Bem aventuranças: uma esperança

Autor: Giovanni Campagnuci Alecrim

Bem aventuranças: uma esperança. Um ensaio sobre a mensagem da comunidade de Mateus para o povo latino americano.
Trabalho apresentado em exigência ao primeiro semestre da cadeira de Teologia do Novo Testamento Seminário Teológico de São Paulo da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil – São Paulo, junho de 2002
Este texto tem uma árdua missão: fazer um elo entre as mensagem da comunidade de Mateus, no seu capítulo cinco, dos versos um ao doze, conhecido como a passagem das bem aventuranças, com a comunidade latino americana do século vinte um.
Começaremos mostrando um breve esboço desta perícope, ressaltando alguns pontos interessante no processo de composição do texto. A partir do esboço começaremos com um questionamento de suma relevância para nossa discussão: a tradução da expressão “bem aventurado”. Mostraremos possíveis equívocos, variações e interpretações que podemos colher a partir daí.
Logo após traçaremos um panorama do Reino de Deus no texto da comunidade de Mateus, mostrando suas contribuições em relação ao texto de Marcos e suas criações.
Como item relevante, traçaremos a seguir um perfil do pobre da comunidade de Mateus, mostrando as possíveis interpretações deste.
Para conclusão, traçaremos uma ponte entre a mensagem de Mateus e a realidade latino americana, encontrando assim possíveis elos de ligação, quando enfim, chegaremos a mensagem que esta comunidade do início do cristianismo tem para nós hoje.
A bibliografia, embora vasta para este tema, quando tange à questão latino americana tem-se certa dificuldade em encontrar textos de relevância para as nossas questões, contudo não nos privamos de consultar autores e obras relevantes composição deste trabalho.

Mateus 5:1-12 – um breve esboço
Para um melhor entendimento da perícope, propomos a seguir um esboço, feito à partir da tradução de João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada, tradução esta escolhida pelo simples fato de ser a mais corriqueiramente utilizada nas comunidades em que trabalhamos.

1 Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos;
2 e ele passou a ensiná-los, dizendo:
3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
5 Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
10 Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11 Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal ontra vós.
12 Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
Diante do texto propomos o seguinte esboço:

1) Introdução – Versos 1 e 2.
2) As bem-aventuranças do Reino vivido.
3) A bem-aventurança da busca do Reino e sua implicações.

Justifica-se a divisão da seguinte forma: temos nos dois primeiros versos a montagem do cenário onde é proferido o discurso. Temos a delimitação de espaço e público onde e para quem está sendo proferido.
O início do discurso caracteriza-se pela composição de frases na terceira pessoa do singular e plural. Temos neste segundo item do esboço não só uma característica gramatical, mas temos também a relação causa – conseqüência. (bem aventurado – porque).
A quebra dessa relação caracteriza o rompimento da terceira divisão deste esboço. Na última bem aventurança temos a justificação da bem aventurança além da inclusão da primeira pessoa – minha causa – e da mudança para segunda pessoa do plural – vos injuriarem.
Diante desta estrutura apresentaremos mais adiante um questionamento quanto à tradução da expressão “bem aventurado”.
Bem Aventurado – uma tradução a ser questionada
Bem aventurado, bendito, feliz. O primeiro salmo da bíblia começa com a expressão “bem aventurado”. A tradição judaica da Beraká, a benção, nos mostra a proclamação da vida frente as dificuldades e à morte.
A tradução a ser questionada não é a do grego para o português, mas a do aramaico para o grego. Segundo Marcelo Barros, o termo “ASHERÊ” sofreu um equivoco em sua tradução. O sentido original seria algo próximo a “Em marcha…”, “Caminhando…”.
A mesma tradução é contraposta frente ao conceito da felicidade que está implícita no Reino de Deus. O queremos propor a seguir é uma releitura das chamadas “bem aventuranças” alternando o termo pelas sugestões de “Em marcha…” ou “Caminhando…”.
3 Em marcha os humildes de espírito, pois deles é o reino dos céus.
4 Em marcha os que choram, pois serão consolados.
5 Em marcha os mansos, pois herdarão a terra.
6 Em marcha os que têm fome e sede de justiça, pois serão fartos.
7 Em marcha os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia.
8 Em marcha os limpos de coração, pois verão a Deus.
9 Em marcha os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.
10 Em marcha os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o reino dos céus.
11 Em marcha quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
Á primeira vista temos uma má adequação do termo junto ao restante do conjunto. Porém se entendermos a expressão “Em marcha…” como um acontecimento, ou seja, “ao ser”, “ao fazer”, passamos a um melhor entendimento do texto.
3 Sendo humildes de espírito, de vocês é o reino dos céus.
4 Quando chorarem, vocês serão consolados.
5 Sendo mansos, vocês herdarão a terra.
6.Tendo fome e sede de justiça, vocês serão fartos.
7 Sendo misericordiosos, vocês alcançarão misericórdia.
8 Sendo limpos de coração, vocês verão a Deus.
9 Sendo pacificadores, vocês serão chamados filhos de Deus.
10 Sendo perseguidos por causa da justiça, de vocês é o reino dos céus.
11 Sendo, por minha causa, injuriados, e perseguidos, e, mentindo, disserem todo mal contra vós

Além da alteração gramatical temos aqui uma leve mudança de sentido. É ao vivenciar cada passo citado é que seremos agraciados. Queremos ressaltar aqui a dificuldade em adaptar a versão “Em marcha…” no último item das “bem aventuranças”. Esta dificuldade, acreditamos, deve-se ao fato dos versos 11 e 12 serem inserções posteriores à primeira composição do texto.
Concluímos que não basta ao cristão da comunidade de Mateus se conformar, ou seja, não se lamentar quando passar por dificuldades, mas deve, antes de tudo, praticar tais predicados para que possa vivenciar o Reino de Deus.
O Reino de Deus para a Comunidade de Mateus.
O conceito de Reino de Deus no Novo Testamento não é fechado. Jesus fala de um Reino que está longe e próximo, dá as diretrizes para os que querem entrar ou se afastar dele, porém não nos deixa claro o que vem a ser a “basileia tou theou”.
Como evangelho composto cerca de 20 após o de Marcos, Mateus herda e modifica a pregação do Reino que Marcos trás. O interessante é notarmos que o uso de “basileia tou theou” ocorre apenas quatro vezes em todo o evangelho (12:28; 19:24; 21:31;21:43). Os termos correlatos ou semelhantes, como “Reino dos Céus” (“basileia tou ouranon”) são mais freqüentes. Outra característica importante é que por três vezes “basileia” é caracterizado por um genitivo, o que remete o termo a um “Reino do Filho”. Esta afirmação dá ao termo “Reino” uma dimensão escatológica.
A realeza de Jesus é apresentada como futura, porém Ele tem consciência disto ainda na terra, e prega a vinda deste Reino. O Reino é uma latente em Mateus, que já o insere no discurso de João Batista (3:2), mais adiante o próprio Jesus a reafirma aos discípulos (10:7).
Em Mateus o Reino assume dimensão cósmica, universal no espaço, porém isso não o torna atemporal, pois este mesmo Reino manifesta-se na história.
Desde o principio foi confiado a Israel a missão de instaurar o Reino de Deus. Foi para Israel que Deus deu a missão de construir o reino de justiça, missão esta, que Mateus revelou-nos, que Israel não conseguiu cumprir.
Desde a queda para Babilônia, Israel viera a atingir seu apogeu em injustiça. Reinava sobre os judeus um rei que não hesitava em massacrar seus filhos e que estava submisso à Roma, centro da opressão contra Judá.
Neste espaço de tempo que Deus levanta da cidade de Belém – mesma cidade de onde veio Davi – Jesus. Sua missão: cumprir o que Israel não consegui: instaurar o Reino de Deus através de Israel.
O que Jesus encontra não é uma situação fácil, em resposta a instauração do Reino, os chefes judeus mostram-se inabaláveis. Israel recusa o rei. De modo profético, Mateus já nos antevê esta recusa no episódio dos magos, enviados de outras terras, enquanto o próprio povo e seu rei o rejeita. Ao longo das narrativas de milagres e curas, vemos Jesus ressaltando a fé e confiança dos que são de fora de Israel, privilegiando mais samaritanos do que judeus em seus comentários, o que deixa claro a expansão da incumbência de instaurar o Reino. Agora não mais a Israel, mas a todos quanto crêem, está posta a incumbência de instaurar e viver o Reino de Deus.
Em Mateus fica claro que o Reino de Deus é um Reino de Justiça, onde a premissa é o reconhecimento da realeza de Jesus e a instauração deste Reino é visível graças a atuação daqueles que são chamados ao Reino.
Diante desta afirmação, cabe aqui algumas ponderações sobre a manifestação deste Reino. existe uma tônica nos evangelhos: todos são escritos à luz da ressurreição. Isto quer nos dizer que o Reino de Deus é a vitória acima de qualquer barreira, inclusive a morte.
A proclamação do Reino feita no chamado “Sermão do Monte” é confirmada através dos milagres e curas que seguem-se a esta perícope. Podemos aqui afirmar que os sinais do Reino, para Mateus, são as manifestações destes milagres e destas curas.
Em Mateus temos também a clara distinção entre os que escolhem ou não viver de acordo com o reino. As parábolas evocam claramente este conceito, mostrando inúmeras vezes que não compete à Israel a escolha, nem a quem quer que seja, mas os escolhidos virão, seja no princípio, seja no fim.
O julgamento virá. Esta afirmação em Mateus é manifestada usando-se de figuras judaicas, mesclando o discurso real com a linguagem figurada. O resultado deste julgamento figura-se de “choro e ranger de dentes” à “eternidade com o Pai”. Esta última é a herança para os eleitos, a eternidade na presença do Pai, onde Jesus está assentado à direita e aos doze é dado o poder para julgar as doze tribos de Israel.
Concluímos que em Mateus temos uma visão do Reino de Deus de forma mais atemporal, com nítida dimensão ética, permeada pelos conceitos da Torá, o que nos revela uma clara influência judaica. Presente e futuro não surtem qualquer efeito no Reino de Deus, pois o que interessa é certeza de que este Reino está entre nós, é real, e está acima das circunstâncias que venham a nos assolar.
O Pobre da Comunidade de Mateus
Para identificar a pessoa para quem é escrito, ou o perfil desta comunidade, precisamos lançar os olhos sobre os parâmetros que tangem a composição do texto e sua localização.
Há uma probabilidade grande que o texto tenha sido escrito para os judeus-cristãos pós 70, ou seja, após a destruição do templo. Estes judeus, conhecedores da Lei, precisavam ser reanimados em sua esperança e fé.
“Bem aventurados os que tem fome e sede de justiça”.
Sendo este destinatário um cristão oriundo do judaísmo, não se faz necessária sua localização propriamente em Jerusalém. Há indícios, levantados no início do século II por Inácio, que indicaria Antioquia ou Fenícia como local de composição do texto.
Mas enfim, quem é este pobre que buscamos? Talvez o maior indicio esteja na primeira “bem aventurança”:
“Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”.
Há aqui uma possibilidade deste pobre não ser apenas uma comunidade marginalizada pela sociedade, mas uma comunidade que enfrenta turbulências espirituais. O que queremos dizer? Que o pobre da comunidade de Mateus pode ser o judeu cristão, pós templo, influenciável e confrontado pelos helênicos. Confrontos estes vistos claramente nos textos de São Paulo. Estes confrontos estão visíveis nas “bem aventuranças” seguintes. Os mansos, os limpos de coração, os que choram, os que são perseguidos – embora este últimos já tenhamos alertado quanto a sua possível inserção posterior – são algumas das características apontadas para identificar uma comunidade que chora por ser perseguida, que tem se mantida serena e calma diante da turbulência “espiritual” que enfrenta, que tem se mantido “limpa” diante das influências a que está sujeita.
Esta comunidade revela-se preocupada com o evangelho para o “pagão” (28:19). Há também uma relevância grande no papel dos doze discípulos, a quem esta comunidade confere um status de intérpretes e divulgadores das boas novas, mesmo quando fracos na fé. Porém o maior legado que esta comunidade nos deixa é o de apresentar Jesus como o Rabi, o mestre, o Docente por Excelência. Talvez aí um traço que reafirme sua origem judaíco-cristã. Este mestre está preocupado com a formação de seus discípulos. Quer construir um Reino de justiça, de amor e de verdade, onde as diferenças são suprimidas pelo amor ao próximo e pelo amor à Deus. Como o “Rabi por Excelência”, Ele deseja ver seus discípulos como promotores deste Reino, que como já vimos, é acentuado por Mateus.
Concluímos propondo que este pobre seja o judeu cristão, pós destruição de 70, localizado na região de Antioquia, enfrentando perseguição e ataques filosóficos-religiosos. Há, contudo, de se salientar que está não é uma definição fechada, mas um conceito montado diante de fatores levantados pelos autores consultados.
Bem aventuranças: esperança para comunidade latino-americana
Como con
clusão, queremos propor tornar relevante para a comunidade latino americana o discurso da comunidade de Mateus, por isso passamos aqui a discorrer sobre esta relação, da qual tiramos a pergunta: afinal; o que a comunidade de Mateus quer dizer aos latino americanos com as bem aventuranças?
Tal qual a comunidade de Mateus, nosso povo latino americano encontra-se aflito, oprimido, perseguido.
Temos nas periferias de nossas grandes cidades o contraste entre o abastado e o pobre, o que chamamos de “Retrato Morumbi”. Esta nomenclatura tem uma justificativa. No bairro localizado na região sul de São Paulo, Brasil, temos uma das maiores rendas do país, mansões e apartamentos de “alto nível”, padrão de vida elevado. Porém, no meio do bairro persiste um oásis que insiste em crescer: Paraisópolis. Uma favela que cresce cercada pelo bairro do Morumbi por todos os lados. Paraisópolis não é bem um paraíso, mas nos mostra o retrato do povo latino americano: sufocado pelos poderosos, cercado pelo poder dominante, oprimido pela situação que lhe é imposta, sem poder reagir dentro da lei, tendo que encontrar brechas no sistema para poder ser erguer. Vigiados, perseguidos, oprimidos, carentes, sem saúde, sem emprego, sem saneamento básico.
Assim como em Paraisópolis, as periferias das capitais de nossa América Latina é permeada por este quadro de desigualdade social. Deixando os grandes centros, e voltando os nossos olhos para o interior, temos super safras, numerosos rebanhos, plantações gigantescas. Em contraponto temos trabalhadores explorados, agricultores sem terra, mulheres e crianças à margem deste sistema. O quadro só muda de cor, mas as figuras são as mesmas, tanto no campo como na cidade: Desigualdade, injustiça, miséria.
O grito do povo oprimido é ouvido? Depende. Há quem ouça, mas há quem ouve e prefere dizer que não ouviu. Poderíamos começar a citar fatos: lutas contra Regime Militar, pelo Direito à Terra, por Educação e Saúde. Pessoas lutaram e lutam por direto e justiça, na cidade.
O que a comunidade de Mateus tem a nos dizer, através das bem aventuranças? O que a as bem aventuranças querem dizer aos latino americanos, vítimas de anos de opressão e miséria?
Queremos propor uma livre interpretação das “bem aventuranças” estabelecendo uma “simples explicação” do que a comunidade de Mateus quer nos dizer.
Sendo humildes de espírito, de vocês é o reino dos céus.
Aos humildes de espírito, os que tem em suas vidas a batalha pela sobrevivência. Aos que encontram-se oprimidos pela religiões, pelas “vãs filosofias”, pelas “misérias culturais”, destes pertencem o Reino dos céus.
Quando chorarem, vocês serão consolados.
Quando não houver mais esperança, quando a tristeza vos abater, quando o choro for a resposta do corpo ao desespero que vocês enfrentam, lembrem-se o Pai vai renovar vossa esperança, Ele irá consolar-vos, ajudai-vos, ajuntai-vos, consolai-vos.
Sendo mansos, vocês herdarão a terra.
Não! Não baixem as vossas cabeças. Sejam mansos, sejam calmos, mas não sejam omissos. Com paciência e luta, de vocês será a terra da justiça!
Tendo fome e sede de justiça, vocês serão fartos.
Não! Não desistam, mesmo quando “coronéis” insistirem em tomar o poder, mesmo quando o governo for bandido, mesmo quando as guerrilhas forem os bandidos, não desistam da busca pela justiça. Grande é a nossa sede. Seremos saciados, felizes seremos neste dia.
Sendo misericordiosos, vocês alcançarão misericórdia.
Misericórdia. Palavra difícil para nós. Não podemos combater desigualdade com desigualdade. Não podemos rebater opressão com opressão. Lutemos, reconhecendo nossos erros, sendo compassivos e misericordiosos uns com os outros.
Sendo limpos de coração, vocês verão a Deus.
“Pureza de coração: desejar uma só coisa”. Kierkegaard está certo! Desejemos o amor de Deus, pois deste amor provem a justiça, a liberdade, a misericórdia. Assim veremos “face à face” o que hoje vemos em parte.
Sendo pacificadores, vocês serão chamados filhos de Deus.
Paz! Alvo difícil para nós que convivemos com guerrilhas e violências em nossos países. Ser promotores da paz: loucura em nosso continente. Loucura sim, mas devemos vivê-la, promove-la, para que os homens vejam em nós o retrato do Filho de Deus.
Sendo perseguidos por causa da justiça, de vocês é o reino dos céus.
“Deixar morrer a esperança? Jamais! Desistir da justiça? Jamais baixarei minhas mãos!”. As palavras do Padre Josino, morto na luta pelo direito à terra no nordeste do Brasil refletem bem o que queremos dizer a vocês: não desistam da justiça, não baixem as mãos no primeiro tiro de espingarda, não curvem suas cabeças se prenderem aquele que vos lidera, não desistam de lutar pela igualdade, pois de vocês já é o Reino de Deus.
Sendo, por minha causa, injuriados, e perseguidos, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
ão! Não desistam jamais de construir o Reino de Deus. Vão levantar falsas acusações, vão te perseguir, te jogar no fundo de uma cela, vão forjar testemunhas e provas, mas não desistam, não fique tristes, pelo contrário, cantem e dancem. Sim! Cantem, dancem, pois pessoas já sofreram antes de vocês, seja na mão dos regimes militares, seja na mão das polícias e políticos de hoje! Cantem e dancem! Alegrem-se! Exultem! Pois o Reino de Deus, é de vocês!
Concluímos assim esse breve ensaio sobre as bem aventuranças e sua mensagem para o povo latino americano. Não é a única forma de interpretá-la, mas é fruto de olhos que vêem e de um coração que sofre com as injustiças e desigualdades de seu povo.

Bibliografia

ARROS, Marcelo. Conversando com Mateus – 1a ed., Editora Paulus, São Paulo, 1998. pg. 36-38
OFF, Leonardo. Jesus Cristo Libertador – 15ª ed., Editora Vozes, Petrópolis, 1998. pg. 15-36; 152-181.
ECILIA, M. de M. Duprat tradutora, Evangelho e Reino de Deus – Coleção Cadernos Bíblicos n° 69, editora Paulus, São Paulo, 1997. pg. 44-57
AVIDSON, F. editor, O Novo Comentário da Bíblia – 3a ed., Edições Vida Nova, São Paulo, 1995. pg 894-897.
DOUGLAS, J.D. editor, O Novo Dicionário da Bíblia – 2a ed., Edições Vida Nova, São Paulo, 1995. pg 953.
HALLEY, H.H. Manual Bíblico – um comentário abreviado da Bíblia – Edições Vida Nova, São Paulo, 1994. pg 382
LADD, G. Eldon. Teologia do Novo Testamento – 3a ed., Exodus Editora, São Paulo, 1997. pg. 242-246
SCHNEIDER, Theodor, editor – Manual de Dogmática Volume 1 – 1a ed., Editora Vozes, Petrópolis, 2000. pg 56-80.
TILLICH, Paul – Teologia Sistemática – 3a ed., Editora Sinodal, São Leopoldo, 1987. pg 661-669.
BÍBLIAS
Estudo de Genebra – Revista e Atualizada João Ferreira de Almeida. Editora Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
Tradução Ecumênica – Revista e Corrigida. Editora Paulus e Edições Loyola, 1995.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*