Autor: Elvis Kleiber
Uma das músicas interpretadas por Gilberto Gil, atual ministro da Cultura, possui um refrão que diz: “andar com fé eu vou que a fé não costuma falhar…”. Apesar de apreciar a balada de seu ritmo, discordo da mensagem de infalibilidade da fé, mesmo acreditando que as pessoas possuem uma pluralidade de opções, principalmente quanto ao objeto de sua crença. Ter fé não implica necessariamente confiar em Deus. Na verdade, podemos depositar fé em muitas coisas que nos conduzam para longe da vontade de Deus, principalmente se dissociamos o conhecimento que podemos ter sobre Ele, da confiança que nele depositamos. Só confiaremos plenamente à medida que o conhecermos. Há algum tempo li uma expressão que dizia: “Só dependeremos completamente de Deus à medida que nos conscientizarmos de que Ele é tudo que temos”. Nada pode tirar esta convicção que emana de um coração que se rende ao conhecimento de um Deus que encarnou para nos ensinar a depositarmos fé e esperança apenas Nele.
Sinto que um dos grandes desafios para o homem pós-moderno é desenvolver uma crença que seja pautada em uma experiência pessoal que o faça transmitir sua fé com mais praticidade. Em todas as alas do cristianismo, dos católicos aos protestantes reformados chegando inclusive aos neopentecostais, ouvem-se ensinos sobre Cristo. Mesmo outras doutrinas fora do contexto cristão que não atribuem a missão messiânica de Jesus como o único meio de obtermos o perdão de nossos pecados e eterna salvação de nossas almas pregam e ensinam princípios com base no amor e exemplo de Jesus. Porém, se na crença de alguns falta uma espécie de “monoteismidade messiânica” acerca de Jesus, para outros, embora se dizendo cristãos, não há expressão visível em suas vidas das marcas do próprio Cristo e de sua cruz. Os cristãos praticantes devem expressar uma mudança interior e a lembrança das altas exigências para todos os que desejam seguir Jesus. As bênçãos e prosperidades não devem ser mais relevantes do que o ensino sobre a realidade do sofrimento para quem desejar conhecer, confiar e obedecer a Deus desenvolvendo uma verdadeira e sadia paixão pela vida eterna. Certamente este discurso não atrairá gente ávida por respostas e soluções imediatas e que transformaram a fé em um serviço ou produto de consumo.
Em um dos momentos da vida do apóstolo Paulo ele afirmou que trazia no corpo as marcas de Cristo. Hoje estas marcas devem se evidenciar no exemplo e na prática de uma fé que expressa em meio a sofrimentos a confiança e dependência de Deus. Conservemos firme nossa fé, tendo nossa vida e exemplo como espelho da mensagem que queremos transmitir. Sejamos encorajados sabendo que: “Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma”. (Hb. 10:39). Esteja firme meu irmão e expresse sua fé e suas convicções de maneira inteligente e, acima de tudo, com amor.
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