cristã, faz com que abandonemos nossos barcos para seguirmos a Cristo, em qualquer circunstância, mas isso é difícil, pois dentro de Jo 3.16 acompanha outro verbo importante, mas que é cheio de outras responsabilidades, o verbo crer.
Quando cremos, não podemos simplesmente acreditar, mas temos que negar a nossa dúvida, negar nossa vida, negar nossos conceitos e presunções sobre a superioridade humana e ir ao pó, assim como o ladrão na cruz. Ali, com aquele ladrão está a verdadeira compreensão de Jo 3.16, o verdadeiro amor paradoxal de Deus, onde o homem é justificado pela infinita misericórdia de Deus, não pelo que o faz ou que fez.
Quando cremos, amamos o próximo como a nós mesmos. O quanto temos nos amado? Temos nos sofisticados demais para ficarmos pensando na graça preciosa de Jo 3.16, podemos usar esse versículo em função da graça barata, pois eu não preciso amar ao um próximo que é mais pecador que eu, que pensa diferente de mim, Deus amou o mundo, então eu não preciso amar o mundo também, basta eu amar os que me amam. Mas quando somos chamados para a Graça preciosa de Deus, quando somos chamados para crer que Jesus é o Filho que Morreu em favor de muitos, quando compreendemos Jo 3.16, vivemos em função de toda a Doutrina de Cristo, que era em favor do próximo, do distante, do amigo, do inimigo, desses paradoxos que não se enquadram dentro do conceito de justiça humano.
Quando Deus manda Seu Filho para que o mundo não pereça, não significa somente perecer no inferno, mas também perecer dentro de si mesmo. A maldade cresceu muito do início da criação pra cá e Cristo vem nos ensinar a nos amar, nos ensinar um novo significado para as coisas, para a vida. Nos ensinou em que pode haver o amor incondicional, mas que este só pode se obter através dEle.
Crer envolve tudo isso; Tome a sua Cruz todos os dias da sua vida e me siga, mas eu não te deixarei só eu te ajudarei a carregar tão pesada cruz.
Cristo tem batido na porta nos convidando para a Graça preciosa da profundidade de Jo 3.16, ainda se pode tirar muita coisa deste “simples” texto, mas cabe a cada um de nós refletir sobre isso e fazer nossas escolhas: A justificação de nossos pecados, para continuarmos pecando, ou a preciosidade e a profundidade do chamado de Cristo para servi-lo, não apenas por fazer, mas porque se entende o porque disto.
A escolha é sua.
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