Autor: Hildineia Contaifer de Mello
O mundo mudou muito nestes últimos anos, mas falar de sexo continua sendo tabu para muitas pessoas, especialmente quando os envolvidos na conversa são os pais e os filhos. O sexo na vida moderna, constitui um dos mais sérios desafios para a Igreja, para a escola e para as famílias de hoje. O adolescente sem a presença dos pais é uma boa clientela para se falar de sexo de um modo geral. O melhor debate é a escola, especialmente durante as aulas de ciências, como uma estratégia que facilite a participação sem nenhum constrangimento. Aos nove anos de idade, a criança já está preparada para receber informações sobre questões sexuais, sem esquecer que toda a conversa deve ser levada com simplicidade e naturalidade. As famílias geralmente criam as maiores dificuldades num programa de educação sexual na escola. É possível que seja esse o motivo para a comissão da maioria das escolas em relação ao assunto. O que não deixa de ser um prejuízo para o adolescente, pois não aprende em casa, nem na escola, nem na Igreja. Todo o aprendizado sobre sexo será com os “mestres” de rua, que deturpam uma a uma informações sexuais.
Educar sexualmente não é apenas explicar o funcionamento dos órgãos reprodutores, mas preparar a criança para viver as suas emoções e os seus sentimentos por inteiro. A curiosidade sexual é natural e existe em todas as crianças. A falta de preparo da adolescente em relação aos problemas sexuais Poe leva-la a uma gravidez indesejada e muitos abortos e mortes precoces podem ser evitados. Se os jovens e adolescentes derem ouvido as vozes que se levantam hoje em nossa sociedade, acabarão crendo que o passaporte para a felicidade humana é a permissividade sexual. Para muitas pessoas, o principio moral que rege sua vida é o daquele adesivo de pára-brisa: “Se dá prazer faça”. Não é necessário dizer dos estragos que tem causado a chamada indústria do erotismo, pervertendo e arruinando, moral e espiritualmente, a vida de milhões de adolescentes e jovens, em todo o mundo. Do pondo de vista do contexto brasileiro, no que concerne à permissividade, todos nós temos sentido os efeitos “desestabilizadores” da chamada “nova moralidade”, que aí está levando de roldão a juventude a cometer os maiores desatinos. As revistas imorais, amplamente vendidas, estão à mercê de qualquer pessoa que queira comprá-las, inclusive menores. Milhões de pessoas estão sendo levadas por essa ilusória onda da busca do prazer, legações sexuais passageiras, pornografia e drogas. Os jovens acreditam que essas coisas com suas fascinantes promessas os tornarão mais felizes e saudáveis. Deus estabeleceu leis físicas, como a da gravidade, por exemplo. Mas criou também leis espirituais.
Quando violamos uma dessas leis, sofremos as conseqüências dessa violação, que são inerentes a elas. “Aquilo que semearmos isso ceifaremos”. A Bíblia tem muito a dizer sobre o sexo. O sexo é importante. Está intimamente entrelaçado com a obra da criação. O sexo, em si mesmo, não é pecaminoso. Pode ser expressão de amor e de beleza em nossa vida, mas tem que ser praticado com muita responsabilidade, senão as conseqüências podem ser desastrosas. PILARES DA ESCOLA A educação sexual nas escolas públicas varia grandemente de estado para estado e até de distrito escolar para distrito escolar. Todo o material usado sobre educação sexual que está sendo usado pelos distritos escolares de nossa área, deveriam ser cuidadosamente examinados. Qualquer pai que não se preocupa com o problema da promiscuidade sexual entre os jovens é ingênuo ou insensível.
Mais de um milhão de adolescentes ficam grávidas a cada ano; e dentre elas, mais de 400.000 fazem aborto e outras 250.000 têm filhos fora do casamento. Essas estatísticas apenas dão um vislumbre do sofrimento, da tristeza, das vidas arruinadas que são um subproduto inevitável de uma sociedade cada vez mais permissiva. Para cada casal adolescente não-casado, “com problemas”, existem em geral dois conjuntos de pais, avós, irmãos e irmãs que são co-sofredores potenciais, assim como amigos da família e colegas da escola. Há também os filhos dessas ligações, certamente os que mais sofrem e os que têm menos culpa. No entanto a gravidez não é mais a única preocupação entre os que se importam com promiscuidade dos adolescentes. As doenças sexualmente transmissíveis constituem uma ameaça à saúde e à vida de todos os que se envolvem, em comportamento sexual irresponsável, e os jovens correm cada vez mais riscos. Os educadores estão tentando inventar meios para as escolas ajudarem a família nesta área; e o resultado tem sido uma nova exigência do ensino da educação sexual na sala de aula. Mas, a idéia de tais ensinos preocupou várias pessoas que acreditam nos valores morais e sociais tradicionais. Particularmente, não vejo nada de mais de as escolas oferecerem educação sexual de um certo tipo. De fato, tais cursos podem ser úteis à comunidade. Adolescentes de 13 ou 14 anos, não só podem, como devem receber instruções básicas sobre a sexualidade humana em suas aulas de biologia. Desde que, sejam ensinadas da mesma maneira que os outros sistemas do corpo são ensinados, essas aulas podem transmitir aos jovens e adolescentes tudo o de que precisam sobre os aspectos fisiológicos deste assunto. Tal informação é útil e pode ser apresentada objetiva e cientificamente.
Mas infelizmente, esses cursos são muitos além dos limites apropriados da biologia ao explorar este assunto, e fazem isso pressionados por organizações que estão filosoficamente comprometidas com valores que contrariam os mantidos pelos indivíduos mais tradicionais. Inverteram os valores. Muitos desses cursos salientam a idéia de que os jovens têm o “direito” de ser “sexualmente ativos”, se quiserem, e de que a sociedade não tem um papel legítimo na prescrição de uma conduta sexual para os seus membros. Alguns desses avisos contêm às vezes instruções explícitas e detalhadas sobre o comportamento erótico. Algumas são obscenas, segundo o padrão da maioria. Estou convencida de que tais programas prejudicam grandemente os jovens e têm contribuído para a atmosfera permissiva que existe em nossa sociedade hoje.
PILARES NA FAMÍLIA
Uma vida saudável dentro da família e nos relacionamentos, requer rica e apaixonada dependência de Deus. Nossos filhos experimentam e aprendem essa dinâmica conosco. Não podemos educar bem os nossos filhos, a menos que compreendamos literalmente que Deus é a fonte da verdadeira realização. Como pais, estamos sempre sendo observados. Nossos filhos aprendem ao nos observar. A nossa tarefa é ajudar nossas filhas e então guia-los rumo a um relacionamento satisfatório com Deus. Caso contrário, seus desejos profundos, combinados com sua inclinação natural de buscar a autogratificação e evitar a dor, levarão inevitavelmente nossos filhos para o mal. Nossos filhos, precisam de ajuda para desenvolver um conceito biblicamente sólido, saudável da sexualidade. Afinal, se não ensinarmos nossos filhos, outros com certeza, o farão! A intimidade que Deus deseja que os parceiros sexuais desenvolvam é, em parte, expressa através das relações sexuais que têm lugar dentro do relacionamento matrimonial.
Deus permitiu que as relações sexuais continuassem num mundo decaído e temos a responsabilidade de ajudar nossos filhos a desenvolver uma compreensão saudável da sexualidade. A educação sexual é importante. As crianças precisam de conhecimento e informação correta, que devem ser compartilhadas de maneira própria e sem um sentido de vergonha. Quando as crianças não aprendem sobre sua sexualidade de formas apropriadas com os pais, podem procurar as respostas em outro lugar, com pessoas que lhes mostrarão e não apenas contarão. Podem não conversar com ninguém sobre sexo e permanecer num estado de confusão, apreensão e curiosidade em relação ao sexo oposto. Mesmo que os pais não percebam, a educação sexual dos filhos começa em casa. Os pais são os primeiros modelos dos filhos no que diz respeito a amor, afeição, autoridade e valores, inclusive os valores sexuais. Só o ato de pais e filhos estarem juntos, independentes de os pais dizerem e fazerem qualquer coisa, já tem efeito profundo sobre o comportamento sexual dos filhos. Quando tive meu primeiro filho, achei que ele aprenderia a se comportar observando o comportamento correto de outras pessoas. Logo descobri que valores e comportamento correto não apenas precisam ser ensinados como também reforçados vez após vez. Nós, cristãos, temos sido incrivelmente ingênuos em pensar que a mensagem cristã sobre sexo e o que significa ser adulto vai de alguma forma vingar em nossos filhos sem qualquer esforço de nossa parte. Ensinar o conceito de sexo como dádiva a ser usada para a glória de Deus é a principal tarefa da educação sexual. Esta definição de educação sexual mostra a tolice de pensar que compartilhar alguns fatos da anatomia constitui educação sexual. Alguns pais insistem num exame ginecológico para suas adolescentes na esperança de que o médico forneça a educação sexual que os pais são tímidos demais para dar. Embora o médico possa fornecer informação, nada substitui a influência do pai ou da mãe. Os detalhes que o médico pode acrescentar são, na realidade, a parte mais simples de ensinar. As crianças mais responsáveis sexualmente, são as que vêm de lares onde há um pai e uma mãe, uma certa ordem é mantida, valores são enunciados e cada membro sente-se amado.
Se uma fé que parece real e relevante for praticada e aceita pelo adolescente, há uma probabilidade ainda maior de elevados padrões morais. Mesmo quando o adolescente parece rejeitar nossos valores, a maneira como os expressamos é importante porque isso tem um efeito positivo sobre a responsabilidade sexual. Não falar disso nega esse efeito e dá uma vantagem injusta ao sistema do mundo, que proclama aos quatro ventos sua filosofia. Ouvir as preocupações, sonhos e filosóficas dos nossos adolescentes nos dá o direito de sermos ouvidos. A maioria dos filhos e filhas não sabem o que seus pais pensam acerca das questões sexuais. Quanto mais um pai ou uma mãe se expressão, mais influência têm. Isso não implica o direito de “pregar”. Forçar a aceitação de uma ideologia não funciona; a aprovação é feita por medo, culpa ou preocupação em decepcionar os pais. O argumento de que discutir questões sexuais apenas aumenta o interesse sexual não tem base em fatos. Pelo contrário, informação inadequada estimula a curiosidade e faz a garotada sair correndo para descobrir a “verdade” por si mesma. Este argumento também perpetua o mito de que sentimentos sexuais, uma vez despertados, são incontroláveis. Deus não nos deu corpos que não podemos controlar. Ninguém sugere que controlar é fácil, mas podemos fazer qualquer coisa através do Senhor que nos fortalece (Filipenses 4:13). A educação sexual saudável começa com um sólido fundamento espiritual, que pode ser demonstrado através de um relacionamento forte entre o marido e a mulher. O maior número de lares em que apenas um dos pais está presente, cria novas complicações e pode produzir uma atmosfera que faz aumentar o número de adolescentes que aceitam o padrão da mídia para o comportamento sexual. Falta de supervisão, pressões de tempo sobre o pai ou a mãe e o modelo de compromissos sexuais “quebráveis” são alguns dos fatores envolvidos. Ensinar nossos jovens a respeitar o plano de Deus requer uma disposição de enuncia-lo e ensiná-lo é um esforço combinado de aumentar a compreensão de nossos filhos de modo que eles possam valorizar seu corpo o suficiente para protegê-lo. A saúde física, sexual e religiosa dos filhos depende de os pais escolherem aceitar a dádiva de sues filhos e ensina-los no caminho em que devem andar. A atitude sabe-tudo de alguns adolescentes não deve impedir o adulto ou o pai ou a mãe amadurecidos de ensinar ativamente à próxima geração atitudes positivas sobre seu corpo e o plano para o qual esse corpo foi projetado, já que, se não o fizerem, alguma outra pessoa o fará!
PILARES NA IGREJA
Falar de sexo na Igreja geralmente implica em quebrar alguma barreira, principalmente a barreia do conservadorismo. Pois se intitulam conservadores e acham que falar de sexo na Igreja é assunto proibido. A Igreja pode e deve se preocupar com a educação sexual dos seus membros, principalmente dos jovens e adolescentes. Ela pode influenciar essa educação de dois modos: Indiretamente, encorajando e instruindo os pais sobre o que e como ensinar em casa; e diretamente, através de sermões, aulas, grupos de discussão e retiros. Este ensino deve incluir o fornecimento de informação atual, sendo porém igualmente importante ensinar a moral bíblica. O ensino deve ser de bom gosto, sincero, criativo e prático, para alcançar bons resultados. Os jovens e os adolescentes sempre esperam da Igreja uma orientação sobre a educação sexual. Com certeza, sentem dificuldade em falar com os pais sobre namoro e carícias, masturbação, homossexualismo, enfim, são muitas dúvidas. Ensinar para esses jovens, que o sexo pode ser uma benção, pode se tornar uma alegria na vida das pessoas se for orientado segundo o que Deus nos ensina, pois com certeza, o que poderia servir para edificação será uma maldição se deixarmos que o mundo os ensine. Por esse motivo que a Igreja deve assumir o seu papel, e tomar posição de agente de educação sexual. Mostrar que sexo é um assunto tão importante tanto quanto outro que se trata na Igreja. Ela não deve se preocupar só em disciplinar e excluir, mas também, em aconselhar, orientar e tirar dúvidas de tantos jovens, adolescentes e até mesmo adultos na área sexual. A Igreja é importante no desenvolvimento de uma atmosfera que permita um relacionamento significativo entre as pessoas que compõem uma família.
O contexto de Efésios 4:15 não trata de educação sexual, mas da aprendizagem na família de Deus. Porém acho que deve ser aplicado também à educação sexual. Diz: “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.” A Igreja pode criar um ambiente ou atmosfera em que seja natural seguir ou dizer a verdade em amor, mesmo quando surgem assuntos que causem embaraço para alguns irmãos. A Igreja e seus líderes devem, em primeiro lugar, encarar honestamente as atitudes dos jovens sobre o sexo para verificar se elas refletem verdadeiramente o ponto de vista bíblico sobre o assunto. A chave para um programa bem sucedido é uma abertura por parte dos adultos que estão trabalhando com os jovens. O jovem precisa sentir que pode levar qualquer pergunta, qualquer assunto, tendo liberdade de conversar e ser ouvido, mas para isso a Igreja deve ter uma educação sexual bem planejada. Com certeza, muitas pessoas não aprendem que o sexo não é um tabu na Bíblia. A Lei do Velho Testamento inclui sentenças contra sedução, bestialidade, homossexualidade, incesto, adultério e violação. Um dos exemplos da Bíblia é o livro de Oséias. O Novo Testamento afirma, com clareza; “Venerado seja entre todo o matrimônio e o leito sem mácula” (Hebreus 13:4). E também diz: “… porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros, Deus o julgará (Hebreus 13:4)”.
CONCLUSÃO
Nossas crianças cresceram. Estão cheios de vida. Fazem muito sucesso com o sexo oposto. Estão sendo assediadas por pessoas. E muitas vezes não estão preparadas para esta nova fase tão linda da vida, onde se descobre o prazer e desejo sexual. Como pais, temos a responsabilidade de mostrar para nossos filhos que Deus é o dano do nosso corpo. Uma tentação sexual é a melhor oportunidade que temos de reafirmar nossa fidelidade a Cristo. Paulo disse: “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois e vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora pois, glorificai a Deus no vosso corpo”. (I Cor. 6:19,20). Ele defende a idéia da pureza sexual com base na questão da propriedade. No Velho Testamento, a glória de Deus permanecia no Santo dos Santos. Hoje o lugar da habitação de Deus é o coração daquele que nasceu de novo. Precisamos orientar. Dar exemplo com a vida. Orar, colocar nossos filhos nas mãos e Deus pois Ele, sim, está com nossos filhos 24 horas.
Isto significa todos os momentos de suas vidas. Só assim eles reconhecerão que o sexo é uma benção singular que foi dado ao ser humano por Deus e que precisa ser bem utilizado para não se tornar até mesmo numa maldição na vida deles. O problema é que saber sobre sexo não é a mesma coisa que ser orientada sobre sexo. Informação não é a mesma coisa que educação. A escola secular, a igreja informa, mas educação só em casa. Só no lar. A educação sexual tem sido um verdadeiro problema para muitos pais. Alguns sentem-se incomodados pelo fato de os filhos aprenderem sobre sexo na escola, pois sabem que existe um lado espiritual e sagrado, que por mais condições que tenha a escola, não alcançará este alvo. Nunca é demais dizer que a educação sexual não é o aprendizado de um conjunto de pode e não pode, mas sim o desenvolvimento das características que produzem pessoas amorosas e responsáveis. Trate o sexo de acordo com o plano que Deus traçou, e ele enriquecerá sua vida. Deus sempre deseja o melhor para seus filhos; que eles sejam retos, fortes, resistam à tentação e procurem viver sempre no plano mais elevado possível. “Lembra-te, jovem cristão, de que é melhor passar mais tempo olhando nos olhos de Deus pela oração do que hipnotizado pelo olhar, por vezes monstruoso da televisão”.
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