Autor: Jonathan Menezes
“Um povo sem memória é um povo sem história”, disse um certo autor. Isto significa que, mesmo com todas as fontes, documentação, recursos orais e bibliográficos, dentre outros, a história não deve prescindir da memória, enquanto referência identitária, posto que esta configura a própria vida humana no tempo, posteriormente retratada pela história.
Parece-me que o ano eleitoral é um período em que, como tantas vezes na história, a memória costuma sofrer constantes atentados. Um dos atentados mais graves é a “amnésia” coletiva, que leva a população ao esquecimento de episódios políticos tão nevrálgicos outrora vivenciados. Os grandes protagonistas destes “atentados” à memória coletiva são os próprios “políticos”. Não estou me referindo a uma “vala comum”, onde se insere toda a classe política, mas me reporto a uma categoria política específica, que aqui decidi intitular “prometeu desacorrentado”.
“Prometeu desacorrentado” é uma versão satirizada e re-significada da tragédia grega (escrita entre 462 e 452 a.C.), cuja autoria é atribuída ao poeta grego Ésquilo, que se chama Prometeu Acorrentado. Apesar de também ser uma “tragédia”, o cenário político que aqui vislumbramos não se trata de ficção; tão pouco se passa na Grécia Antiga; mas é uma representação da realidade política nacional, e também local. Quero falar um pouco sobre o nosso “Prometeu”. Trata-se de um político corrupto, desleal, populista, demagogo, aclamado pelas massas mais humildes (o chamado “povão”), e abominado pela elite intelectual “mais abastada”, sendo que parte dela e de todo o “resto”, está muito mais preocupada com a conservação de seus privilégios (como é o caso da classe média), mesmo que isto signifique render-se às fascinantes! promessas de “Prometeu” .
Como cidadão, não posso deixar de me indignar com a prática de políticos como “Prometeu”, para quem muito interessa a manutenção da ignorância e do aparente disparate de memória de nosso povo sofrido e caluniado. “Prometeu” se aproveita disso, e promete continuar a realizar as obras faraônicas as quais, num passado não muito distante, mas que parece escapar à lembrança de seus fiéis eleitores, foram “interrompidas” sobe “falsas acusações” de seus opositores, assim alega ele. “Prometeu” é um legítimo representante da perpétua corja de assassinos da justiça e da ética, que grassam no cenário fétido e podre da política brasileira desde seus primórdios.
E o que fazer então, visto que nem a própria Justiça deste país consegue acorrentar devassos como “Prometeu”, que, assim, pode prosseguir gozando dos direitos civis e políticos como qualquer cidadão que se preze, usando e abusando da prerrogativa de prometer e ludibriar as pessoas? Melhor que a “justiça” parcial deste país, é o “desacorrentar” de nossas consciências e o uso correto do voto, como forma inequívoca de dar UM BASTA aos “Prometeus” de nosso país, acorrentando-os pela força da democracia e varrendo-os de vez de cena. A todos nós, cidadãos e cidadãs brasileiros, discernimento, paz e lucidez no pleito que se aproxima.
Faça um comentário