Autor: Jonathan Menezes
Adquirir novos livros (e depois lê-los, é claro) tem sido umas das coisas em que mais tenho me deleitado, sempre que tenho condições ($!?) para isso. É um hobby apaixonante, a cada nova aquisição, sentar-me num lugar tranqüilo, folhear as primeiras páginas do livro e conhecer um pouco sobre a trilha temática por onde o autor escolheu trafegar, ainda que naquele momento eu não venha ler o livro todo. Estes primeiros instantes são marcados por curiosidade e prazer. Todavia, tão logo o coloco na prateleira junto aos demais livros, ele acaba se tornando apenas mais um entre outros, isto quando não cai no esquecimento.
Parece-me que em nosso relacionamento com Deus o que ocorre, muitas vezes, não é muito diferente. O conhecimento do Senhor nos primórdios de nossa “conversão” e mudança de mentalidade assemelha-se àquela viagem fascinante que sempre desejávamos fazer, mas que nunca fora antes possível. O “primeiro amor” afigura-se como uma das experiências mais maravilhosas à vida de qualquer pessoa. O primeiro encontro com Deus é também distinto por curiosidade e encanto. Mas o que acontece à medida que passa o tempo, é que Deus, assim como conhecer novos livros, pode começar a se tornar trivial; aparece como mais uma entre muitas outras “ocupações” de nossa agenda, ou como uma alternativa a mais na infinda prateleira de artigos esotéricos, como um “faz-tudo” a quem recorremos apenas em momentos extremos.
“Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR” (Jr. 9:24). Essa exortação é feita a um povo que sabia muito a respeito da Lei, mas muito pouco sobre Aquele que se encontra acima da Lei. Conhecer ou observar as leis de Deus, saber teologia, não era, não é e nem nunca será o bastante para conhecer a Deus de fato. O “conhecimento” ao qual Jeremias se refere diz respeito muito mais a uma entrega de si mesmo em submissão à vontade de Deus. Este conhecimento constitui-se como a maior glória que o ser humano pode ter e, portanto, não deve ser tratado levianamente.
O conhecimento de Deus nasce de uma viva conexão entre as palavras e as ações, entre um saber profundo das Escrituras Sagradas e atos de misericórdia e justiça às pessoas que nos rodeiam, a quem Deus ama. Ricardo Barbosa escreveu: “O que Deus espera de nós não é o quanto sabemos sobre Ele, mas o quanto o amamos”. Assim, o desafio que esta palavra nos aponta consiste em que nos aproximemos mais de Deus não como um objeto ou conceito a ser estudado, ou por mórbida e temporária curiosidade, mas como um ser pessoal que deseja se relacionar conosco, deixando de lado nossos cálculos, fórmulas e barganhas, e entregando-nos visceralmente a Ele, somente a Ele.
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