A Deus o que é de Deus

Autor: Jaime Kemp

Um bom planejamento financeiro pode evitar conflitos na família e na comunhão com o Senhor. Nesta época incerta e perigosa, na qual até mesmo os especialistas discordam quanto aos prognósticos financeiros do mundo, é essencial que os cristãos reavaliem suas atividades e atitudes na área financeira. 
DEUS deixou princípios claros, os quais devemos compreender e utilizar em benefício do Reino, de nossas famílias, da sociedade como um todo. Jesus abordou a questão financeira, de forma geral, em Lucas 16:11: “Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas…”. Em outras palavras, falta de sabedoria e disciplina para gerenciar o dinheiro, indica ausência de maturidade espiritual. No entanto, o contrário também é verdadeiro. Através do discernimento e da aplicação dos princípios transmitidos por DEUS, podemos manejar nossas finanças em um mundo confuso e instável.
Jesus citou duas formas de economia em Marcos 12:17. “Então Jesus lhes disse: dêem a César o que é de César e a DEUS o que é de DEUS”. Muitos cristãos tentam lidar com o seu dinheiro somente conforme os padrões da economia mundial, idealizados por economistas e especialistas da área. A solução, contudo, está em alinhar nossas finanças ao plano econômico de DEUS. O primeiro conceito divino que devemos assimilar é:

A PRIORIDADE DO DINHEIRO.
Estabelecer prioridades é muito importante em todas as facetas de nossa vida, mas assume proporções absolutamente inquestionáveis, quando se trata de dinheiro. Jesus fortaleceu esse princípio, quando disse: “Pois, que adiantava o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos 8:36). A maioria de nós não coloca, conscientemente, o dinheiro acima de tudo. Porém, nosso DEUS, que é sábio e amoroso, sabendo que o mundo faria uma tremenda pressão sobre nós, fez várias referências sobre o assunto em sua Palavra. A sua declaração definitiva pode ser encontrada em I Timóteo 6:10: “Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”
É preciso frisar que o dinheiro, em si, não é o problema básico aqui destacado. O amor ao dinheiro este, sim, é o grande algoz dos que se deixam seduzir e dominar por ele. Devemos sempre reconhecer que o direito soberano sobre nossos recursos financeiros pertence a DEUS. Nossa atitude diante dele, bem como a decisão de gastá-lo, doá-lo e investi-lo, deve ser fundamentada no conceito de que o que somos e temos é resultado da graça do Pai e do fato de que Ele é o dono de tudo (Salmos 24:1).
Muitas famílias enfrentam sérias dificuldades, tentando manter o mesmo padrão elevado do vizinho da casa ao lado. Não é incomum um cristão sentir e acalentar certa inveja de alguém que tenha prosperado financeiramente. Alguns chegam a falir na luta que travam para manter um padrão semelhante ao de fulano ou beltrano. Outros vivem infelizes e frustrados, porque, por mais que se esforcem, não alcançam a mesma prosperidade.
Há outro lado desta questão. A revista Veja de 20 de Fevereiro de 2002, edição 1739, teve, como reportagem de capa, uma matéria mostrando que os objetos de maior desejo do povo brasileiro (classe média), hoje em dia, são três: a educação, o plano de saúde e a previdência privada. Luxo? Será?
Sabemos que a grande maioria de nós não terá dinheiro suficiente para adquirir tudo que julga necessitar. Até esses três tópicos acima acabam, muitas vezes ficando na gaveta dos sonhos. São muitas as faculdades que acabam com matrículas trancadas (às vezes, definitivamente); muitos planos de convênio médico são trocados por outros menos dispendiosos; e planos de aposentadoria privada, a maioria só chega realmente a sonhar com eles. Acabamos nem mesmo conseguindo contribuir como gostaríamos com as causas e ministérios que conhecemos. Para vivermos constantemente manejando nossos recursos, segundo as prioridades divinas, precisamos orar incessantemente para que o Senhor nos mostre quais são elas. Isto nos levará a exercer o segundo princípio:

A DISCIPLINA DO DINHEIRO.
O Senhor Jesus afirma em Lucas 9:23: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me”. Esta declaração define a disciplina cristã que é totalmente necessária, quando se trata de dinheiro.
O mundo nos tenta sem cessar. Orgulho, avareza e cobiça sempre se insinuam ao nosso coração. Temos dificuldades para compreender as variadas formas de tentação. Uma delas é a de gastar para auto-satisfação imediata. Outra sutil e mortal, que até arruína casamentos, é a dívida. Vivemos em uma sociedade que já se acostumou, e praticamente é dominada por ela. O déficit (dívida) governamental é uma realidade. Entra governo, sai governo, e as autoridades não conseguem se adequar financeiramente e saldar suas dívidas que, ao contrário, só crescem.
A engenhosa imaginação publicitária inventou a facilidade que se tornou síndrome: “Compre agora, pague depois”. Fácil, atrativo e destrutivo. Os cartões de crédito são pequenos retângulos plásticos de tentação. E, invariavelmente, ficamos endividados, quando compramos uma casa, um carro, móveis ou aparelhos domésticos. Conforme está escrito em Romanos 13:8: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros”. Não é pecado ter uma conta a pagar em uma loja, utilizar o cartão de crédito ou o crediário desde que as mensalidades sejam pagas em seu vencimento.
Por outro lado, é pecado a dívida a crédito, quando não podemos saldá-la no fim do mês. Regularmente, muitas famílias se comprometem a pagar despesas fixas além de sua renda mensal. Tais despesas são pagamentos obrigatórios que fazem mensalmente durante certo tempo: curto, médio ou longo. Vejamos um exemplo: prestação da compra de uma casa, de um carro ou empréstimo bancário. Ao somar as despesas fixas e perceber que elas chegam a 60% do total da renda mensal, a única constatação possível é a de que a família está em situação complicada e perigosa. A vida familiar então começa a ficar difícil e às vezes insuportável. Tensões, pressões, e ansiedades passam a ser parceiros freqüentes do casal.
Não é de admirar quando o problema acaba provocando divórcio. Tal desastre não é desencadeado da noite para o dia. As pessoas escorregam, quando cedem às tentações e pressões financeiras da economia do mundo, planejada pelo mundo. A tentação é sutil e gradativa, porém, pode ser vencida pela disciplina cristã. Uma pergunta significativa que você deve fazer é: “Que porcentagem posso gastar de minha renda mensal? Para que você não dê um passo mais largo do que sua perna, pondo em risco seu casamento, gostaria de sugerir um terceiro princípio:

ORÇAMENTO FAMILIAR

Lucas 14:28 e 16: 11 ensinam que o planejamento financeiro é absolutamente necessário.
Para cumprir tal princípio, é preciso prepará-lo. Ele não é um fim em si, mas um meio que a família pode utilizar para alcançar estabilidade financeira. Porém, quando um casal prepara um orçamento, isto não quer dizer necessariamente que estão obedecendo aos padrões econômicos divinos. O orçamento é um guia, uma forma de avaliar o progresso de direção ao alvo. No âmbito familiar, o marido e a esposa devem ser cúmplices na elaboração e no cumprimento desse orçamento.
Há despesas fixas, despesas ocasionais e despesas extras. No preparo de um orçamento, alguns elementos devem ser levados em conta.

Vejamos alguns passos básicos:

1 – Fazer um levantamento da renda mensal líquida do casal;
2 – Determinar, através de oração, a quantia que deve ser preparada para contribuições e ofertas mensais;
3 – Listar todas as despesas fixas. Podem ser constantes, despesas como: aluguel, condomínio, prestação de carro, da casa, convênio médico, mensalidade escolar etc…
4 – Listar todas as despesas controláveis: alimentação, supermercado, roupas, gás, água, luz, telefones e itens pessoais;
5 – Somar os passos 2, 3 e 4. A soma não pode ultrapassar o total do item 1. Idealmente, essa soma deve ser um pouco menor que o montante da renda líquida mensal (item 1). A sobra ou restante entre os pontos 2, 3, 4 e 1 deve ser direcionada para investimentos e poupança.
6 – Listar todas os itens de despesas e quantias correspondentes num livro-caixa.
7 – Guardar cuidadosamente todas as notas e recibos dos gastos durante três meses;
8 – Revisar e avaliar o orçamento, quando for necessário;
9 – Manter esse método durante seis meses. Isto ajudará a entender em que o dinheiro vem sendo gasto e controlá-lo, não ser controlado por ele.

Esta iniciativa ajuda o casal a visualizar seus compromissos e contribuirá para a busca da estabilidade e maturidade financeiras. Lembre-se: DEUS não prometeu providenciar ou suprir todos os nossos desejos, mas, sim, todas as nossas necessidades. Nossa tarefa é distinguir entre as necessidades e os desejos. Ore para que o Senhor mostre quais são as prioridades que Ele tem para você e para que Ele lhe dê disciplina ao gastar. Procure fazer com sua esposa ou seu marido um orçamento que corresponda às necessidades e apresente a realidade de sua situação ao Senhor DEUS, para que Ele abençoe aqueles que, sinceramente, procurarem colocar em dia sua vida financeira.
Viva sob a sabedoria do plano econômico de DEUS.
 
Extraído da Revista Lar Cristão, colunas Dinheiro/Administração, Maio 2002

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*