A desvantagem da vantagem

Autor: Antonio Carlos Barro
Vivemos todos bombardeados pelas mensagens implícitas e explicitas da propaganda, especialmente aquela veiculada pela televisão. Recentemente um banco mostrou o passeio de um pai com o seu filho. Uma cena bonita e algo até raro nos dias atuais, pois a maioria dos pais está cansada de tanto trabalhar ou não vê nenhuma importância em estar com os seus filhos. Por isso, aquela propaganda tem um toque especial retratando uma situação de amor e carinho.
Mas, como é uma propaganda, algo mais tem que ser mostrado ou tem que ser dito. O algo mais da mesma é o apelo ao consumo. O pai vai comprando coisas todo alegre e mostrando para o filho que faz isso usando o seu cartão de crédito (ou seria cartão de débito?). A cada compra uma celebração, uma vantagem foi conseguida. O filho vai internalizando a lição, vai aprendendo que uma hora deve chegar a sua vez de ter vantagens.
Como deveria acontecer, acontece mesmo. Passando por uma vitrine o menino vê um brinquedo, um boneco. Aquilo que poderia ser algo belo e inocente, transforma-se na armadilha da vantagem: o boneco pisca para o menino como que incentivando-o, lembrando-o que agora é a sua vez de ter vantagem. Sim, a história termina com um final feliz (para o banco), pois o pai faz mais uma compra e o banco ganhou mais um cliente fiel no futuro – o menino.
Propagandas como essas, bem feitas em todos os sentidos, têm o poder de seduzir, de instilar nas pessoas o desejo do consumo desenfreado. Essa propaganda em particular é nociva para a família cristã. Ela mostra um pai que não faz nenhum planejamento financeiro para o seu lar, um pai que ao invés de aproveitar o seu maior tesouro (o filho) faz compras que não estavam previstas. Mostra um filho que certamente vai confundir amor com presentes, carinho com barganha: “meu pai me ama porque ele dá coisas para mim”.
Fico pensando nos milhares de pais e filhos que vêem comerciais como estes por este Brasil afora. Pais que não conseguem trazer o alimento decente para os seus filhos devem se sentir mais miseráveis ainda diante do fato de que não podem proporcionar aos mesmos um monte de vantagens. Quantos filhos devem nutrir sentimentos de dúvidas a respeito do amor de seus pais, pois os mesmos nunca saem para passear e proporcionar vantagens a eles? Propagandas como essas e outras são nocivas para a família cristã.
Finalmente, isto nos remete às palavras do grande apóstolo Paulo: “porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre. Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade”. Nos dias de hoje, se associa a felicidade a ter coisas. Não é possível ser abençoado se não tiver vantagens. A nossa grande vantagem, todavia, não é ceder a um piscado do consumo, mas sim ter Deus ao nosso lado como ainda escreve Paulo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece.”
 

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