Autor: Lincoln A. A. Oliveira
Apocalipse 15 e 16
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Introdução
Há uma grande batalha que se avizinha, entre as forças do Cordeiro e as de Satã. Nos capítulos anteriores e nestes ora considerados, João continua a testemunhar uma série de atos, de situações que se apresentam como interlúdios ou cenas preparatórias. No presente caso, ele se depara com uma visão dos sete últimos flagelos que caem sobre a terra, vindos de sete taças da ira de Deus. O propósito da visão das sete taças é o de revelar a ira de Deus manifestando-se contra um governo terreno que se opõe ao governo de Deus através de Cristo.
É oportuno notar que na cena inicial desta parte da visão, novamente surge o mar. Em ocasiões anteriores a dimensão do mar simbolizava a impossibilidade do homem aproximar-se de Deus. Aqui, porém, este impedimento não mais existe para aqueles que são de Deus, pois estes já se apresentam de pé sobre o mar, na gloriosa presença de Deus. Mais à frente no relato, o mar deixa de existir, demonstrando que o povo de Deus poderá desfrutar da completa comunhão com Deus.
As Seis Primeiras Taças e suas Pragas
Quando são autorizados, os anjos voam em rápida sucessão e derramam as taças, cada uma gerando uma praga ou calamidade. As quatro primeiras, são calamidades contra a terra, o mar, os rios e o sol, que também ocasionam conseqüências sobre os homens. A quinta taça é derramada diretamente sobre o trono da besta e a sexta taça, derrama-se sobre o rio Eufrates, secando-o, preparando assim, o caminho para que forças do oriente ataquem o império da besta. Antes do derramamento da sétima taça, surgem três espíritos imundos na forma de rãs, saindo da boca da primeira e da segunda bestas, que aqui é designada como “o falso profeta”. A missão das três rãs é enganar os reis do mundo para que tomem partido da besta na batalha que se aproxima. As rãs, simbolizando alguma forma de propaganda maligna, são bem sucedidas em seu intento, de tal forma que conseguem reunir todos os reis em um campo chamado de “Armagedom”, onde ocorrerá a batalha.
Armagedom
Nome até de filme e tema de grandes debates e projeções futuristas sobre o destino do mundo, Armagedom foi um campo de batalha famoso dos hebreus, onde ocorreram batalhas históricas como a de Gideão e seus trezentos valentes, que derrotaram milhares de midianitas nos tempos do Antigo Testamento. O grande desafio de interpretação que temos diante de nós é se Armagedom se trata de uma batalha física e material ou de uma batalha espiritual. Ou ainda, se Armagedom se refere ou não à uma batalha do fim do mundo. Verifica-se que Armagedom não consta de nenhum mapa conhecido e possivelmente se relaciona mais com a lógica do contexto do que com o espaço ou lugar físico. E que contexto é esse ? Conforme temos assinalado em outras oportunidades nessa série de estudos, o contexto em que estamos é o primeiro século da era Cristã. É uma época quando os cristãos estavam sendo perseguidos pelo imperador romano (a besta) e pela sua Concília (a segunda besta). Esta Concilia era responsável em fazer cumprir o culto ao imperador, usando para isso todas as formas de pressão, incluindo tortura e morte. É importante observar que essa guerra não será travada com espadas ou outras armas materiais. Se o caminho de Jesus nunca foi o uso da espada, por que agora ele teria que usá-las para destruir as forças do mal ? Sua espada tem sido sua Palavra conquanto que todo o episódio do Armagedom parece ser essencialmente uma guerra espiritual e não material, como temos a tendência de acreditar. Se quase todas as outras partes do Apocalipse nos parecem razoavelmente simbólicas, por que o Armagedom deveria ser interpretado como uma batalha literal, física e material ?
Por fim, convém mencionar que não se deve confundir Armagedom, descrita no capítulo 19, com a guerra final contra Gogue e Magogue, conforme será estudado oportunamente no capítulo 20.
A Sétima Taça
A sétima taça com sua praga associada é o clímax da série de flagelos deste capítulo. Com o derramamento da sétima taça “a grande cidade fendeu-se em três partes” e “caíram as cidades das nações”. Houve terremotos, submergiram ilhas, fortalezas e caíram do céu pedras de trinta quilos. A cidade, aqui referenciada, é Babilônia (Roma) e seus aliados. Esta visão parece não significar a destruição física desta cidade, mas sim a destruição de sua influência maligna sobre o mundo. A simbologia está nos tentando dizer que não adiantaria Roma enviar seus mensageiros (as rãs) pelo mundo, em busca de aliados contra Deus, pois Este os faria ruir em pedaços.
Conclusão
A mensagem principal destes capítulos não é descrever fatos que haveriam de acontecer, relacionados ao final dos tempos, mas sim de revelar a ira de Deus manifestando-se contra um governo terreno que se opõe ao governo de Deus. O objetivo do texto é encorajar os crentes perseguidos pela sua fé em Cristo e mostrar-lhes que, a despeito das opressões e de governos contrários ao cristianismo, as forças soberanas de Deus vencerão o mal.
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