Até que chegues ao Jordão

Autor: Ricardo César
“Se te fadigas com homens que vão a pé, como poderás competir com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que farás na floresta do Jordão?”
(Jeremias, 12.5).

Através desse precioso texto, Deus nos encoraja a observar e vencer pequenas dificuldades e provações para que então estejamos prontos a encarar, com segurança, as grandes provações que nos esperam lá adiante, “na floresta do Jordão”…

O Senhor leva Jeremias a arrazoar, nos versículos anteriores, sobre o porquê dos ímpios prosperarem mais facilmente do que os justos; o porquê dos inimigos do Senhor colecionarem, muitas vezes, mais vitórias dos que Seus amigos. Esta questão é, sem dúvida alguma, uma das que mais tratamos em nossas conversas com Deus! “Por que, Senhor, por que não dá certo conosco, que temos procurado ser Teus amigos – e Tu até nos elegeste e passaste a nos chamar de filhos?”.

Então Ele, que jamais silencia definitivamente, apresenta a Jeremias a causa de toda a sua fragilidade, e conseqüentemente, vulnerabilidade: “Jeremias, se você não consegue vencer nem um homem estando ele a pé, como espera ter sucesso na batalha contra guerreiros terríveis, montados a cavalo, nas margens do rio Jordão?”.

O profeta tinha tanta noção do seu despreparo e vulnerabilidade que estava preocupado com os guerreiros nas margens do Jordão… É assim que acontece conosco: tememos e nos assustamos tanto com as grandes dificuldades que enfrentaremos um pouco mais à frente, que não temos a visão e poder de decisão para nos aperfeiçoarmos, como íntimos e acostumados com a vitória sobre as dificuldades do “agora”, do dia de hoje – “basta ao dia o seu próprio mal” (Mateus, 6.34). Primeiro, Jeremias deveria aprender a vencer um soldado, para então contar como certo vencer dois, três, até chegar a um exército.

Essa palavra foi dada a Jeremias, mas seu sentido é muito mais abrangente: aplicava-se a todo o povo de Israel; hoje, aplica-se a cada um dos seguidores do Senhor Jesus Cristo. Quanto à nossa vida espiritual, se desertarmos diante de qualquer teste que esteja diante de nós, sempre ficaremos acuados, acanhados, covardes e desesperançosos. E não é isso o que Deus separou para o Seu povo.

Já que não podemos criar resistência às grandes adversidades, e se não nos acostumarmos a vencer, dia a dia, todas as pequenas dificuldades que se nos apresentam, como passaremos por testes de fogo – se nos acovardamos diante de qualquer centelha? Nesta situação, um dos maiores erros que podemos cometer é pedir a Deus que nos isente das provações, pois elas são didáticas, nos treinam e preparam para vencermos as grandes adversidades…

Foi assim com Davi. Deus o preparou para encontrar e derrotar Golias [o gigante], antes colocando diante dele um leão e, numa outra vez, um urso. Não deve ter sido assim tão fácil matá-los, mas Davi conseguiu… Isto serviu para encorajá-lo diante do gigante Golias… “Eu já matei um leão e um urso… esse incircunciso vai cair…” (I Samuel, 17:36).

Não tenhamos tanto medo assim de leões e ursos…
No temor do Senhor.

Rev.
Igreja Presbiteriana da Penha (RJ)
Primeira Igreja Presbiteriana Unida do Recife (PE)

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