Autor: John Hammond
Estaria ameaçado o conceito tradicional de culto familiar? O quadro mental que fazemos é o seguinte: uma família reunida em torno da mesa enquanto o pai, o sacerdote do lar, toma a bíblia grande e começa uma leitura demorada. Isso pode representar um ideal, mas na realidade representa, possivelmente, só a minoria dos lares Adventistas contemporâneos.
Mais próxima da realidade pode estar a situação em que muitos adolescentes e seus pais com satisfação espiritual. A família tradicional, a família que conta com apenas um dos pais e a família em que ambos os pais precisam trabalhar fora vivenciam muitas pressões que podem contribuir para que o tradicional culto doméstico se torne uma estejam questionando se o culto verdadeiramente produz algo parecido espécie em extinção.
Meus três filhos tem 14, 18 e 20 anos de idade. Eles, assim como a maioria de seus colegas, são juizes perspicazes e críticos francos dos cultos domésticos:
“bons”, “ruins” e “mais ou menos”. Conseguem farejar um culto hipócrita a 50 passos de distância, mas sou-lhes grato pelos comentários e sugestões, bem como pela paciência no decorrer dos anos.
Também sou devedor aos alunos do segundo grau do Colégio Adventista de Brisbane, Austrália, por suas idéias e comentários sem rodeios. A matéria que segue pretende ser prática e ao ponto. Use o que for útil e não tenha medo de descartar aquilo que não funciona.
Culturas Diferentes
A primeira coisa a se levar em consideração é que o adolescente de hoje está crescendo num mundo totalmente diferente daquele de seus pais e avós. Toda a sua base cultural é diferente, e as práticas de culto julgadas próprias para gerações anteriores provavelmente 1deixam de impressioná-los. Não se justifica impor essas práticas só porque eram adequadas para outra geração.
Declarar isso é mais do que admitir mudanças no estilo de vida Adventista, é também reconhecer que é virtualmente impossível escudar nossos jovens contra a cultura centralizada na mídia – cultura que tipifica a atual geração de adolescentes. Talvez, a única forma de evitar essa presença cultural seja ir viver numa ilha deserta. Deixando para trás a televisão, vídeos, rádios e todos os outros ícones de nosso estilo de vida.
Muitos dos dilemas que enfrentamos hoje tem paralelos nas escrituras, os quais podem servir de trampolim para o diálogo.
Focalize a família.
Antes da oração final, descubra o que aconteceu durante o dia. Demonstre interesse genuíno nas coisas que interessam os adolescentes. Se você não se manter informado acerca daquilo que lhes interessa, você será deixado para trás. A oração de encerramento do culto poderá, então, focalizar os interesses e preocupações da família.
Dê aos adolescentes alguma tarefa a desempenhar no culto.
Se houver crianças pequenas em casa, envolva seus filhos mais velhos, dando lhes a responsabilidade de cuidar dos cultos dos pequeninos. Desempenhar uma parte visível para significar toda a diferença nas atitudes para com o culto doméstico.
A Bíblia precisa continuar sendo a base.
Em todos os esforços por tornar o culto interessante, não devemos esquecer jamais a importância suprema das escrituras como nosso guia para conhecer a Deus. Acreditemos ou não, os adolescentes ainda hoje acharão a Bíblia interessante se ela for apresentada de maneira sábia. Leia alguns trechos e use os para fins de discussão. Pense na possibilidade de usar uma versão na linguagem de hoje.
Evite orações cansativas.
Se você pedir que seu filhos adolescente “recite” a oração padrão da família, é quase certo que ele o fará perfeitamente. Por que é que nós revelamos tão pouca imaginação em nossas orações públicas? Seja específico em suas orações, como se estivesse conversando com o melhor amigo.
Mencione cada um de seus filhos por nome e peça ajuda divina para as tarefas seculares que ocupam a cada um.
“Se os adolescentes não enxergarem o culto como uma extensão da vida espiritual dos pais, ficarão desgostosos – com o culto e com os pais”. Isso é perturbador. Com essa idade, os filhos podem ler os pais como um livro. Os adolescentes são unânimes em manifestar desprezo para com aquilo que eles vêem como hipocrisia. Eles podem ser hipócritas, mas não admitem ver isso nos pais.
Alguma Boa Idéia para o Culto?
Tente uma combinação.
Use os livros da meditação matinal disponíveis no SELS, ou algum outro livro devocional, mas não se apegue servilmente a eles a menos que a família esteja satisfeita com isso.
Selecione recortes interessantes de jornais e revistas que tragam assuntos para troca de idéias. Os adolescentes de hoje são muito objetivos quando discutem assuntos que lhes dizem respeito. Em alguns aspectos, eles sabem mais acerca o mundo do que os seus pais.
Algumas Diretrizes
Faça um culto breve: os adolescentes são pessoas ocupadas.
Os jovens estão acostumados a obter informações em pequenas doses, mais ou menos na duração de um comercial de TV. Qualquer apresentação que dure muito vai resultar numa “mudança de canal”. Deve-se recordar também que o tempo deles, seja qual for a nossa maneira de ver como o usam, é precioso para eles e qualquer intromissão será recebida com ressentimento. O culto, quer matutino quer vespertino não deveria ultrapassar cinco ou dez minutos.
Faça o culto no horário combinado.
Os adolescente detestam fazer o culto numa hora em que gostariam de estar fazendo outra coisa. Se possível, combinem um horário que não se encaixe entre a previsão. Infelizmente, o horário nobre entra em freqüente conflito com muitas outras atividades “importantes”. Adiar o culto para tarde da noite é um desastre, pois estará sempre associado ao cansaço. A escolha óbvia é fazer o culto imediatamente após a refeição da noite, porque nessa ocasião todos os membros da família provavelmente estejam reunidos no mesmo lugar, voluntariamente.
Escolha o horário de menor tensão.
Já percebeu que o diabo é mestre em gerar tensões, como uma boa alteração domestica, bem na hora em que se
pretendia fazer o culto? Fazer o culto em meio a esta atmosfera é contraproducente. Prepare o ambiente para o culto, assegurando-se de que a possibilidade de tensão seja minimizada.
Deixe de sermonear – os adolescentes são espertos o bastante para saber o que você está fazendo.
A partir dos 16 anos, os adolescentes ficam muito espertos e se ressentirão ao ouvir exortações e homilias muito rebuscadas sobre bom comportamento. Com essa idade, eles ainda gostam de uma boa narrativa com apenas uma pequena dose de mensagem no final.
Se você pedir que seus filhos adolescentes preparem o culto, não fique chocado com o que eles poderão apresentar.
As orações e apresentações deles provavelmente serão cultos e/ou não convencionais, a ponto de parecerem absurdas ou mesmo desrespeitosas. Quando isso ocorre, o fato de você aceitar ou não pode ser decisivo para a futura participação deles, ou sua disposição de colaborar.
Torne o Culto Relevante
Pergunte a qualquer grupo de adolescente o que deseja num culto, e eles sempre pedirão algo que seja importante. Até mesmo uma emocionante história missionária pode ser considerada irrelevante, quando comparada àquilo que os jovens tem de enfrentar hoje em dia.
O tema deve relacionar-se com as questões de interesse imediato com que se defrontam: emprego, justiça social, educação, sexualidade, drogas, sobrevivência, etc… Ainda assim, o culto deve envolver mais do que simplesmente apresentar o tópico. para comunicar-se com os adolescentes a respeito desses temas, o adulto precisa ser muitíssimo habilidoso.
Os adolescentes somente aceitarão que um adulto lhes fale sobre essas questões se a pessoa for considerada aceitável, bem informada e digna de confiança. Cristo é o modelo óbvio para os pais nesse aspecto. A maneira como Ele falava com as pessoas era informal e sem afetação.
Se um tipo de culto não funciona, tente outra coisa.
Em casa, já tentamos muitas coisas diferentes no culto doméstico. Algumas são ótimas durante algum tempo, mas depois precisam de revisão ou mudança. Outras são um desastre desde o início. Alguns livros devocionais escritos para outras culturas conseguem desinteressar os jovens, outros dão o tom certo.
Não pense que você é um fracasso porque uma determinada abordagem não está funcionando. Os adolescentes apreciam os pais que estão preparados para conhecer a necessidade de alguma mudança.
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