Ensinamento Cristão sobre o Fim do Mundo e Vida Futura

Autor: Bispo Alexander (Mileant)
Traduzido por Olga Dandolo

Conteúdo: Prefácio. Espera da Segunda vinda de Cristo. Sinais da aproximação do fim do mundo. O Anticristo. A Segunda Vinda de Cristo. A Ressurreição dos mortos. O Fim do Mundo Físico. O Julgamento Final. A Vida Eterna. Conclusão. A inconsistência do Chiliasmo.

Prefácio
Era do agrado de Deus nos tornar testemunhas do acontecimento significativo em nossa Pátria tão sofrida, quando, após 70 anos de opressão, sem nenhuma guerra ou revolta do povo o poder do ateísmo se desmoronou por sí mesmo! A este respeito, bem como a respeito dos horrores do comunismo, foi profetizado pelos últimos Anciãos do Mosteiro de Optina, e por alguns homens honrados da Rússia pré-revolucionária: O Ancião Anatólio (Patapov, 1922), o Ancião Nektário (Tixonov, 1928), o monge-eclesiástico Aristókles de Moscou (1918), o Ancião Alexis (Zasimovsky) e outros. É importante notar que de acordo com as profecias deles, o renascimento espiritual da Rússia deveria acontecer pouco antes do fim do mundo, embora eles não tenham dado uma precisão de quanto tempo esse “pouco antes” se prolongará. No entanto, os acontecimentos mundiais contemporâneos – a superpopulação do planeta, a poluição catastrófica da natureza, o esgotamento dos recursos terrestres e a realização de muitas profecias das Sagradas Escrituras referentes aos últimos tempos – insinuam na mente que realmente o fim do mundo não está tão distante.

Cerca de dois mil anos atrás, quando nosso Senhor Jesus Cristo expulsou os demônios, eles clamaram: “O que Tu tens para fazer conosco, Jesus, Filho de Deus? Tu vieste antes do tempo para nos atormentar!” É interessante notar que, atualmente, durante o exorcismo, os demônios também gritam, porém de maneira totalmente diferente: “Deixe-nos! Pois em breve o Senhor virá!” A este respeito o Sábio protestante Dr. Kurt Koch escreveu vários livros importantes nas áreas de demonologia, parapsicologia e falsos milagres. Vejam, por exemplo, seus livros: Entre Cristo e satã,” “Escravidão Oculta e Libertação,” “Demonologia Passada e Presente,” e outros. (Kregel Publications, Grand Rapids, Michigan, USA). Deste modo, tudo indica que o dia da Segunda Vinda de Cristo está próximo.

Neste artigo estaremos trazendo indícios fundamentais da aproximação do fim do mundo e alguns traços da personalidade do Anticristo, descreveremos a Segunda Vinda de Cristo, a ressurreição dos mortos, o Julgamento Final e vida eterna conforme ensinam as Sagradas Escrituras, e divulgaremos a necessidade de estarmos sempre prontos para o encontro com o Senhor. No suplemento mostraremos a inconsistência dos ensinamentos das seitas fanáticas a respeito do reinado do milênio.

Espera da Segunda Vinda

de Cristo

O objetivo da nossa existência terrena é um só: preparação para a eternidade. A sabedoria Cristã conclui-se no seguinte: é preciso que o talento precioso do tempo seja utilizado ao máximo para a garantia da vida eterna. O Senhor Jesus Cristo com Seus freqüentes ensinamentos, chamava Seus discípulos a valorizarem seu tempo e viverem em preparação constante para se apresentarem diante de Deus para prestar contas de seus atos (Veja, por exemplo, a descrição do julgamento de Deus no Evangelho de Mateus (25:31-46); as parábolas do Senhor sobre o joio e o trigo (Mat. 13:24-30); sobre os servos, aguardando a vinda do Senhor (Luc. 12:35-40); sobre o administrador infiel (Luc. 16:1-13); sobre o grande banquete (Luc. 14:16-24); sobre os talentos (Mt. 25:14-30); sobre os operários que receberam justo salário (Mat. 20:1-16); sobre as dez virgens (Mat. 25:1-13), e outras.”

“Vigiai pois, – repetia o Salvador – porque não sabeis a hora em que virá o Filho do Homem” (Mt. 24:42), ou seja, no momento mais inesperado, nossa vida poderá se romper. Isto será para nós o fim do mundo, o dia do julgamento e início da eternidade.

Todos, em grandes ou pequenas proporções, temem a morte. Entretanto, os Apóstolos instruíam os cristãos a se lembrarem do iminente encontro com Deus, pois, a reflexão a este respeito contribui para a correção da vida. “A vinda do Senhor está próxima,” – escreveu o Apóstolo Tiago, – “Eis que o Juiz está à porta” (Tiago 5:8-9).

As escritas cristãs antigas testemunham que desde os tempos apostólicos os cristãos aguardavam intensamente o retorno à terra do Senhor Jesus Cristo. Esta expectativa se mantinha por um lado, com a atmosfera de constantes perseguições e martírios os quais rodeavam suas vidas. A intensa perseguição às vezes lembrava as predições do Salvador a respeito dos últimos tempos, quando ninguém poderia garantir nem mesmo um único dia de existência tranqüila. Basta lembrar os exemplos do primeiro diácono mártir Stéfano, dos Apóstolos Pedro e Paulo, as mártires Vera, Nadejda, Liubov e Sua mãe Sofia, a grande mártir Bárbara, o vitorioso São George e outros mártires, para nos convencermos de que a vida dos fiéis nos primeiros séculos do cristianismo constantemente estava em perigo. Nos imperadores romanos: Nero, Domiciano, Dacius, Dioclétio e outros perseguidores semelhantes a eles, os cristãos vislumbravam a imagem da besta do apocalipse.

Por outro lado, muitos cristãos dos tempos remotos tinham uma fé e convicção tão ardentes na vida justa, que a volta de Cristo à terra não era vista como o tempo do julgamento e punição, e sim como um feliz encontro com o Salvador, a Quem eles amavam com todo coração. Eles realmente desejavam o breve retorno de Cristo.

Com a queda do paganismo e perseguição no início do século 4, a fé cristã começou a esfriar, e com isto a expectativa da Segunda Vinda de Cristo tornou-se menos tensa. Um estudo mais sistemático das Escrituras convenceu os teólogos que até a chegada do grande “dia do Senhor,” na vida da humanidade deverão ser concluídos os processos espirituais e sociais definidos.

Sinais

da Segunda Vinda de Cristo

Embora a Sagrada Escritura não revele a data exata da Vinda de Cristo, ela revela uma série de sinais, através dos quais é possível julgar a respeito da proximidade relativa a esse dia. O Senhor Jesus Cristo concluindo Seu sermão a respeito do fim do mundo disse: “Compreendei isto pela comparação da figueira: quando seus ramos estão tenros e crescem as folhas, pressentis que o verão está próximo. Do mesmo modo, quando virdes tudo isto, sabei que o Filho do Homem está próximo, à porta” (Mt. 24:32-34), ou seja, os acontecimentos por sí mesmos lhes mostrarão o quanto está próximo o fim do mundo. Nos sermões de Cristo e nos preceitos dos Apóstolos, nós encontramos os seguintes “sinais” da aproximação da Segunda Vinda de Cristo:

A PROPAGAÇÃO GLOBAL DO EVANGELHO: “Este Evangelho do Reino será pregado pelo mundo inteiro para servir de testemunho a todas as nações, e então chegará o fim” (Mt. 24:14).

ENFRAQUECIMENTO EXTREMO DA FÉ. Apesar do ensinamento cristão ser conhecido, as pessoas se tornarão indiferentes a ele, assim “Quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Luc. 18:8). De acordo com as palavras do Apóstolo Paulo, aquele será o tempo “em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação . Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajuntarão mestres para sí. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas” (2 Tim. 4:3-4). Em outras palavras, as pessoas se interessarão pelas coisas indiscretas e agradáveis de se ouvir e não pela verdade Divina.

SURGIRÃO MUITOS FALSOS PROFETAS E FALSOS MESSIAS, os quais irão seduzir as pessoas a toda sorte de seitas e cultos selvagens fornecendo costumes corrompidos à multidão. Com relação aos falsos profetas, o Senhor advertia os fiéis com as seguintes palavras: “Cuidai que ninguém vos seduza. Muitos virão em Meu nome dizendo: Sou eu o Cristo. E seduzirão a muitos… Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres a ponto de seduzir, se isto fosse possível, até mesmo os escolhidos… Muitos virão em Meu nome, dizendo: Sou eu” (Mat. 24:4-5; 24:24; Mar. 13:6). O livro da Revelação descreve os milagres do último falso profeta, e o Apóstolo Paulo explica que isto não serão milagres atuais mas mera ilusão. (Apo. 13:13-15; 2 Tess. 2:9).

Conversão do povo hebreu para Cristo. De acordo com o Apóstolo Paulo, a conversão dos judeus para Cristo coincidirá com o processo expontâneo de renúncia ao cristianismo de outros povos: “Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não vos gabeis de vossa Sabedoria; esta cegueira de uma parte de Israel, só durará até que haja entrado a totalidade dos pagãos. Então Israel em peso será salva, como está escrito: virá de Sião o Libertador, apartará de Jacó a impiedade… O abismo de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! Quão impenetráveis são os Seus juízos e inexploráveis os Seus caminhos!” (Rom. 11:25-33).

É preciso anotar que esta profecia do Apóstolo Paulo começou a se realizar logo após a Segunda guerra mundial, quando alguns judeus convertidos começaram a propagar entre seus irmãos de sangue a fé no Senhor Jesus Cristo. Conhecendo perfeitamente o Antigo Testamento, eles provavam claramente e com firmeza que Jesus Cristo é o Messias prometido pelos profetas. Como resultado dos seus sermões, começaram a surgir comunidades de judeus-cristãos em algumas grandes cidades dos Estados Unidos. Em 1.990 o número de judeus convertidos atingiu milhares de dezenas (A literatura deles, em idioma inglês, é possível ser obtida através do seguinte endereço: (Beth Sar Shalom Publication, 250-57 St. New York NY 10023).

O MAL E A ILEGALIDADE SE FORTALECERÃO EXTREMAMENTE. A perda da fé acarretará consigo maior decadência da moralidade. O Apóstolo Paulo caracteriza as pessoas diante do fim do mundo, da seguinte maneira: “Nos últimos dias haverá um período difícil. Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais, ingratos, malvados, desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons, traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus, de piedade ostentando a aparência mas desdenhando a realidade” (2 Tim. 3:1-5). “E ante o progresso crescente da inquidade, a caridade de muitos se esfriará” (Mat. 24:12).

Do conjunto das profecias das Sagradas Escrituras deve-se concluir que a aproximação do último e terrível dia do final do mundo será precedida pela corrupção moral fortalecida, o que resultará em profundas perturbações na vida espiritual da humanidade. Os desejos da carne dominarão os interesses da alma. Perderão o interesse por Cristo e não pensarão mais Nele. Se extinguirá todo interesse e todo pensamento em Cristo; Sua vida e Seus ensinamentos se afastarão e ficarão na reminiscência para muitos. Se repetirá a situação de antes do dilúvio da humanidade, conforme podemos ler na Bíblia: “O Senhor viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos do seu coração estavam continuamente voltados para o mal. O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra… A terra corrompia-se diante de Deus e enchia-se de violência” (Gên. 6:5-17). Situação semelhante da humanidade acontecerá também antes da Segunda vinda de Cristo.

Se propagará a feitiçaria, serviços à força do mal e outras abominações pagãs. A própria concepção do mundo será envenenada pelas mentiras demoníacas: “O espírito diz expressamente que, nos tempos vindouros, alguns hão de apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos embusteiros e a doutrinas diabólicas” (1 Tim. 4:1). O livro do Apocalipse prediz sobre a extraordinária infiltração das forças diabólicas na vida das pessoas. Esta força dominante que é semelhante à fumaça, irá preencher e envenenar a atmosfera que as pessoas respiram, conforme escreve o Apóstolo João: “Quando foi aberto o abismo infindável, dele fluiu uma fumaça, como de uma enorme fornalha, e o sol e o ar obscureceram por causa da fumaça do fosso. E da fumaça surgiu o gafanhoto… Ele tinha sobre sí como rei, o anjo do abismo, cujo nome em Hebreu era Abbadon, e em Grego era Appolion.” E mesmo quando Deus, por intermédio de diversas calamidades, for chamar as pessoas para o arrependimento, os pecadores “não se arrependerão dos serviços feitos por suas mãos, para não venerar os demônios… e não se arrependerão nem por seus assassinatos, nem seus feitiços nem suas fornicações, nem seus furtos.”

Crescerão a hostilidade mútua e o ódio, se reforçará a perseguição aos fiéis. Os cristãos serão odiados por pessoas que rejeitaram toda e qualquer cultura religiosa, qualquer menção sobre Sua autoridade e as quais confiam somente no poder de seu intelecto, sua sabedoria. O número de cristãos diminuirá bastante, e as vezes seus inimigos serão seus próprios parentes, conforme o Senhor prediz: “Então sereis entregues aos tormentos, matar-vos-ão e sereis por Minha causa objeto de ódio para todas as nações. Muitos sucumbirão, trair-se-ão mutuamente e mutuamente se odiarão… O irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos insurgir-se-ão contra os pais e dar-lhes-ão a morte. E sereis odiados de todos por causa de Meu nome… Entretanto, não se perderá um só cabelo da nossa cabeça (consola e conclui o Salvador) – É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação” (Mat. 24:9-10; Mar.13:12-13; Luc. 21:18-19).

Guerras sangrentas e diversos desastres na natureza atingirão dimensões catastróficas. As pessoas irão enfraquecer diante do pêso das desgraças sofridas. Elas não terão forças para suportar com seus próprios esforços, e nem irão pensar em procurar a ajuda de Deus por motivo de sua descrença. “Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerra. Atenção: que isso não vos perturbe, porque é preciso que isso aconteça. Mas ainda não será o fim. Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino… Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e pestes, e aparecerão fenômenos espantosos no céu… Naqueles dias, depois dessa tribulação, o sol se escurecerá, a lua não dará seu resplendor. Muitos sucumbirão de medo e esperando a desgraça… (Mat. 24; Mar. 13 e Luc. 21). As últimas palavras desta profecia evidentemente se referem ao fim do mundo. Porém por alguns anos precedentes a isto, sucederá algo muito mais terrível para a vida da humanidade: o poder do Anticristo.

Anticristo

Nas Sagradas Escrituras a denominação “Anticristo” tem duplo sentido. No amplo sentido esta palavra indica qualquer antagonista de Cristo (o prefixo “anti,” significa contra). São João o Teologista, costuma mencionar a este respeito em suas 1a e 2a epístolas. No sentido estreito, a palavra indica uma individualidade definida, no “anticristo,” o qual direcionará todos seus esforços no sentido de extirpar a fé em Cristo. O surgimento deste Anticristo definido na cena mundial constitui o último e decisivo sinal da aproximação da Segunda vinda de Cristo.

Toda aversão crescente a Deus na humanidade, no fim do mundo se concentrará neste “homem de pecado,” o qual irá comandar a última luta desesperada contra o cristianismo. Sobre as características e ações deste Anticristo, lemos na Segunda epístola do Apóstolo Paulo: “Não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por alguma pretensa revelação, nem por palavras ou carta tidas como procedentes de nós e que vos afirmassem estar iminente o Dia do Senhor. Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, e deve manifestar-se o homem da inquidade, o filho da perdição, o adversário, aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus… Porque o mistério da inquidade já está em ação, apenas esperando o desaparecimento daquele que o detém. Então o tal ímpio se manifestará. Mas o Senhor Jesus o destruirá com o sôpro de Sua boca e o aniquilará com o resplendor de Sua Vinda. A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de satanás, de toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. Ele usará de todas as seduções do mal com aqueles que se perdem por não terem cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar. Por isso Deus lhes enviará um poder que os enganará e os induzirá a acreditar no erro. Deste modo serão julgados e condenados todos os que não deram crédito à verdade, antes consentiram no mal” (2 Tess. 2:3-12).

O que irá contribuir para o êxito do Anticristo, em que consistirá o segredo de seu enorme domínio e influência? Evidentemente, será a viva expressão de sua época materialista. Fatores externos irão contribuir para o seu sucesso e chegada ao poder. É possível, que em seu tempo haverá a iminente ameaça da guerra nuclear e biológica e uma terrível crise política e econômica. As autoridades estarão à beira de um colapso, e as nações em estado de desordem e revoluções. Então, das ondas turvas da tempestade mundial irá emergir um chefe “Genial,” como o único que será capaz de salvar a humanidade. Atrás dele estará postada uma poderosa organização ambicionando o domínio global. Com este suporte, o Anticristo surgirá com uma programação de reformas socio-econômicas, as quais simultaneamente irão apoiar e anunciar através da mídia em massa.

Pode-se pensar que os judeus que não reconhecem a Cristo, irão ver no Anticristo o seu tão longamente esperado Messias, enquanto que a maioria das pessoas se encorajará com a esperança de que ele colocará um fim nas guerras e nas crises e trará a paz universal. Provavelmente, tendo em vista tal cegueira das pessoas, que não conseguem enxergar a catástrofe iminente sobre eles, o Apóstolo Paulo escreveu: “O dia do Senhor virá como um ladrão de noite. Quando os homens disserem: “Paz e segurança!,” então repentinamente lhes sobrevirá a destruição, como as dores à mulher grávida. E não escaparão” (1 Tess. 5:1-6).

O Anticristo não ficará satisfeito com uma mera autoridade política e com transformações superficiais. Glorificado por todos, ele se tornará tão presunçoso, que irá se sentir como um ser sobre-humano dotado de poderes divinos. Ele irá proclamar uma nova concepção do mundo – uma nova fé e nova moral, substituindo os “ultrapassados” e “mal sucedidos” ensinamentos Cristãos. Possuído pela mania de grandeza, ele começará a se identificar como Deus, e se assentará no templo (provavelmente um templo de Jerusalém reconstruído), exigindo reverência para sí. Conforme as palavras do Apóstolo Paulo, as atividades do Anticristo, terão enorme sucesso, tendo apoio de satanás escoltado por falsos sinais, milagres mentirosos e todo tipo de seduções enganosas dos perdidos. Pelas marcas e milagres do Anticristo é possível entender não apenas os milagres enganosos que levam todos a um êxtase mágico, mas também as mais altas realizações do conhecimento, o que será utilizado para fortalecer suas regras. Não seria a televisão ou algo similar “comunicar espírito à imagem da fera” (Apo. 13:15)? Será aplicado um super-sistema de espionagem e controle do procedimento das pessoas. Aqueles que desejarem comprar ou vender algo deverão apresentar uma autorização oficial para isto “marcado com o nome da fera” (Apo. 13:17). O rádio, programas de TV e a imprensa serão direcionados para o reforço ininterrupto do “chefe” e para a criação e fortalecimento de seu poder político e admiração do povo. Qualquer pessoa que ousar duvidar do líder ou não concordar com suas medidas, será ridicularizada e energicamente exterminada como inimigo da humanidade.

A imagem da vinda do Anticristo é representada pelo profeta Daniel como “pequeno chifre,” o qual carrega os traços do rei Sírio Antioco Espifanes – o cruel perseguidor dos judeus crentes no ano 175-164 a. C – (vide Dan. 7:11) e os dois primeiros livros de Macabeus). No Apocalipse o Anticristo aparece na imagem de um monstro saído do mar (Apo. 13; 19:19-21), portando traços dos imperadores romanos: Nero (Nero reinou nos anos 54-68 D.C., tendo cometido suicídio. Durante seu império os Apóstolos Pedro e Paulo sofreram em Roma) e Domiciano, que reinou nos anos 81-96 D.C. Ele ordenou que os Cristãos fossem perseguidos por todas as partes onde se negavam a venerá-lo como um deus. Domiciano era contemporâneo de São João (que escreveu o livro do Apocalipse). Muitos consideravam Domiciano como Nero reanimado, o que pôde contribuir como fundamento para as características do Anticristo: “Uma das suas cabeças estava como que ferida de morte, mas essa ferida de morte fôra curada” (Apo. 13:3).

É preciso esclarecer que no livro do Apocalipse o nome besta não é atribuído apenas ao Anticristo mas também a todo mecanismo governamental do seu império de Anticristianismo.

Tendo conhecimento dos protótipos históricos do Anticristo, tornam-se visíveis alguns traços deles em comum. Todos eles, em sua essência, eram pessoas desprezíveis, tanto na área intelectual como também na governamental. Eles conseguiram poderes, não por seus méritos ou capacidade mas sim pela força favorável das circunstâncias. (O poder estava rolando nas ruas e nós o apanhamos” – dizia Lenin). Os protótipos eram mais conspiradores do que a mente imperativa estatal. Todos eles sofriam de mania desproporcional de grandeza; em sua vida particular eram mentirosos, imorais e cruéis. (Nero, por exemplo, matou sua própria mãe). Pode-se supor que com semelhantes características irá se destacar o último Líder mundial.

Se tomarmos literalmente as indicações das Sagradas Escrituras, as atividades do Anticristo se prolongarão por três anos e meio e terão fim com a vinda de Cristo, com a ressurreição geral dos mortos e o Julgamento Final (Dan. 7:26; Apo. 11:2-3; 12:11; 13:5). O caráter de personalidade do Anticristo e a imagem de suas ações, supostamente, porém com detalhes são representados por são Cirílo de Jerusalém nos Ensinamentos Publicados (5 e 15) e São Ebrahin da Síria, em sua “Homilia da chegada do Senhor e do Anticristo.” O famoso filósofo russo Wladimir S. Soloviev tentou descrever o tempo da vinda do Anticristo e sua aparência em suas “Histórias sobre o Anticristo,” mas sua descrição e seu tom às vezes brincalhão não transmitem em nada os horrores, as ações obscuras, os quais cairão sobre a humanidade no último período da sua existência. Sua narrativa – é um idílio ingênuo em comparação com o terror que irá dominar as pessoas que perderam Deus.

No Apocalipse de São João, é mencionado o surgimento de “duas testemunhas” no período da liderança do Anticristo (supõe-se: o profeta Elias e o patriarca Henoc (Gen. 5:24)), os quais irão professar a verdade, fazer milagres, e quando terminarem seu testemunho serão mortos pelo Anticristo (Apo. 11:3-12).

Estes são os ensinamentos da Palavra de Deus sobre os tempos que se aproximam, sobre o entendimento e sentimentos das pessoas antecedendo a Segunda chegada de Cristo. Mesmo todos estes sinais sendo claros e evidentes, a capacidade de vê-los e entendê-los depende do nível espiritual da pessoa. Os pecadores serão incapazes de entender aquilo que acontece diante de seus olhos e para onde o mundo se dirige. Por esta razão o Salvador advertia Seus discípulos: “Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra” (Luc. 21:34-36).

A Segunda

Vinda de Cristo

O olhar espiritual do cristão deve ser dirigido ao feliz evento que se aproxima – a vinda de Cristo à terra: “Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação” (Luc. 21:28). A realidade desta vinda, com toda certeza foi testemunhada pelo Próprio Senhor Jesus Cristo, com indicação de detalhes (Mat. 16:27; Mat, 24; Mar. 8:38; Luc. 12:40; Luc. 17:24; Joã. 14:3). Os anjos anunciaram este acontecimento diante da ascensão do Senhor (Atos 1:11) e freqüentemente os Apóstolos lembravam (Ap. Judas, Jud. 14-15; Ap. João, 1 João. 2:28; Ap. Pedro, 1 Ped. 4:13; 1 Cor. 4:5; 1 Tess. 5:2-6; e outros).

O próprio Senhor descreveu Sua vinda nos seguintes termos: “Porque, como o relâmpago parte do Oriente e ilumina até o Ocidente, assim será a volta do Filho do Homem” (Mat. 24:27). Antes de Sua Segunda vinda, no céu surgirá o sinal do Filho do Homem, e ao vê-lo, “todos os povos da terra irão se afligir.” De acordo com os Pais da Igreja, este será o sinal da Cruz salvadora do Nosso Senhor.

O Senhor virá em toda Sua glória rodado por uma infinidade de Anjos. “Então verão o Filho do Homem voltar sobre as nuvens com grande poder e glória e todos Seus anjos com Ele… Então Ele sentar-Se-a no Seu trono glorioso” (Mt. 25:31). Destas palavras do Salvador pode-se perceber que Sua Segunda vinda será completamente diferente da primeira, quando Ele voluntariamente Se humilhou, vindo na aparência de um homem comum, viveu na pobreza e sofreu todo tipo de humilhação.

Ele virá para “julgar o mundo com justiça (Atos. 17:31)… e então recompensará a cada um segundo suas obras” (Mat. 16:27). Com isto se diferencia o objetivo da Segunda vinda Dele ao mundo, do objetivo da primeira vinda, quando Ele não veio para julgar o mundo e sim para colocar Sua alma para a salvação de muitos.

A Ressurreição dos Mortos

No grande Dia da Segunda vinda do Filho do Homem ocorrerá a ressurreição de todos os mortos, os quais se erguerão dos túmulos com aspecto transfigurado. Sobre isto assim diz o Senhor: “Vem a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus” (Joã. 5:25). Quando os saduceus manifestaram sua descrença na possibilidade da ressurreição, o Senhor os censurou dizendo: “Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mat. 22-29). O Apóstolo Paulo expressou a importância da fé na ressurreição com estas palavras: “Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou. Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. Além disso, seríamos convencidos de ser falsas testemunhas de Deus, por termos dado testemunho contra Deus, afirmando que Ele ressuscitou a Cristo, ao Qual não ressuscitou (se os mortos não ressuscitam)… Mas, Cristo ressuscitou dentre os mortos, como primícias dos que morreram… Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão” (1 Cor. 15:13-15, 20, 22).

A ressurreição dos mortos será geral e simultânea tanto dos justos como dos pecadores: “E os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e aqueles que praticaram o mal, ressuscitarão para serem condenados” (Joã. 5:29; Atos 24:15). Diante disto, torna-se claro de que a aparência dos justos será diferente daquela dos pecadores ressuscitados: “Então, no reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol,” – falou o Senhor a respeito dos justos (Mat. 13:43). Comentando sobre estas palavras do Senhor, São Ebrahim da Síria diz que “alguns irão se assemelhar à luz e outros à escuridão.”

Da palavra de Deus é possível concluir que os corpos ressuscitados em sua essência permanecerão os mesmos que foram durante sua existência terrestre: “É necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptividade, e que este corpo mortal se revista da imortalidade” (1 Cor. 15:53). Porém eles se erguerão transfigurados e se tornarão imortais. Após a ressurreição eles estarão absolutamente livres das necessidades físicas e debilidades da vida presente. Eles se tornarão espiritualizados e celestiais. A vida após a ressurreição irá se assemelhar à vida dos anjos, conforme as palavras do Senhor (Luc. 20:35-38). Quanto aos pecadores, também seus corpos, indubitavelmente se erguerão em um novo estado, porém, tendo recebido a imortalidade, eles irão ao mesmo tempo refletir em sí mesmos toda a deformidade de sua decadência moral.

Na qualidade do exemplo da transfiguração dos corpos, o Apóstolo Paulo refere-se a um fato notório: “Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos? E com que corpo vêm? Insensato! O que semeias não recobra vida, sem antes morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo da planta que há de nascer, mas o simples grão, como, por exemplo, de trigo, ou de alguma outra planta. Deus porém, lhe dá o corpo como Lhe apraz, e a cada uma das sementes o corpo da planta que lhe é própria” (1 Cor. 15:35-38). Com o mesmo objetivo os Pais da Igreja apontavam para o fato de que na realidade, no mundo nada some ou é destruído, pelo contrário, é transformado em algo novo, e certamente Deus tem o poder de restaurar e transformar tudo aquilo que Ele criou. Referindo-se à natureza, eles encontravam nela semelhança com a ressurreição, ou seja: a germinação das plantas pelas sementes jogadas na terra e deterioradas; a renovação anual da natureza durante a primavera; a renovação do dia; o acordar do sono; a formação inicial das pessoas das cinzas e outros fenômenos similares.

Quanto àquelas pessoas que ainda estarão vivas na terra durante a Segunda Vinda do Senhor, de acordo com os ensinamentos do Apóstolo Paulo, elas irão sofrer uma transformação instantânea, similar à que ocorrerá com aqueles que estavam mortos: “Nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta (porque a trombeta soará). Os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. É necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que este corpo mortal se revista da imortalidade” (1 Cor. 15:51-53). Sobre o encontro dos crentes com o Senhor, o qual acontecerá em seguida, o Apóstolo Paulo escreve o seguinte: “Irmãos, não queremos que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais, como os outros homens que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que Nele morreram. Eis o que vos declaramos, conforme a palavra do Senhor: Por ocasião da Vinda do Senhor, nós que ficamos ainda vivos, não precederemos os mortos. Quando fôr dado o sinal, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do Céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os vivos, os que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Tess. 4:13-18).

A ressurreição universal, o “entusiasmo” dos justos e em seguida o Juízo Final e vida eterna – compõem um fenômeno, o qual nós não estamos em condições de compreender, nem de imaginar, pois nada similar foi vivenciado por nós. Nós também não conseguimos resolver as dúvidas que surgem em nossa mente curiosa.

O Fim do Mundo Físico

Em conseqüência dos pecados do homem, toda humanidade involuntariamente se submeteu à “escravidão da decadência” e “Geme e sofre até hoje” (Rom. 8:22). Chegará o tempo em que a humanidade e todo o mundo material será purificado e renovado. Isto ocorrerá no “último dia” após o Julgamento Universal, – e isto acontecerá por meio de fogo. O mundo que existiu antes do Dilúvio foi purificado por meio da enchente (“Mas os céus e a terra que agora existem são guardados pela mesma palavra divina e reservados para o fogo no dia do juízo e da perdição dos ímpios,” 2 Ped. 3:7). “Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia, os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra e todas as obras que ela contém. Nós, porém, segundo Sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça” (2 Ped. 3:10 e 13).

A respeito de que o mundo atual não é eterno predizia o salmista: “No começo criastes a terra, e o céu é obra de Vossas mãos. Um e outros passarão, enquanto Vós ficareis, tudo se acaba pelo uso como um traje. Como uma veste, Vós os substituís e eles hão de sumir” (Salmo 101:26:27). O fim do mundo não será sua destruição e sim sua total renovação.

O Julgamento Final

Entre os numerosos testemunhos sobre a veracidade do futuro Julgamento universal, a descrição mais completa é encontrada no Evangelho de São Mateus (Mt. 25:31-46). Veja também: (Joã. 5:22, 27-29; Mat. 16:27; 7:21-23; 11:22 e 24; 12:36 e 41-42; 13:40-43; 19:29-30; 24:30; 25:31-46; Atos 17:31; Jud. 14-15; 2 Cor. 5:10; Rom. 2:5-7; 14:10; 1 Cor. 4:5; Efé. 6:8; Col. 3:24-25; 2 Tess. 1:6-10; 2 Tim. 4:1; Apo. 20:11-15).

Desta maneira é possível deduzir algumas particularidades do Julgamento Final. Ele será universal, ou seja, estendido a todas as pessoas – vivas e mortas, boas e más, e se estenderá sobre os anjos caídos (2 Ped. 2:4; Jud. 6); será solene e aberto, pois os Juizes surgirão em toda Sua Glória Divina, diante do mundo inteiro, rodeados por Santos Anjos, enérgico e terrível, realizado na integridade da justiça de Deus, e será “o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus” (Rom. 2:5); o último e definitivo, determinando o destino de cada um para a eternidade. O resultado do Julgamento será a eterna retribuição: felicidade para os justos e sofrimento para os pecadores condenados.

Retratando o brilho intenso e os detalhes mais felizes da vida eterna dos justos após o Julgamento Universal, a palavra de Deus diz, com afirmação e clareza a respeito dos tormentos eternos dos pecadores: “Retirai-vos de Mim, malditos! Ide para o fogo eterno. Dirá o filho do homem no dia do julgamento, – estes irão para o castigo eterno e os justos para a vida eterna” (Mat. 25:41-46).

O lugar de tormento é apresentado na Sagrada Escritura como lugar de sofrimento e chama-se “Gehenna,” (este nome “Gehenna” faz lembrar do terrível vale ao sul de Jerusalém onde os malfeitores eram executados e onde também havia muita imundice e lixo constantemente sendo queimados para evitar a contaminação).

No Apocalipse, São João chama este lugar (ou esta situação) de “lago de fogo” (Apo. 19:20). E o Apóstolo Paulo diz: “Por entre chamas de fogo, para fazer justiça àqueles que não reconhecem a Deus e os que não obedecem ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Tess. 1:8). Evidentemente estas e outras descrições vividas das Escrituras simbolicamente mostram o peso do sofrimento e a severidade das punições.

“Eu sei,” – escreve São João Crisóstomo, – que muitos se horrorizam com “gehenna,” mas eu penso que a perda da glória do Reino de Deus é um sofrimento pungente, pior do que Gehenna… Esta privação do bem causará tamanha tormenta, tamanhas tristezas e limitações, que mesmo que não houvesse nenhuma punição aguardando os pecadores, por sí mesma esta perda é a punição mais forte do que as tormentas de gehenna, e pode dilacerar nossas almas… Muitos insensatos desejam apenas se livrar de gehenna: mas eu considero que sofrimento pior do que gehenna, é o castigo de não Ter a Graça Divina; e para aquele desprovido da graça, penso que irá chorar não tanto pelas tormentas de gehenna quanto por estar privado do Reino dos Céus. (Homilia 25 de Mateus e Homilia 1 a Teodoro).

A Igreja, baseando-se na palavra de Deus, reconhece os tormentos de Gehenna como infindos e eternos, e por esta razão ela condenou oficialmente os falsos ensinamentos no Quinto Concílio Ecumênico, os quais diziam que os demônios e as pessoas malvadas irão sofrer no inferno apenas por um tempo determinado e após serão reabilitadas no seu inocente estado primordial; isto chama-se “apocatastase.” O Julgamento Universal no Apocalipse é chamado de “Segunda morte” (Apo. 20:14).

Na tentativa de entender os tormentos de Gehenna no sentido relativo à “eternidade,” como sendo um certo período, talvez longo porém finito, – encontrava-se tanto na antigüidade como se encontra atualmente. Alguns rejeitam totalmente a realidade dos tormentos do inferno. Eles levam em considerações as qualidades lógicas que mostram a desarmonia entre os tormentos do inferno e o amor infinito de Deus, a discrepância entre o delito temporário e os castigos eternos pelo pecado, ou a discrepância destas punições com o intento definitivo da criação da humanidade, que é a graça em Deus. Porém não cabe a nós determinar os limites entre a misericórdia infinita de Deus e a verdade – com a justiça Dele. Nós sabemos que o Senhor “deseja que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.” Contudo o homem é capaz, por sua própria vontade, de rejeitar a misericórdia de Deus e todos os meios de salvação. São João Crisóstomo comentando a descrição do Julgamento Final, faz a seguinte observação: “Quando o Senhor falava sobre o reino, Ele dizia: “Vinde benditos de Meu Pai, tomai posse do reino que vos está preparado desde a criação do mundo”; e falando sobre o fogo, Ele não usou as mesmas palavras: “Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Pois Eu preparei o reino para vós, o fogo porém não para vós mas sim para o demônio e seus anjos (do sermão do Evangelho de Mateus).

Nós não temos o direito de entender as palavras do Senhor como se fossem ameaças ou algum método pedagógico usado para a reabilitação dos pecadores. O Bispo Teófilo o Recluso escreve: “Os justos irão para a vida eterna, porém os pecadores endiabrados irão para a eterna punição e tormenta, em comunidade com os demônios. Estes tormentos, terão um final? Se terminar o satanismo e os endiabrados, então os tormentos poderão ter fim. E terá fim o satanismo e a pocessão? Olharemos e então veremos… O que deixou de ver satanás após sua queda! Quantas forças de Deus surgiram! E como ele próprio foi derrotado pela força da Cruz do Senhor! Como até hoje qualquer artimanha ou maldade dele é derrotada por esta força! Porém ele é incorrigível; constantemente se opõe: e quanto mais longe vai, mais ele insiste.” No entanto, o conceito de “cólera” com relação a Deus é convencional e figurado, conforme aprendemos nos ensinamentos do Abençoado Antônio o grande. Ele diz: “Deus é benevolente, imparcial e imutável. Se alguém que reconhece que Deus é imutável, fica perplexo porém de como Ele Se alegra com os bondosos, Se irrita com os perversos, Se ira com os pecadores; porém quando eles se arrependem, Ele manifesta Sua misericórdia por eles. Para isto, é preciso dizer que na realidade Deus não Se alegra ou fica encolerizado, pois a alegria e a ira – são paixões do ser humano. É impróprio pensar em Deus como sendo bom ou mau por causa das ações humanas. Deus é bom e somente faz o bem. Ele não magoa ninguém e sempre é O mesmo. E nós, quando somos bons ficamos em comunhão com Deus, pela semelhança com Ele; e quando nos tornamos maus, nos distanciamos Dela pela não semelhança com Ele… Portanto dizer: “Deus se afasta dos maus –é o mesmo que dizer: o sol se esconde dos que são privados da visão” (Filocalia V.1).

Diversos artigos de cristãos asséticos mostram que quanto mais alto o homem sobre moralmente, mais ele sente sua responsabilidade aguçada perante Deus. Ao mesmo tempo com isto se reforça nele a esperança pela misericórdia de Deus e amor por Ele.

O Reino da Glória

Com a transformação deste mundo para um mundo novo e melhor, se iniciará o Reino Eterno de Deus, o Reino da Glória. Então terá fim o “reino da graça” – a existência da Igreja batalhando no mundo – irá se fundir com a Igreja celestial, ou seja, o Reino da Glória. Aí então o Filho de Deus irá reinar, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, e “Seu reino não terá fim,” conforme o Anjo Gabriel proclamou à Virgem Maria (Luc. 1:33). São Cirilo de Jerusalém explica isto dizendo: “Aquele Quem reinava anteriormente, derrotando os inimigos, não irá com isto reinar ainda mais depois de vencê-los?” (Palavras publicadas de Cirilo de Jerusalém).

A morte perderá sua força: “O último inimigo a derrotar será a morte… então se cumprirá a palavra da Escritura: A morte será tragada pela vitória” “E não existirá mais o tempo” – cessará a sensação do passar do tempo. (1 Cor 15:26 e 54).

No capítulo 21 do Apocalipse é descrita a vida eterna: “Ví então um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia.” No Reino da Glória tudo será espiritual, imortal e santo. O mais importante é que aqueles que tiverem alcançado a eternidade em comunhão com Deus (2 Ped. 1:4), serão participantes da união plena com Ele, Que é a Fonte de toda vida e felicidade. Em particular, os novos membros do Reino de Deus, igual aos Anjos, terão a honra de verem a Deus. Irão contemplar Sua Glória, não como através de um vidro fôsco, não em suposições mas sim face a face – e não apenas contemplarão, mas também participarão de Sua Vida Divina e resplandecerão como o sol no Reino de Seu Pai (Mat. 13:43); eles serão co-herdeiros de Cristo e assentar-se-ão com Ele partilhando de Sua Glória e dividindo Seu Reino (Apo. 3:21; 2 Tim. 2:11-12).

“Aquele que está sentado no trono os abrigará em Sua tenda. Já não terão fome, nem sede, nem o sol ou calor algum os abrasará, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os levará às fontes das águas vivas; e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos” (Apo. 7:15-16). “Nenhum ouvido ouviu, olho algum viu outro Deus salvar assim aqueles que contam com Ele” (Isa 64:4).”.. Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que O amam” . (1 Cor. 2:9).

A Graça em Deus será muito mais desejada pois é infinita: “e os justos irão para a vida eterna.” Entretanto, de acordo com os Pais da Igreja, a Glória em Deus terá seus graus proporcionais ao mérito de cada pessoa. Esta convicção é baseada nas seguintes palavras da Sagrada Escritura: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas.”.. “Porque o Filho do Homem há de vir na Glória de Seu Pai com Seus Anjos: e então recompensará a cada um segundo suas obras.”.. “Cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho.” “E ainda uma estrela difere da outra na claridade” (Joã. 14:2; Mat. 16:27; 1 Cor. 3:8; 1 Cor. 15:41).

São Efrem o Sírio diz: “como cada um se deleita com os raios do sol sensual de acordo com a pureza de seu poder de observação, e como quando uma lâmpada ilumina a casa, cada raio é percebido como que vindo da mesma fonte, e além disso, como a luz não se divide em muitas lâmpadas, igualmente acontecerá no futuro: todos os justos compartilharão da mesma alegria, porém, cada um dentro de seu limite, será iluminado por um único sol espiritual, e, pelo grau de seu mérito, eles irão beber alegria e felicidade, como numa única atmosfera e lugar. Ninguém verá os degraus mais altos ou mais baixos um do outro, para que, vendo a felicidade do outro, e sua privação, não tenha com isto motivos para mágoas e preocupações” (São Efrem o Sírio, “sobre as moradas celestiais”).

Conclusão

Concluindo, é necessário dizer que, deve-se Ter medo não apenas do último Terrível Julgamento de Deus, mas também do julgamento particular Dele que paira sobre todos nós. Na extensão da história, este julgamento particular de Deus ocorria tanto com pecadores isolados, como em cidades separadas e até em estados inteiros, quando as pessoas seguiam o caminho dos vícios. Exemplos claros disto – o Dilúvio, a destruição das cidades de Sodoma e Gomorra, as freqüentes devastações de Israel, a queda das antigas Assíria e Babilônia, a destruição pelo fogo da Pompéia imoral, a queda do império Romano e de outros Estados poderosos. Até mesmo grandes nações Cristãs, como o império da Rússia e o império Bizantino, quando eles se afastaram da pureza e da fé. E assim: “Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os abutres,” – ocorrerá um castigo justo (Mat. 24:28).

Para nos advertir da corrupção moral e estimular a ardência do espírito, o Salvador bondosamente nos adverte: “Estejam preparados pois na hora em que vocês não esperam, virá o Filho do Homem.” Por isso estejamos atentos à nossa condição espiritual. Devemos nos preocupar para que a lâmpada da nossa fé brilhe fortemente e para que a roupagem de nossa alma se mantenha limpa. Então a vinda de Cristo à terra será para nós um acontecimento desejado, como foi para os Cristãos nos tempos apostólicos; será quando Deus colocará um fim a todos os crimes e terá início a eterna Verdade de Deus num mundo renovado.

No meio dos sinais do fim do mundo já acontecendo, mencionados nas Escrituras, devemos mencionar: a propagação do Evangelho pelo mundo inteiro; o processo intenso do afastamento da fé das pessoas que eram cristãs desde os primeiros séculos; o início do retorno dos judeus para Cristo; o aparecimento de um grande número de falsos profetas; o aumento da criminalidade, depravação, satanismo e outras atrocidades.

Com referência à decadência da moral, é claro que as pessoas sempre foram pecadoras em maior ou menor escala. Porém, em condições normais o sentimento de vergonha sempre obrigava as pessoas a encobrirem suas falhas. Como particularidade dos nossos tempos evidencia-se o fato de que os atos pecaminosos foram colocados em um pedestal, tanto que os partidários do aborto, os depravadores e grupos de homossexuais organizam demonstrações em massa e exigem direitos especiais para sí. Olhando para eles, lembramo-nos das palavras de prevenção do Profeta Isaias: “Sua parcialidade testemunha contra eles; ostentam seus pecados (como Sodoma), em vez de os esconder. Ai deles! Porque causam dano a sí mesmos!” (Isa. 3:9).

Outra peculiaridade tenebrosa dos nossos tempos é a introdução inoportuna de todo tipo de monstruosidades e vulgaridades nas esferas da vida que, tradicionalmente eram a expressão dos mais nobres e brilhantes aspectos do espírito da humanidade – na música, na arte e literatura. Prestem atenção na música contemporânea, repleta de dissonância, gritos grosseiros e voluptuosos; nos quadros e esculturas que não proporcionam nada à mente e ao coração; nos filmes cheios de violência, sem conteúdo e vulgares, impregnados de crimes e depravação. Os demônios por sua natureza são desenfreados, disformes e cruéis. E então, com inquietação, nós observamos como o crescente vácuo espiritual nas pessoas começa a se encher de uma força estranha e escura, colocando seu carimbo nos atos, na vida e até na fisionomia das pessoas.

Assim sendo, como há dois mil anos atrás, assim também agora é impossível dizer precisamente quando acontecerá o fim do mundo. Entretanto, muitos sinais da aproximação desse acontecimento já estão presentes. As profecias dos nossos anciãos de Optina e outras pessoas pré-revolucionárias justas nos dão motivo para pensar que com a queda do comunismo e o início do renascimento da fé em nossa pátria, a penúltima página da história mundial foi virada, após o que acontecerá a vinda do Anticristo e se cumprirão as profecias do livro do Apocalipse.

Suplemento

A Inconsistência

do Chiliasmo

Nos dias atuais é propagado em grande escala o ensinamento a respeito do reinado milenário de Cristo na terra, antes do Julgamento Universal, conhecido sob o nome de “chiliasmo” (milênio). A essência do chiliasmo consiste no seguinte: muito antes do final do mundo, Cristo virá novamente à terra, derrotará o Anticristo, ressuscitará apenas os justos, estabelecerá um novo reinado na terra, no qual os justos, no decorrer de 1000 anos reinar junto com Ele como recompensa por suas façanhas, se deleitando com todos os bens da vida temporária. Depois disto, ocorrerá a Segunda ressurreição dos mortos, o Julgamento Universal e cada um receberá justas recompensas por seus atos. Estas são as idéias dos chiliastas. Os defensores deste ensinamento baseiam-se na visão do Apóstolo João no capítulo 20 do livro do Apocalipse: Alí está escrito que um Anjo que desceu do céu, acorrentou satanás por 1000 anos; … as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, viveram uma vida nova e reinaram com Cristo por mil anos… Esta é a primeira ressurreição… Depois de se completarem mil anos, satanás será solto da prisão. Sairá dela para seduzir as nações… E os mortos foram julgados conforme o que estava escrito nesse livro, segundo as suas obras. “Todo o que não foi encontrado inscrito no livro da vida foi lançado ao fogo… A Segunda morte é esta.” Sobre aqueles que ressuscitaram na primeira ressurreição a Segunda morte não tem poder.

Os pontos de vista dos chiliastas na antigüidade eram propagados principalmente entre os hereges. Nos novos tempos eles renasceram nas seitas protestantes.

Conforme mostram estes ensinamentos, presume-se que haverá duas ressurreições: primeiro será a dos justos e depois a dos pecadores; duas futuras vindas do Salvador na glória; dois futuros julgamentos: primeiro um, para os justos ressuscitados, depois outro – universal; é reconhecido o futuro reinado de Cristo na terra com os justos como uma época histórica determinada. Do lado formal estes ensinamentos são baseados num entendimento incorreto sobre a “primeira ressurreição”; o motivo interno destes ensinamentos se fundamenta na perda em massa, pelas seitas contemporâneas, da fé na vida após a morte, na glória dos justos no céu, com os quais estas seitas não têm ligação nas preces. Outro motivo é que em algumas seitas se desenvolveram ilusões sócio-utópicas, ocultas atrás das idéias religiosas e inseridas nas imagens misteriosas do livro do Apocalipse.

Não é difícil entender o erro de interpretação dos chiliastas do capítulo 20 do Apocalipse. Os lugares paralelos com as palavras sobre “a primeira ressurreição” mostram claramente que a primeira ressurreição significa o renascimento através da fé em Cristo e o mistério do batismo: “Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará!” (Efe. 5:14) – lemos muitas vezes dos Apóstolos. Procedente disto, pelos mil anos de reinado, devemos entender todo o período do tempo desde o princípio da Igreja de Cristo até o final da existência do mundo. No capítulo 20 do Apocalipse São João consola os crentes com o pensamento de que aqueles que foram mortos por Cristo não sucumbiram, e sim estão reinando no Céu junto com Cristo.

A Igreja batalhadora, no fundo, também celebra a vitória realizada pelo Salvador, porém, ela ainda sofre a guerra com o “príncipe do século,” a qual cessará com a derrota de satanás e a queda definitiva dele no lago de fogo. A “Segunda morte” é o julgamento dos pecadores no Juízo Universal; ele não tocará nos “ressuscitados” na primeira “ressurreição.” Isto significa que os renascidos espiritualmente em Cristo e purificados pela graça de Deus, não serão submetidos ao julgamento, mas entrarão na vida perfeita no Reino de Cristo. (O 2o Concílio Ecumênico criticou o engano do herético Apolinário, que ensinou a respeito dos 1.000 anos de Cristo e introduziu no “Símbolo da Fé (o Credo)” palavras sobre Cristo: “O Reino Dele não terá fim).”

O capítulo 20 do Apocalipse resume a guerra secular entre o demônio e a Igreja. O demônio é derrotado por duas vezes: primeiro – espiritualmente, com a morte redentora do Salvador, e diante do fim do mundo – a queda definitiva dele no lado de fogo. Os mártires começaram a celebrar seu triunfo sobre ele logo após a morte por Cristo.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*