Evangelizar: conteúdo e método

Autor: Juarez Marcondes Filho

Evangelizar no Time Square, NY, é o mesmo que evangelizar em Corumbiara, interior do Pará? Evangelizar a cavalo pelas fazendas do Brasil imperial equivale a evangelizar hoje nas megalópolis informatizadas? Tanto faz evangelizar indígenas como executivos? Meninos de rua como adolescentes de classe média? Ruralistas como sem-terra? Comunistas como capitalistas?
A resposta é tanto sim, como não. O conteúdo da mensagem nunca se altera. Porém, sua abordagem deverá ser específica. O Evangelho é um só. A mensagem é a mesma. O amor de Deus é único e inalterável. No entanto, a eficácia deste anúncio dependerá, enormemente, do modo como ele será feito. Ressalvados o poder e a graça de Deus, a questão metodológica é importantíssima.
Precisamos reconhecer que os métodos utilizados na evangelização, muitas vezes, não atendem a realidade do grupo a ser alcançado. Neste caso, a ineficiência é fatal. Todo empenho e boa vontade podem desembocar no insucesso porque optou-se pelo modelo inadequado ao grupo. Se, porventura, houver êxito debite-se inteiramente da infindável misericórdia do Senhor que, aliás, nunca pode ser dispensada.
A mensagem não pode mudar. O modo de anunciá-la, necessariamente, será modificado, sob pena de comprometer o próprio conteúdo. Alguns desafios permanecem: como manter a inteireza e a pureza do Evangelho diante da necessidade de adaptar-se metodologicamente? Qual a autenticidade de uma evangelização importada que não leva em consideração as pecualiaridades do grupo alvo? Que pontos de contato o Evangelho pode tocar numa interação com os povos?
Ao decidirmos tratar de uma evangelização a partir do povo é preciso, primeiro de tudo, entender que o Evangelho não parte do povo, mas, sim, se dirige a ele. “Partir”, portanto, aqui, significará “chegar”. O que ansiamos é que o Evangelho efetivamente chegue às pessoas, alcance seus corações.
Afirmamos a origem divina do Evangelho. Ele parte de Deus. O missiólogo Johannes Blauw diz que “o motor da pregação não vem de fora (ou seja, a necessidade do mundo), nem de dentro (ou seja, o impulso religioso), mas de cima (a coerção divina)”.
O que nos impulsiona ao dever de evangelizar é uma exigência divina. Evidentemente, Deus mesmo dirige o nosso olhar para a necessidade dos povos, sensibilizando o nosso coração para agirmos como instrumentos dele a favor do mundo.
Assim, ajustamos o nosso foco para atestar que evangelizar a partir do povo é proclamar a Palavra de Deus, motivados pela ordem divina, com o propósito de glorificar a Deus, mas tendo como instrumental a realidade do próprio povo.

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