Autor: Paulo da Silva Neto Sobrinho
Tentaremos, com este estudo, mostrar que esta questão é importante para nós os Cristãos.
Se tivermos a Jesus como o próprio Deus é-nos difícil seguir seus ensinos, exemplificados em suas ações, pois tudo o que fez não servirá para nós como modelo de como fazer ou agir, visto ter partido de um ser que tudo pode, seria algo inatingível para nós os mortais. Por outro lado, com o conhecimento que vamos adquirindo através de estudos vemos, como iremos demonstrar, uma perfeita consonância com os missionários divinos de religiões não cristãs, e com isto a crença em nossa religião fica bem abalada. E se ao contrário o colocarmos na condição de homem, ficaria muito mais fácil seguir seus exemplos, pois de igual para igual encontraremos forças para aplicar os seus ensinos.
Mas afinal quando Jesus foi considerado Deus? Desde o início do cristianismo? O que pensavam seus discípulos sobre o assunto? O que o povo e Ele mesmo pensava?
Para respondermos estas perguntas, primeiramente, iremos recorrer ao Evangelho.
a) O que o povo pensava
Mateus 16, 13-14: “Tendo chegado à região de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou aos discípulos: Quem dizem por ai as pessoas que é o filho do homem?” Responderam: “Umas dizem que é João Batista, outras que é Elias, outras enfim, que é Jeremias ou alguns dos profetas”.
Mateus 26, 67-68: “Então, cuspiram no seu rosto e cobriram-no de socos. Outros lhe davam bordoadas. E lhe diziam: “Mostra que és profeta, ó Cristo, advinha quem foi que te bateu? ”
João 7, 40-41: “Muitos daquela gente que tinham ouvido essas palavras de Jesus afirmavam: “Verdadeiramente ele é o profeta”.
João 9, 17: “Perguntaram ainda ao cego: “Qual é a tua opinião a respeito de quem abriu os olhos?” Respondeu: “É um profeta”.
b) O que os discípulos pensavam
Lucas 24, 19 “Jesus de Nazaré foi um profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e do povo”.
Atos 2, 22: “Homens de Israel, escutai o que digo: “Jesus de Nazaré foi o homem credenciado por Deus junto a nós com poderes extraordinários, milagres e prodígios. Bem sabeis as coisas que Deus realizou através dele no meio de vós. ”
c) O que dizia Jesus
Lucas 13, 33: “Entretanto devo continuar meu caminho hoje, amanhã e no dia seguinte, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém”.
João 8, 40: “Procurais tirar-me a vida a mim que sou homem, que vos digo a verdade que de Deus ouvi”.
Marcos 6, 4-5: “Mas Jesus lhes dizia:” Um profeta só deixa de ser honrado em sua pátria, em sua casa e entre seus parentes. E não podia ali fazer milagre algum”. (Argumento que utilizou para justificar porque Ele não conseguia fazer milagres em Nazaré).
Observamos, assim, que o povo e os seus discípulos acreditavam que Jesus era um profeta, o que foi confirmado pelo próprio Jesus.
Na passagem de João 14, 12-13, ele diz: “Eu vos afirmo e esta é a verdade: quem crê em mim fará as obras que eu faço. E fará até maiores, porque vou ao Pai, e o que pedirdes ao Pai em meu nome eu farei, para que o Pai seja glorificado no filho”.
Se seguirmos a linha de raciocínio que Ele seja Deus, nós também seríamos deuses, pois segundo suas próprias palavras, poderíamos fazer o que ele fez e até mais. Vemos que não há como considerá-lo Deus.
A base central desta linha de pensamento, que ele era Deus, basicamente vamos encontrá-la em João 10, 30: “Eu e o Pai somos um”. Com isto chegaram à conclusão de que se o Pai é Deus e Jesus sendo um com o Pai, por conseguinte também seria Deus. Conclusão digamos apressada e incoerente, pois não pegaram o sentido da frase, apegaram-se à letra. Mas porque não tiveram a mesma linha de pensamento nesta outra passagem de João (17, 20-23): “Não rogo somente por eles, mas também por todos aqueles que hão de crer em mim pela sua palavra. Que todos sejam um! Meu pai, que eles estejam em nós, assim como tu estás em mim e eu em ti. Que sejam um, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitamente unidos, e o mundo conheça que tu me enviaste e que os amaste como tu me amaste”. Não seria o caso de dizer então que os discípulos eram deuses?
Em outras passagens, Jesus se coloca na condição de subordinado a Deus, prestando-lhe obediência e cumprindo-lhe a vontade, ora quem é subordinado está sob ordens de alguém que lhe é superior, vejamos:
João 4, 34: “Jesus afirmou: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou a levar a cabo a sua obra”.
João 5, 19: “Eu vos afirmo e esta é a verdade: o Filho nada pode fazer por si mesmo, a não ser o que vê o Pai fazer”.
João 5, 30: “Não posso fazer nada por mim mesmo. Julgo segundo o que ouço; e o meu julgamento é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”.
João 6, 37-38: “Tudo o que o Pai me dá, virá a mim e não jogarei fora o que vem a mim, porque desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”.
João 7, 28: “Se me amásseis, vos alegraríeis de que eu vá ao Pai, porque o Pai é maior do que eu”.
Nessa última passagem, é bem taxativa a superioridade do Pai sobre Jesus. Não há como contestar.
A questão da divindade de Jesus, rejeitada por três concílios, dos quais o mais importante foi o de Antioquia (269) foi, em 325, proclamado pelo de Nicéia. Após a declaração de que Jesus era Deus, vem para encaixá-lo o dogma da Santíssima Trindade. Mas somos levados a crer, que esta trindade nada mais foi que uma cópia da base fundamental de outras religiões, bem mais antigas que o cristianismo. Podemos citar as que constam do Livro “O Redentor” de Edgard Armond:
Brahma, Siva e Vischnu – dos hindus
Osiris, Isis e Orus – dos egípcios
Ea, Istar e Tamus – dos babilônios
Zeus, Demétrio e Dionísio – dos gregos
Orzmud, Arimam e Mitra – dos persas
Voltan, Friga e Dinas – dos celtas
Achamos muito interessante o estudo do Dr. Paul Gibier (O Espiritismo –o faquirismo ocidental) em que ele coloca: “Uma das analogias mais notáveis do catolicismo, não com o Budismo, mas com Bramanismo, encontra-se em uma das encarnações de Vischnu (filho de Deus) sob a forma de Krischna.
Krischna, que alguns autores escreviam Christna ou Kristna, foi concebido “sem pecado”, seu nascimento foi anunciado por profecias numerosas e muito antigas. Sua mãe Devanaguy, o concebeu por obra de um Espírito, que lhe apareceu sob os traços de Vischnu, segunda pessoa da trindade Hindu. Segundo a tradição Hindu e o “Bhagavedagita”, anunciando uma profecia que ele destronaria seu tio, o tirano de Madura, este último mandou encarcerar sua sobrinha Devanaguy, que foi libertada por Vischnu; então o tirano mandou assassinar em todos os seus estados as crianças do sexo masculino nascidas na mesma noite em que Krischna viu a luz (grifo do original). Mas o menino foi salvo por milagre, e, 3500 anos mais ou menos antes de nossa era, ele pregava a sua doutrina. Depois de converter os homens, morreu de morte violenta as margens do Ganges, segundo ordens de Brahma (Deus, o Pai), para realizar a redenção dos homens, como lhes fora prometido.”
Parece que tudo se encaixa na tradição cristã a respeito de Jesus, talvez até fosse necessário, considerando a cultura da época, torná-lo um Deus para que as pessoas pudessem acreditar em seus ensinos, entretanto, achamos, que para os dias de hoje isto poderá causar mais incrédulos, por uma coisa bem simples é que o homem moderno coloca a razão e a lógica com base para acreditar ou não em algo, e agindo assim também em relação à crença religiosa terá uma fé inabalável.
Com relação a Jesus, poderemos afirmar com absoluta certeza que era um ser superior a nós humanos, sem, entretanto, chegar a ser um Deus, principalmente pelos seus ensinos e exemplos de vida, virtudes essas que serão o nosso passaporte para o “Reino dos Céus”, pois somente através dele é que chegaremos ao Pai, conforme suas palavras: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão através de mim”.
Paulo da Silva Neto Sobrinho Tentaremos, com este estudo, mostrar que esta questão é importante para nós os Cristãos.
Se tivermos a Jesus como o próprio Deus é-nos difícil seguir seus ensinos, exemplificados em suas ações, pois tudo o que fez não servirá para nós como modelo de como fazer ou agir, visto ter partido de um ser que tudo pode, seria algo inatingível para nós os mortais. Por outro lado, com o conhecimento que vamos adquirindo através de estudos vemos, como iremos demonstrar, uma perfeita consonância com os missionários divinos de religiões não cristãs, e com isto a crença em nossa religião fica bem abalada. E se ao contrário o colocarmos na condição de homem, ficaria muito mais fácil seguir seus exemplos, pois de igual para igual encontraremos forças para aplicar os seus ensinos.
Mas afinal quando Jesus foi considerado Deus? Desde o início do cristianismo? O que pensavam seus discípulos sobre o assunto? O que o povo e Ele mesmo pensava?
Para respondermos estas perguntas, primeiramente, iremos recorrer ao Evangelho.
a) O que o povo pensava
Mateus 16, 13-14: “Tendo chegado à região de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou aos discípulos: Quem dizem por ai as pessoas que é o filho do homem?” Responderam: “Umas dizem que é João Batista, outras que é Elias, outras enfim, que é Jeremias ou alguns dos profetas”.
Mateus 26, 67-68: “Então, cuspiram no seu rosto e cobriram-no de socos. Outros lhe davam bordoadas. E lhe diziam: “Mostra que és profeta, ó Cristo, advinha quem foi que te bateu? ”
João 7, 40-41: “Muitos daquela gente que tinham ouvido essas palavras de Jesus afirmavam: “Verdadeiramente ele é o profeta”.
João 9, 17: “Perguntaram ainda ao cego: “Qual é a tua opinião a respeito de quem abriu os olhos?” Respondeu: “É um profeta”.
b) O que os discípulos pensavam
Lucas 24, 19 “Jesus de Nazaré foi um profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e do povo”.
Atos 2, 22: “Homens de Israel, escutai o que digo: “Jesus de Nazaré foi o homem credenciado por Deus junto a nós com poderes extraordinários, milagres e prodígios. Bem sabeis as coisas que Deus realizou através dele no meio de vós. ”
c) O que dizia Jesus
Lucas 13, 33: “Entretanto devo continuar meu caminho hoje, amanhã e no dia seguinte, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém”.
João 8, 40: “Procurais tirar-me a vida a mim que sou homem, que vos digo a verdade que de Deus ouvi”.
Marcos 6, 4-5: “Mas Jesus lhes dizia:” Um profeta só deixa de ser honrado em sua pátria, em sua casa e entre seus parentes. E não podia ali fazer milagre algum”. (Argumento que utilizou para justificar porque Ele não conseguia fazer milagres em Nazaré).
Observamos, assim, que o povo e os seus discípulos acreditavam que Jesus era um profeta, o que foi confirmado pelo próprio Jesus.
Na passagem de João 14, 12-13, ele diz: “Eu vos afirmo e esta é a verdade: quem crê em mim fará as obras que eu faço. E fará até maiores, porque vou ao Pai, e o que pedirdes ao Pai em meu nome eu farei, para que o Pai seja glorificado no filho”.
Se seguirmos a linha de raciocínio que Ele seja Deus, nós também seríamos deuses, pois segundo suas próprias palavras, poderíamos fazer o que ele fez e até mais. Vemos que não há como considerá-lo Deus.
A base central desta linha de pensamento, que ele era Deus, basicamente vamos encontrá-la em João 10, 30: “Eu e o Pai somos um”. Com isto chegaram à conclusão de que se o Pai é Deus e Jesus sendo um com o Pai, por conseguinte também seria Deus. Conclusão digamos apressada e incoerente, pois não pegaram o sentido da frase, apegaram-se à letra. Mas porque não tiveram a mesma linha de pensamento nesta outra passagem de João (17, 20-23): “Não rogo somente por eles, mas também por todos aqueles que hão de crer em mim pela sua palavra. Que todos sejam um! Meu pai, que eles estejam em nós, assim como tu estás em mim e eu em ti. Que sejam um, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitamente unidos, e o mundo conheça que tu me enviaste e que os amaste como tu me amaste”. Não seria o caso de dizer então que os discípulos eram deuses?
Em outras passagens, Jesus se coloca na condição de subordinado a Deus, prestando-lhe obediência e cumprindo-lhe a vontade, ora quem é subordinado está sob ordens de alguém que lhe é superior, vejamos:
João 4, 34: “Jesus afirmou: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou a levar a cabo a sua obra”.
João 5, 19: “Eu vos afirmo e esta é a verdade: o Filho nada pode fazer por si mesmo, a não ser o que vê o Pai fazer”.
João 5, 30: “Não posso fazer nada por mim mesmo. Julgo segundo o que ouço; e o meu julgamento é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”.
João 6, 37-38: “Tudo o que o Pai me dá, virá a mim e não jogarei fora o que vem a mim, porque desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”.
João 7, 28: “Se me amásseis, vos alegraríeis de que eu vá ao Pai, porque o Pai é maior do que eu”.
Nessa última passagem, é bem taxativa a superioridade do Pai sobre Jesus. Não há como contestar.
A questão da divindade de Jesus, rejeitada por três concílios, dos quais o mais importante foi o de Antioquia (269) foi, em 325, proclamado pelo de Nicéia. Após a declaração de que Jesus era Deus, vem para encaixá-lo o dogma da Santíssima Trindade. Mas somos levados a crer, que esta trindade nada mais foi que uma cópia da base fundamental de outras religiões, bem mais antigas que o cristianismo. Podemos citar as que constam do Livro “O Redentor” de Edgard Armond:
Brahma, Siva e Vischnu – dos hindus
Osiris, Isis e Orus – dos egípcios
Ea, Istar e Tamus – dos babilônios
Zeus, Demétrio e Dionísio – dos gregos
Orzmud, Arimam e Mitra – dos persas
Voltan, Friga e Dinas – dos celtas
Achamos muito interessante o estudo do Dr. Paul Gibier (O Espiritismo –o faquirismo ocidental) em que ele coloca: “Uma das analogias mais notáveis do catolicismo, não com o Budismo, mas com Bramanismo, encontra-se em uma das encarnações de Vischnu (filho de Deus) sob a forma de Krischna.
Krischna, que alguns autores escreviam Christna ou Kristna, foi concebido “sem pecado”, seu nascimento foi anunciado por profecias numerosas e muito antigas. Sua mãe Devanaguy, o concebeu por obra de um Espírito, que lhe apareceu sob os traços de Vischnu, segunda pessoa da trindade Hindu. Segundo a tradição Hindu e o “Bhagavedagita”, anunciando uma profecia que ele destronaria seu tio, o tirano de Madura, este último mandou encarcerar sua sobrinha Devanaguy, que foi libertada por Vischnu; então o tirano mandou assassinar em todos os seus estados as crianças do sexo masculino nascidas na mesma noite em que Krischna viu a luz (grifo do original). Mas o menino foi salvo por milagre, e, 3500 anos mais ou menos antes de nossa era, ele pregava a sua doutrina. Depois de converter os homens, morreu de morte violenta as margens do Ganges, segundo ordens de Brahma (Deus, o Pai), para realizar a redenção dos homens, como lhes fora prometido.”
Parece que tudo se encaixa na tradição cristã a respeito de Jesus, talvez até fosse necessário, considerando a cultura da época, torná-lo um Deus para que as pessoas pudessem acreditar em seus ensinos, entretanto, achamos, que para os dias de hoje isto poderá causar mais incrédulos, por uma coisa bem simples é que o homem moderno coloca a razão e a lógica com base para acreditar ou não em algo, e agindo assim também em relação à crença religiosa terá uma fé inabalável.
Com relação a Jesus, poderemos afirmar com absoluta certeza que era um ser superior a nós humanos, sem, entretanto, chegar a ser um Deus, principalmente pelos seus ensinos e exemplos de vida, virtudes essas que serão o nosso passaporte para o “Reino dos Céus”, pois somente através dele é que chegaremos ao Pai, conforme suas palavras: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão através de mim”.
Bibliografia:
Novo Testamento, LEB – Edições Loyola, São Paulo, SP, 1984.
O Espiritismo (o faquirismo ocidental), Dr. Paul Gibier, FEB, Brasília, DF, 4ª Edição, 1990.
O Cristianismo: a mensagem esquecida, Herminio C. Miranda, Matão, SP, Casa Editora O Clarim, 1ª Edição, 1988.
Cristianismo e Espiritismo, Léon Denis. Brasília – DF, FEB, 8ª Edição.
O Redentor, Edgard Armond. São Paulo, SP, Editora Aliança, 6ª Edição.
Novo Testamento, LEB – Edições Loyola, São Paulo, SP, 1984.
O Espiritismo (o faquirismo ocidental), Dr. Paul Gibier, FEB, Brasília, DF, 4ª Edição, 1990.
O Cristianismo: a mensagem esquecida, Herminio C. Miranda, Matão, SP, Casa Editora O Clarim, 1ª Edição, 1988.
Cristianismo e Espiritismo, Léon Denis. Brasília – DF, FEB, 8ª Edição.
O Redentor, Edgard Armond. São Paulo, SP, Editora Aliança, 6ª Edição.
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