Autor: Autor Desconhecido
O significado da prece
A palavra hebraica tefilá é geralmente traduzida para outros idiomas pelas palavras “prece” ou “oração”, mas esta não é uma tradução fiel, pois fazer uma prece significa pedir, suplicar, implorar e termos semelhantes, para os quais existem diversas palavras hebraicas que transmitem este sentido com maior precisão.
As preces cotidianas não são simples pedidos dirigidos a D’us para prover as necessidades do dia-a-dia e nada mais. Tais pedidos também são incluídos nas orações, mas na realidade as preces são muito mais do que isso.
Por que rezamos?
A prece é um mandamento de D’us. Ele ordenou que dirigíssemos nossas preces a Ele tão-somente. Em tempos de atribulação devemos nos voltar para D’us em busca de ajuda; em tempos de bem-estar devemos expressar nossa gratidão; e quando tudo vai bem conosco devemos ainda orar a D’us, todos os dias, para que Ele continue a nos mostrar Sua benevolência e nos conceda nossas necessidades.
Por que devemos orar a nosso Pai; não sabe Ele melhor do que nós mesmos, quais são nossas necessidades? Não é D’us, pela Sua própria natureza, bom e benevolente e sempre disposto a nos ajudar? Afinal de contas, os filhos não “rezam” aos pais que os amam para que os alimentem, os vistam e os protejam; por que então deveríamos orar a D’us por estas coisas?
Como todos os outros mandamentos que D’us nos ordenou cumprir, não por Ele, mas por nós, Ele nos mandou orar a Ele pelo nosso bem. D’us não precisa de nossas preces, mas nós não podemos ficar sem elas. É bom para nós mesmos reconhecer nossa dependência de D’us para a vida: a saúde, o pão de cada dia e o bem-estar em geral. Devemos fazê-lo todos os dias e repetidamente. Devemos recordar frequentemente de que nossa vida e felicidade são um presente do Criador misericordioso. D’us não nos deve nada; no entanto, Ele nos dá tudo.
Devemos tentar agir da mesma forma em relação aos nossos semelhantes; ajudá-los com amor e sinceridade. Devemos expressar nossa gratidão a D’us, não com palavras apenas, mas através de atos, obedecendo Seus mandamentos e seguindo Sua orientação através da Torá e do cumprimento das mitsvot, preceitos.
Mesmo em tempos de tribulação não desesperaremos, pois sabemos que, de alguma forma, o que quer que nos aconteça é para o nosso bem, em forma de uma bênção disfarçada.
A escada
Nossos sábios declaram que a escada que o Patriarca Yaacov (Jacó) viu em sonho, com anjos de D’us “subindo e descendo por ela”, era também o símbolo da oração. Uma escada que “se apoiava na Terra e alcançava o Céu”, significa que D’us mostrou a Yaacov que a prece é como uma escada que liga a Terra ao Céu, o ser humano a D’us.
As significativas palavras da prece e as boas resoluções que evoca são transformadas em anjos que sobem a D’us que, por Sua vez, envia anjos com bênçãos de volta. É por isto que Yaacov viu no seu sonho anjos que “subiam e desciam”, embora fosse de esperar que anjos descessem primeiro para depois subir.
“Por que oramos?” é apenas o primeiro degrau da “escada” da prece. Num nível mais alto, a oração tem a ver com assuntos mais elevados do que as necessidades materiais de todos os dias.
A palavra hebraica tefilá deriva do verbo palel (julgar). Usamos o verbo reflexivo lehitpalel (orar) que significa também se auto-julgar. Assim, a hora da prece também é a hora do auto-julgamento e da auto-avaliação.
Se a pessoa se dirige a D’us e pede Suas bênçãos, tem inevitavelmente, de perscrutar seu coração e se examinar para verificar em que altura está dos padrões de conduta que D’us prescreveu para o homem.
Enfatizamos nas preces a infinita bondade e misericórdia de D’us e oramos a Ele que conceda os desejos do nosso coração, não porque o mereçamos, mas apesar de não o merecermos.
Avodá – Serviço
Num nível ainda mais elevado, a prece se torna avodá (serviço). A Torá nos ordena “servir a D’us com o coração” e nossos sábios questionam: “Que espécie de serviço é o ‘serviço do coração’?” E respondem: “É a prece.” Neste sentido, a prece significa a purificação do coração e de nossa natureza.
O sentido simples de avodá é trabalho. Trabalhamos com material cru e o convertemos em produto refinado e acabado. Removemos as impurezas e o transformamos em algo útil ou belo. Do mesmo modo, cada judeu está cheio de maravilhosos tesouros de caráter como recato, bondade e outros traços positivos naturais. Mas, às vezes, estão soterrados e cobertos por “solo” e “poeira” que devem ser removidos.
Falamos de uma pessoa de bom caráter como “refinada” ou de caráter “refinado”. Implica em um grande esforço superar coisas como orgulho, ira, ciúmes e traços negativos semelhantes. Tefilá, no sentido de avodá, é a refinaria na qual as impurezas de caráter são removidas. Estes maus traços de caráter provêm da alma animalesca do homem e são naturais a ela. Mas somos dotados de uma alma Divina que é uma centelha da própria Divindade e o repositório de todas as maravilhosas qualidades que tornam o homem superior aos animais.
Durante a prece, a alma Divina fala a D’us e até a alma animal se enche de santidade. Tornamo-nos cientes das coisas que são verdadeiramente importantes.
Mesmo quando oramos por vida, saúde e sustento, pensamos nestas coisas no seu sentido mais profundo: uma vida digna de ser chamada vida; saúde não só física, mas sobretudo espiritual; sustento, aquilo que realmente nos sustenta neste mundo e no Vindouro: a Torá e mitsvot.
Tefilá – Ligação
O nível mais alto na “escada” da prece é alcançado quando ficamos tão inspirados a ponto de não desejar mais nada a não ser o sentimento de ligação com D’us. Neste nível, tefilá se relaciona ao verbo usado na Mishná (codificação da Lei Oral), tofel, (ligar, juntar).
Nossa alma é uma parte da Divindade e por isso almeja ser reunida e reabsorvida pela Divindade, assim como uma pequena chama é absorvida quando colocada perto de uma chama maior. Podemos não nos dar conta deste desejo de ligação, mas não obstante ele existe.
Na verdade, a alma é “a vela de D’us”. A chama de uma vela é inquieta e tenta subir, como que procurasse se arrancar do pavio e do corpo da vela, pois tal é a natureza do fogo: forcejar para o alto. A alma também se dirige para o alto como a chama de uma vela. Tal é a sua natureza, quer estejamos cientes disto ou não.
Esta é também uma das razões por que um judeu balança o corpo involuntariamente quando reza, pois a prece é o meio pelo qual nos ligamos a D’us, com uma profunda ligação de “espírito para espírito” e, ao fazer isto, a alma, como que se eleva para o alto para se reunir com D’us.
A prece é como uma escada de muitos degraus. Para chegar ao topo é preciso começar em baixo e ir subindo com perseverança. Para sermos capazes disto, as preces foram profeticamente compostas por profetas e sábios da antiguidade e organizadas também como uma escada, guiando-nos gradativa e firmemente para uma inspiração e elevação cada vez maior e mais significativa.
Origem das preces
A Lei Judaica nos orienta sobre o dever de orar três vezes ao dia: de manhã, à tarde e após o anoitecer chamadas Shacharit (Matinal), Minchá (Vespertina) e Arvit (Noturna).
Nossos sábios nos contam que o costume de orar três vezes ao dia foi originalmente introduzido pelos Patriarcas: Avraham (a Prece da Manhã), Yitschac (a Prece da Tarde) e Yaacov (a Prece da Noite).
Nós, os filhos de Avraham, Yitschac e Yaacov, herdamos três qualidades de nossos Patriarcas, respectivamente: a bondade e amor com que se distinguiu Avraham; justiça e reverência de Yitschac e virtude da verdade e misericórdia de Yaacov. Isto nos capacita a servir a D’us e dirigir-Lhe as preces com amor, temor (reverência) e misericórdia.
Quando a Torá nos foi outorgada no Monte Sinai, um modo de vida foi para nós estabelecido por D’us. Torá quer dizer “ensinamento”, “instrução”, “orientação”. A Torá nos ensina como devemos viver em cada momento e detalhe da nossa vida. Ela contém 613 mandamentos. Entre eles está o mandamento de “servir a D’us com todo nosso coração e toda a nossa alma”. Como é que servimos a D’us com o nosso coração? Elevando nossas preces, rezamos, tememos e amamos D’us.
Durante os primeiros mil anos, mais ou menos, desde o tempo de Moshê (Moisés), não existia uma ordem estabelecida para as orações. Cada pessoa tinha a obrigação de orar a D’us todos os dias, mas a forma da prece e quantas vezes por dia deveria rezar, ficava a critério de cada um.
Existia entretanto uma ordem de serviço estabelecida no Templo Sagrado ligada aos sacrifícios diários de manhã e ao entardecer, enquanto que o sacrifício da tarde se estendia pela noite adentro. Nos dias especiais, como Shabat, Rosh Chodesh (o primeiro dia do mês) e Yom Tov (Festas Judaicas), havia também sacrifícios de Mussaf (adicionais). Desta forma, talvez fosse costume que alguns judeus orassem três vezes ao dia, a sua própria maneira, de manhã, ao entardecer e à noite. O rei David, por exemplo, declarou que rezava três vezes ao dia. O profeta Daniel (na Babilônia) também orava três vezes por dia, com a face voltada a Jerusalém.
Depois que o Templo Sagrado foi destruído e os judeus levados ao cativeiro na Babilônia, continuaram a se reunir e orar em congregação. Mas durante os anos do exílio, faltou às crianças, que nasceram e se criaram na Babilônia, um conhecimento adequado da língua hebraica e falavam um idioma misto. Por isso, quando os judeus voltaram a sua pátria, após setenta anos de exílio, Ezra, O Escriba, junto com os homens da Grande Assembléia, formada por cento e vinte profetas e sábios, fixaram os textos das preces cotidianas entre as quais a Amidá, composta por dezoito bênçãos, e estabeleceram como instituição permanente e norma da vida judaica o dever de recitar esta prece três vezes ao dia.
Desta forma, as partes principais das preces diárias foram formuladas pelos nossos sábios incluindo o Shemá e a Amidá, que ainda continuam sendo as partes principais das preces da manhã e da noite, enquanto a Amidá é a parte principal também do serviço de Minchá.
O Cântico do Dia (de Tehilim, Salmos) entoado pelos leviyim (levitas) no Bet Hamicdash, Templo Sagrado, tornou-se parte da oração matinal. Outros Salmos de David foram incluídos no serviço da manhã e bênçãos especiais foram acrescentadas antes e depois do Shemá.
Ao tempo em que a Mishná foi registrada por escrito por Rabi Yehudá o Príncipe (por volta do ano 3910 da Criação – uns 500 anos depois de Ezra), especialmente ao tempo em que o Talmud foi concluído (uns 300 anos depois, ou cerca de 1500 anos atrás), a ordem básica das nossas preces, tal como as conhecemos agora, estava formulada.
O sidur
O sidur é o nosso livro de orações tradicional, contendo as três preces diárias e também as de Shabat, Rosh Chôdesh e Yom Tov. Sidur significa ordem, pois no sidur encontramos as orações na sua ordem apropriada e pré-fixada. Ás vezes, por questão de conveniência, as orações de Shabat e de Rosh Chôdesh podem ser impressas em um volume à parte. As preces de Rosh Hashaná e Yom Kipur são geralmente impressas em volumes separados chamados Machzor (ciclo). Às vezes, as preces para as Três Festas de Peregrinação – Pêssach, Shavuot e Sucot – também são impressas em volumes separados.
O mais antigo sidur que chegou até nós é de Rav Amram Gaon, chefe da Yeshivá de Sura, na Babilônia, cerca de 1100 anos atrás. Ele o preparara atendendo ao pedido dos judeus de Barcelona, Espanha. Este sidur contém a ordem das orações para o ano inteiro, incluindo algumas leis referentes às preces e costumes. Foi copiado e usado não só pelos judeus da Espanha, mas também da França e da Alemanha. E foi de fato o livro padrão de orações para todas as comunidades judaicas. O Sêder Rav Amram Gaon permaneceu em forma manuscrita durante cerca de mil anos até que foi impresso, pela primeira vez, em Varsóvia, em 1865.
Rav Saadyá Gaon, que foi chefe da Yeshivá de Sura, menos de cem anos depois de Rav Amram Gaon, organizou um sidur para os judeus dos países árabes com explicações e instruções em árabe.
O Rambam (Rabi Moshê ben Maimon – Maimônides) em seu famoso livro Mishnê Torá, Código da Lei Judaica, também preparou a ordem das preces para o ano inteiro, inclusive a Hagadá de Pêssach.
Mais um dos sidurim antigos é o Machzor Vitri, composto por Rabi Simchá Vitri, um discípulo de Rashi, um dos maiores e mais consagrados comentaristas, e completado no ano 1208.
Nussach – Costume
O nussach, texto ou forma, é as vezes usado no sentido de costume ou rito. Ao abrirmos um sidur, encontraremos na primeira página uma indicação sobre a qual nussach ele pertence: Nussach Sefarad (espanhol), Ashkenaz (alemão), Polin (polonês), Nussach Ari (organizado de acordo com Rabi Yitschac Luria), etc.
Deve-se compreender que em todos estes diversos sidurim o corpo principal das preces é o mesmo, mas há certas diferenças na ordem de algumas orações, pequenas modificações também no texto de algumas.
De acordo com a explicação do Maguid de Mezritsh (discípulo e sucessor do Báal Shem Tov), existem ao todo treze costumes. Cada um representa um grupo ou portal. O Rabi Yitschac Luria compôs um nussach de portal geral, através do qual qualquer judeu pode entrar e chegar à presença de D’us.
O primeiro sidur impresso foi o Nussach Romi (dos judeus italianos) em Soncino (Itália) em 1486. O primeiro sidur Nussach Ashkenaz foi impresso em Praga em 1513 (e a segunda parte em 1516) e o primeiro Nussach Sefarad em Veneza, em 1524. Com o passar do tempo outros sidurim foram impressos de acordo com os costumes poloneses, romenos, balcânicos e de outros países.
Quando Rabi Yitschac Luria organizou o sidur de acordo com a Cabalá, muitas comunidades o adotaram e uma nova série de Sidurim Nussach Ari foi impressa. Os impressores nem sempre eram bastante cuidadosos com a impressão e, não raro, aconteciam erros. Finalmente, o ilustre Rabi Shneur Zalman de Liadi, talmudista e cabalista, examinou cerca de sessenta sidurim diferentes e recompôs um nussach de acordo com o Nussach Ari original, que ficou conhecido como Nussach Chabad.
Qualquer que seja o nussach tradicional seguido, é sagrado e aceitável por D’us.
O importante é rezar com devoção, amor, reverência e misericórdia.
peço oraçao pela paz e saude de luisa matiko hasegawa e sua familia .muito obrigado
peço oraçao pela paz e saude de mauro akira hasegawa e sua familia .muito obrigado