A formação de discípulos

Autor: Daniel de Souza

I – JESUS E SEUS DISCÍPULOS
Para tratarmos sobre a formação de discípulos, temos que aprender com o Senhor Jesus, que começou a fazer discípulos e nos ordenou continuar.

1. JESUS COMO ESTRATEGISTA
Como vemos Jesus? Muitas vezes nós só vemos Jesus como aquele que falou da parte de Deus, realizou curas, expulsou demônios, ressuscitou mortos, fez muitos milagres, etc. Mas será que vemos Jesus como um estrategista? Vemos como aquele que tinha um alvo e um plano estratégico para atingi-lo.

2. POR QUE JESUS SE CONCENTROU EM DOZE HOMENS
Jesus, ao concentrar seu trabalho em doze homens, nos revela um plano estratégico. Ele tinha muitos seguidores, mas como poderia cuidar de todo aquele povo, que era como ovelhas sem pastor, e, ao mesmo tempo, dar continuidade à obra que veio realizar da parte do Pai? Ele tinha compaixão pelo povo sem quem o liderasse. O que ele poderia fazer diante de tão grande necessidade? Se não podia tomar conta de todas as pessoas, teria, então, que ter homens que cuidassem delas. Por isso, seu ministério desenvolveu-se mais no cuidado pessoal de alguns homens, para que estes, uma vez cuidados pessoalmente e preparados para a obra, dessem continuidade ao que ele veio fazer. Assim, nasceu o discipulado de Jesus com seus doze discípulos.

3. O PRINCÍPIO DE DISCIPULADO JÁ EXISTIA
O princípio de discipulado empregado por Jesus com seus doze discípulos já existia.
As palavras discípulo e fazer discípulos têm sua idéia original, como a raiz do grego indica, na prática da antigüidade dos povos do oriente, de um aprendiz seguir seu mestre e seu ensino.
Na palavra de Deus encontramos várias referências deste relacionamento:

• Os discípulos de Moisés (João 9:28)
• Os discípulos dos profetas (2 Reis 4:1,38)
• Discípulos dos levitas-músicos (1 Crônicas 25:8)
• Discípulos de João Batista (Mateus 9:14)
• Os Discípulos dos fariseus (Lucas 5:33)
• Discípulos de Jesus, tendo como primeira referência, dentre muitas outras, (Mateus 5:1)
• Os Discípulos de Paulo (Atos 9:25)

4. O PLANO ESTRATÉGICO
Em Marcos 3:14-15, encontramos o plano estratégico de Jesus para desempenhar sua obra:
“Então designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar, e a exercer a autoridade de expedir demônios.”

Plano Geral:
Quando lemos o plano de Jesus em Marcos 3:14-15, entendemos que ele chama os doze para estarem com ele, e ao mesmo tempo, os envia a pregar, etc. Mas em 6:7 diz que eles só são enviados mais tarde. Como entender? É que em 3. 13-15, o plano é dado num sentido geral, mas, depois ele é especificado.
As duas etapas do plano:
No plano estratégico de Jesus há duas preposições: “para”, que especificam duas etapas:
– Primeira etapa: “para estarem com ele” – Compreende os capítulos 3.14 a 6.7
– Segunda etapa: “para os enviar a pregar…” – A partir do capítulo 6.7

Primeira etapa do plano:
A primeira etapa do plano estratégico de Jesus era de os discípulos simplesmente “estarem com ele”. Vai do capítulo 3.14 até 6.7. Era o começo do discipulado de Jesus.
Discipulado para Jesus era isto: os discípulos estarem junto com ele. Era um relacionamento intenso e íntimo. Esta foi a maneira mais eficiente que Jesus encontrou para servir e ensinar seus discípulos. Eles aprendiam vendo Jesus fazer (Atos 1.1) Tudo o que ele queria que seus discípulos fizessem, antes ele dava exemplo. O exemplo é o melhor ensino. Por isso, para Jesus, o discipulado não era mais um método, um programa, um grupo de estudos, uma reunião, uma entrevista. Não, discipulado para Jesus era ele mesmo se dando para seus discípulos. E nesta primeira etapa, os discípulos aprendiam de Jesus para mais tarde praticarem o que receberam. Neste tempo, Jesus estava formando suas vidas e equipando-os para a obra.

Segunda etapa do plano:
• Depois de os discípulos aprenderem de Jesus, e ainda continuarem aprendendo dele, eles, agora, são enviados à obra. A partir do capítulo 6.7, eles começam a fazer o que aprenderam com Jesus. Eles pregam o evangelho do reino, expelem demônios, curam enfermos (6. 7-30). Mas eles não faziam a obra sozinhos. Jesus os tinha enviado de dois a dois (6.7). Eles estavam vinculados com Jesus, e vinculados entre eles. O vínculo com Jesus é o discipulado; e o vínculo entre eles é o companheirismo. E quando eles voltavam das caminhadas evangelísticas, “lhe relatavam tudo o que tinham feito e ensinado” (6.30). Ele começou sua obra com os doze, atingindo em primeiro, as ovelhas perdidas de Israel, e depois as ovelhas perdidas do mundo.

5. A ESTRATÉGIA E OS RECURSOS
ESTRATÉGIA: Já vimos que Jesus se concentrou em poucos homens e os discipulou. É a prática mais eficiente de se formar uma vida e de equipar para a obra.
RECURSOS: nos textos paralelos do chamado e envio dos doze, (Mateus 10.1-4 e Marcos 3.13-19 com 6.7 , 12 , 13, e Lucas 9.1, 2) , podemos dizer que há um tripé, que também se repete em outras situações:
1º) pregação do evangelho do reino;
2º) expulsão de demônios;
3º) cura das enfermidades.
São recursos de Deus para o cumprimento da sua estratégia, concedidos para os apóstolos e para nós. A pregação do evangelho do reino trata com o fim da independência e rebeldia do homem para com Deus, e o começo de uma vida dependente e obediente em tudo a ele.
A expulsão de demônios e a cura das enfermidades tratam com a conseqüência do pecado do homem e a sua libertação destes males.

6. O PRINCÍPIO DOS PEQUENOS GRUPOS
Jesus ensinou e equipou os discípulos, tanto individualmente como juntos. Ele andava, pregava, ensinava, fazia a obra com todos. Assim eles aprendiam com Jesus e uns com os outros. Não fazia uma obra isolada, mas corporativa. É o princípio dos pequenos grupos de discípulos. Os evangelhos chamam o grupo dos discípulos de Jesus: “os doze”. É a igreja de dois ou três, doze ou mais discípulos. São as células. É a igreja nas casas. É o modelo de igreja que Jesus deixou para nós seguirmos.

7. RESUMO DA ESTRATÉGIA DE JESUS
Podemos apontar os oito princípios da sua obra (*):
1) Seleção (Lucas 6:13) = Selecionou doze discípulos para entrarem com ele.
2) Associação (Marcos 3:14; 6:7 ; Lucas 6:14,15) = Associou os discípulos consigo pelo discipulado, e entre eles, pelo companheirismo.
3) Consagração (Mateus 11:29) = Esperava que os homens que o acompanhavam lhe fossem obedientes em tudo.
4) Transmissão (João 17:8) = Transmitiu-lhes tudo o que recebera do Pai.
5) Demonstração (João 13:15) = Antes de mandar fazer qualquer coisa, dava-lhes demonstração de como fazer.
6) Delegação (Mateus 4:19) = Deu do seu poder e autoridade para seus discípulos fazerem discípulos dentre o povo judeu, e, mais tarde, dentre todos os povos (Mateus 28:19)
7) Supervisão (Marcos 6:30) = Quando os discípulos voltavam das caminhadas evangelísticas, davam relatório a Jesus de tudo quanto haviam feito e ensinado, assim Jesus podia ajudá-los, fortalecê-los, aperfeiçoá-los, e prepará-los para as novas tarefas.
8) Reprodução (João 15:16) = Jesus tinha como meta que seus discípulos reproduzissem outros discípulos, e assim expandissem sua obra.

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(*) Princípios apontados por Robert Coleman, o Plano Mestre de Evangelismo, 1963.

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