Graça humana

Autor: Cleber Batista Gouveia
“Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho” Gálatas 1.6

Nós vivemos o sistema mais anti-graça de todos os dias da modernidade. Pregamos a transformação pela graça, mas na pratica não a permitimos na vida das pessoas. Achamos e a convencemos de que a mudança não é possível e nem necessária. E isto é muitas vezes o melhor pra nós, pois não exige compaixão, acompanhamento, desprendimento de tempo e de nós mesmos. E, cá entre nós, julgar é melhor que perdoar. Julgar é mais fácil que o suportar. Julgar é mais fácil que o crer no poder transformador da graça. Portanto, a temos na linguagem, no anúncio, mas não na vivencia. Se alguém ‘erra”, de prontidão o condenamos, jogamos nossas pedras, e saímos; sentido com isto que cumprimos o nosso papel diante de Deus e dos homens. E a Palavra? E os ensinos do Senhor Jesus Cristo? Ah, estes ficam pro púlpito, onde é o lugar deles, e de onde não deviam nunca sair. Ali deveria, aliás, existir uma barreira invisível, suficientemente fortalecida para que o poder da Palavra não nos atinja, e se isto ocorrer, temos de prontidão um lugar de quarentena, onde colocamos a pessoa atingida pelo vírus do Espírito Santo capaz de nos mudar segundo a Sua boa, perfeita e agradável vontade para nossas vidas (Rm 12.1). Além do mais, o sistema da graça humana, disfarçado de graça preciosa de Deus, nos dá a oportunidade de mantermos nossos pecados mais preciosos, como o egoísmo, expresso pela já conhecida frase “ah, eu perdoou mas não me relaciono mais”, acima do desejo de Deus de que todos sejam um pela cruz de Cristo (Ef 2). Ela esconde também o tão amado pecado da acusação, “você está em pecado’, entre outros mais, capazes de serem vistos e largados se o Espírito Santo nos convencer deles; ah, e é claro, nos livra ainda do tão ignorado e insuportável “ai de mim, pecador” que a verdadeira graça do Evangelho de Jesus nos permite e ensina dizer. Quão terrível é o sistema da graça humana, e quão triste é constatar que não mais o mundo clama sozinho pela graça de Deus. Infelizmente o mundo nem faz isto mais. Agora está sendo a vez da própria Igreja clamar por conhecer e viver debaixo do poder restaurador e seguro da Graça do Pai em Seu Filho Jesus, o Cristo. Isto porque o mundo já sabe que esta não está mais presente em nosso meio. Nós é que estamos atônitos por descobrir que nosso remédio acabou, e que este tem sido trocado por água com açúcar. Que o Senhor tenha misericórdia de nós, a começar pela minha vida, e nos tire a falsa piedade e o falso amor que nos levam a vivenciar uma realidade cheia da falsa graça de Deus. Que o Senhor tenha muita, mas muita graça para nos dar, e que nós possamos conhecê-la primeiramente nas nossas vidas; primeiramente nas nossas relações; primeiramente em nosso meio, para que depois, e somente depois disto, possamos anunciá-la, não somente do púlpito, da boca pra fora, mas de uma experiência verdadeira com esta graça real, de forma que o mundo cético, não em relação a Deus e suas promessas, mas para com seus filhos e sua casa de morada eterna, possa, juntamente com a sua igreja, serem transformados pela graça que nos permite ter comunhão com a Santíssima Trindade, e nesta e por esta, sermos restaurados para a glória de Deus Pai em Nosso Senhor Jesus Cristo no gozo do Espírito.

O autor é Co-pastor da Igreja Presbiteriana Independente no Jardim América, Goiânia Goias.

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