A missão do FIlho de Deus

Autor: Manoel do Carmo Filho

Jesus veio ao mundo com um propósito definido. Vejamos as características essenciais de Sua missão:
a) O caráter universal da obra expiatória de Cristo na cruz do Calvário. Como o grão de trigo solitário que precisa morrer para dar fruto, Jesus vai enfrentar a solidão da cruz e morrer pelos pecadores aos quais ele ama para produzir a salvação em dimensões universais (Jo12:20-30). A visita dos gregos (Jo12:20), se configura em uma das tentações mais sutis que Jesus já experimentou. Consta em uma história apócrifa (falsa, por não ter autoridade canônica, mas que tem veracidade histórica), que esses gregos traziam uma carta de Abgar, rei da cidade macedônica de Edessa. Nesta carta, Abgar reconhece que Jesus é Deus em pessoa, que cura os enfermos, sem remédios e sem ervas medicinais e convida Jesus a vir pessoalmente a sua cidade, para curá-lo de um mal mortal. No final, ao saber que Jesus era objeto de murmuração e conspirações de morte por parte dos judeus, convida Jesus para desenvolver seu ministério sem dificuldades e perseguições, com publico garantido em sua nobre cidade. Talvez o possível conteúdo tentador dessa carta, dando a Jesus uma oportunidade de evitar frustrações e perigos de morte, tivesse sido o motivo da resposta contundente de Jesus: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto”(Jo12:24). Se é assim, Jesus opta não pelo aplauso de uma vasta e nobre platéia, mas pela solidão insuportável da morte na cruz. Em lugar de ser “visto” pelos gregos e salvar o mundo através de uma fuga para o mundo helenístico (grego-romano), onde as mentes eram mais abertas e arejadas, escolhe a agonia da escolha (Jo12:27), quando, ao contrário do que seria o lógico, ele não vai fugir, mas decide resolutamente por morrer, e salvar o mundo perdido mediante a loucura da cruz (ICo1:18,21,23), para fincar os esteios sobre os quais os habitantes de todos os lugares da Terra (gregos, asiáticos, africanos e brasileiros, até chegar aos amazonenses) poderiam ser salvos. Essa verdade é reforçada no verso 32 quando Jesus diz que quando o Filho do Homem fosse levantado da terra atrairia a Ele todos os homens, quando sua obra de salvação tomaria dimensões universais irreprimíveis. A maneira horrenda que haveria de morrer revela o tipo extravagante de amor pelos pecadores (12:33; Is53; Jo3:16). Amor exuberante que extravasou e atingiu o mundo todo.
b) Jesus não só ensinou a necessidade de Sua morte para uma missão redentora de reverberação cósmica, como procurou aplicar seu significado à natureza do discipulado consistente (Jo12:25; conforme Mc8:34-37). Conservar a semente e guardá-la egoisticamente, amando possessivamente a sua vida é destruí-la e desvirtuá-la de seu conteúdo intrínseco, mas se deixar morrer para o mundo é plantá-la é libertá-la para uma utilidade multiplicada ao infinito. Ou seja, se alguém se deixar morrer, odiando sua vida nessa mundo (Lc14:26; IJo2:15-17), terá a vida eterna, que jamais lhe será tirada e muitos frutos para a glória de Deus.
c) Como resultado de Sua escolha decisiva, chega a hora para a qual Jesus veio ao mundo (Jo12:23,27), momento da história que desencadeariam três acontecimentos (Jo12:31-33). Primeiro, o julgamento desse mundo (Jo12;31). Vemos a cruz como o lugar onde os homens, uma vez crendo no Filho de Deus, seriam salvos, mas se o rejeitassem, seriam condenados (Jo3:17,18). A cruz assim, se torna em uma divisora de águas, o tribunal que acentua a divisão entre os homens, antecipando o julgamento final diante do trono de Deus (Ap20:11). Segundo, o julgamento e a expulsão do príncipe usurpador deste mundo (12:31). É na cruz que o preço do nosso pecado foi pago (Jo19:30) e é na cruz que Jesus triunfou e julgou a Satanás e suas hostes (Cl2:15) e onde sua derrota foi confirmada, quando no final dos tempos será lançado no lago que arde com fogo e enxofre (Ap12:9-12; 20:10). Terceiro, Jesus vai atrair os homens a Si mesmo através de Sua morte expiatória na cruz (12:32,33). A cruz se torna o imã irresistível, o elemento de atração onde os homens são confrontados, constrangidos e impelidos pelo amor imensurável que ali se revela (IICo5:14).
D) A morte de Jesus na cruz define o destino dos homens separando os que estão na luz e aqueles que permanecem ainda na escuridão do pecado (Jo12:34-36). Jesus enfatiza a urgência para os homens abraçarem e receberem a Luz do Mundo, bem como revela a dúvida atroz que povoa a mente daqueles que, nas trevas não sabem para onde vão (12:35). Aqueles que andam na luz se tornam filhos da luz (12:36; Ef5:8). Filhos da luz demonstram os frutos da luz, que afloram num viver santo (Gl5:22,23; Ef5:9; Cl1:12 santos na luz; Mt5:14-16).Os que O rejeitam, recebem como resposta uma imagem obscurecida, criptografada ou codificada de Sua presença, quando Ele se retira, ocultando-se (cripto,no grego) deles (Jo12:36). É por essa razão que quanto mais milagres Jesus fazia, mais difícil se tornava para eles crerem Nele (12:37- 40). Crer em Jesus implica em andar na luz e não mais permanecer nas trevas (12:46). A síntese da Missão do Filho de Deus é que Ele veio como luz para salvar os homens (12:47), e se revela ao mundo como a imagem do Deus invisível e a expressão exata do Seu Ser (Cl1:15; Hb1:3). Em Cristo é demonstrado o caráter de Deus ao mundo (Jo12:48-50). E a palavra proferida por Jesus, se converterá no martelo do Reto Juiz que baterá no tribunal de Deus, julgando as ações, os pensamentos e as obras de todos os homens (Jo12:48; IICo5;10). Você já entendeu claramente qual é a Missão do Filho de Deus?

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