A festa

Autor: Samuel Costa
Chegando à festa confesso que fiquei admirado. Não imaginava que haveria tanta gente. Era cedo ainda e a mansão estava repleta de mulheres bonitas – bonitas não; lindas – e homens muito elegantes. A Mônica (minha esposa) e eu chegamos e achamos estranha a pompa que só conhecíamos em filmes. Dois homens que estavam à porta se encarregaram de guardar nossos pertences e anunciaram, ao microfone, nossa chegada. Como se não bastasse ouvimos palmas e assobios, como se fossemos heróis. Tínhamos consciência de que não éramos. A banda de músicas, no palanque ao fundo, começou a tocar para nós. Enquanto descíamos as escadas pisando o tapete luxuoso, cor de vinho, recebíamos beijos e abraços de muitos que conhecíamos e outros que nos foram apresentados naquela hora.
A alegria era contagiante. Um de nossos amigos nos conduziu a uma mesa que possuía duas cadeiras vagas. As seis pessoas ali sentadas riam a valer das anedotas que um deles contava. Juntamo-nos ao grupo e logo éramos todos como velhos amigos. Enquanto isso, aqueles dois lá da entrada anunciavam, sem parar, outros convidados. E a multidão aclamava. A bebida servida era da melhor qualidade e a comida de um requinte preparado pelos melhores gourmets.
Duas horas mais tarde e estávamos cercados de moças e rapazes ouvindo-nos falar de nossa cidade. Eles não a conheciam, mas sempre ouviram falar dela e tiveram vontade de um dia conhecê-la. Foi, então, que ouvimos anunciar: “Está conosco, Jesus – o glorioso cordeiro de Deus.” As palmas encheram o ambiente e disputaram sonoridade com os gritos de “Viva!”, “Bravo!”, “Glória!”, “Aleluia!”, além dos assobios. Festa pra ninguém botar defeito. O Senhor Jesus entrou sorrindo e foi sentar-se ao lado de seu Pai.
Sei que não estamos acostumados a interpretar o céu como lugar de festa. Mas a Palavra de Deus mostra o céu também como um lugar onde é realizada uma grande e gostosa festa. Daquelas que a gente espera com ansiedade muitos dias para ter a oportunidade de ir. E, enquanto aquela noite maravilhosamente festiva não vem, nos preparamos comprando uma bela roupa, sapatos da moda, ajeitamos o cabelo e nos perfumamos com o que há de melhor.
Na parábola das Bodas, Jesus mostrou que o céu se assemelha a uma festa cujos convidados vêm de todas as partes. Diz o texto: “O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho. Então enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas (…) e a sala do banquete ficou repleta de convidados.” (Mt. 22: 2-3,10). O céu, aos olhos do Senhor, é também um grande banquete, onde o tilintar dos talheres se confunde com as gargalhadas e conversas altas dos convivas alegres.
A proposta de uma festa celestial também está presente na parábola do filho pródigo. Nessa parábola Jesus nos mune de recursos para entender o céu não como um lugar silencioso, com ares de biblioteca sagrada, onde ao menor ruído todos dizem “Psiu!!”, pois ali há gente meditando e orando. Não. O céu, segundo a parábola do filho pródigo, mais se assemelha a uma festa de júbilo e alegria do que a um mosteiro de monges reclusos e silenciosos.
Li, há algum tempo, um livro sensacional, de autoria do rabino Harold Kushner. Nele Kushner relata uma estória fictícia, mas com grande poder de nos fazer ver o real sentido da vida no céu. Segundo o autor certo homem morre, depois de uma vida absolutamente egoísta e imoral vê-se, momentos depois, num mundo de sol brilhante, música suave, cheio de vultos vestidos de branco. Exclama então:
__ Puxa! Nunca esperei por isto. Acho que Deus tem estima especial por malandros espertos como eu!
Passa uma figura envolta em um manto branco e o homem diz:
__ Companheiro, quero comemorar. Posso lhe pagar uma bebida?
A figura, toda de branco, responde:
__ Se com isso você quer dizer bebida alcoólica, não há nenhuma por aqui.
__ Bebida nenhuma, é? Que tal um joguinho? Poker, Biriba, o que você quiser.
__ Desculpe, mas aqui também não se joga.
__ E o que é que vocês fazem o dia inteiro?
O ser de branco responde:
__ Lemos muito os Salmos. De manhã estudamos a Bíblia e todas as tardes há um círculo de orações.
__ Salmos! Orações! Bíblia o dia inteiro! Homem, te digo uma coisa: não foi assim que me descreveram o paraíso!
O vulto de branco sorri e responde:
__ Acho que você não entendeu… Não estamos no paraíso; você está no inferno.
O céu que Deus tem preparado para todos nós que confiamos a nossa vida nas mãos de Jesus é o céu da alegria, da felicidade eterna, da ausência de tédio; é o céu festivo. Alegremo-nos, pois a festa já começou. A música não pára de tocar e todos estão dançando com alegria. O convite? Já está pago pelo próprio dono da festa. Basta acreditar e ir. Os que chegarem lá chegarão porque acreditaram que o preço do convite fora pago por Jesus. Chegarão pela graça. Quem chegar primeiro reserve uma cadeira para mim, na mesa do Senhor.

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