A pregação contextualizada na pós-modernidade

Autor: Ashbell Simonton Rédua

A partir de 1970, tornou-se comum  o espírito de indiferença a todas as doutrinas em torno da religião. Cada um levantando sua bandeira, e colocando-se superior a todos. “Uma onda de daltonismo teológico parece varrer o país. A mente de  muitos parece completamente incapaz de distinguir qualquer diferença entre uma fé e outra, entre um credo e outro, entre um dogma e outro, entre uma opinião e outra, entre um pensamento e outro pensamento, ainda que sejam vários e discordantes, heterogêneos, opostos entre si e reciprocamente destrutivos. Tudo sem dúvida, é verídico, e nada é falso; tudo é certo e nada é errado, tudo é bom e nada é ruim, se nos aparece debaixo da roupagem da religião e em seu nome. A ninguém se permite indagar, onde em tudo isso fica a divina verdade? Mas…, é liberal, generoso, afável?”
Para Calvino, a igreja é uma realidade espiritual, que só pode ser vista pela fé. A igreja é o corpo místico de Cristo. Apesar da igreja apresentar-se a nós sob dois aspectos de todo distintos, um dos quais é objeto de fé e o outro, objeto de experiência ou, se o quiserem, um deles representando a Igreja como Deus a vê, e o outro como aparece a nós, daí não se segue que existem duas igrejas, Calvino conhece apenas uma, destacada pelo fato de ter a Jesus Cristo como seu Cabeça e estar a Seu serviço. Calvino, em particular, sempre dava muita ênfase ao aspecto visível da igreja. Para ele a Igreja “real” não era alguma realidade platônica a flutuar algures acima da igreja como nós a vemos aqui na terra. No seu pensamento, a Igreja invisível quanto à natureza espiritual, é ao mesmo tempo visível na comunidade terrena em que a Palavra de Deus é pregada e os sacramentos são ministrados.
Estamos perdendo a nossa herança. Lamentavelmente esta é uma verdade. Os crentes não estudam mais a Bíblia como deveria estudar, não buscam as soluções de suas vidas, na nossa única regra de fé e prática. Geralmente quando estamos com qualquer problema, mergulhamos em vários livros psicológicos ou outros que nos auto-ajuda, e nunca nas Escrituras Sacradas. Existe também falta de conhecimento dos dogmas da igreja, a razão porque somos presbiterianos. Infelizmente muitas falam mal da Igreja, sem conhecimento de causa. Pôr não conhecerem a igreja, sua história, leis, doutrinas, não podem amar a igreja e trabalhar a favor dela. O meu sonho é ver cada vez mais esta igreja firmada na doutrina bíblica, conhecedora de sua história, e não sair pôr aí, sendo influenciado pôr qualquer vento de doutrina.
“Precisamos descobrir a indispensabilidade do dogma sobre a igreja…os Reformadores sempre deram prioridade à verdade. Tinham uma crença apaixonada na verdade e estavam prontos a sacrificar agradáveis ilusões e preconceitos tradicionais pôr amor a ela. Estavam determinados a deixar que a verdade se lhes declarasse, a verdade toda e nada senão a verdade, mesmo que ela a eles mesmo condenasse. Esta redescoberta da verdade, como vem proclamada na Escritura e formulada no dogma sobre a igreja envolverá muito estudo e esforço. Mas certamente valerá a pena! Aliás, é uma necessidade da qual não se pode fugir. Somente se tivermos um conhecimento seguro da verdade de Deus (note-se bem, de Deus, e não nossa versão dela!).
De tudo o que até  agora escrevemos, conclui-se que a reforma da igreja não é um elemento excepcional, ou transitório, ou acessório ao governo da igreja, mas sim, um programa a ser efetivado nos mais variados setores, que se aprofunda no espírito conciliar diante das exigências e das necessidades do mundo contemporâneo.

1. O LUGAR DA PREGAÇÃO

Diante de um mundo necessitado e da ordem de Jesus Cristo para a grande colheita, precisamos reconhecer que é tempo de crescer, de melhorar e de progredir no que diz respeito, principalmente ao ministério da pregação.
O ministério da pregação é a mais elevada e mais gloriosa vocação para o qual somos chamados. Mas pregar o evangelho não é fácil, pois isto exige de cada um de nós, tempo, nervos, paciência, pesquisa, seriedade, compromisso e vida exemplar. É pôr isso que carecemos na atualidade de uma reforma na nossa maneira de pregar, isto é, de uma reforma na pregação da Palavra de Deus.
A pregação contextualizada não é inovação ou animação de púlpito, mas sim, a transposição da Palavra de Deus, na solução dos problemas atuais, levando o homem de hoje ao arrependimento e a crença em Jesus Cristo.
A pregação da Palavra de Deus é o ponto crucial para o crescimento da Igreja. Jesus veio ao mundo pregando, e os apóstolos deram prioridade à oração e a pregação da Palavra. Paulo exortou a Timóteo que pregasse a Palavra de Deus em qualquer tempo (II Tm 4:2).
Hoje mais do que nunca, precisamos voltar também aos princípios da Reforma, na exposição da Palavra de Deus. Infelizmente os organogramas, os trabalhos conciliares, os trabalhos seculares, as comissões eclesiásticas, tem desviado dos púlpitos das igrejas, as mensagens poderosas que enaman de Deus, da Sua própria liberdade e do Seu poder transformador, pois é pela pregação que vem a fé (Rm 10:17).
A vida do pregador é sempre a melhor introdução para sua mensagem ser eficaz.
Viver a Palavra é também tornar-se padrão para os outros seguirem, isto é, alguém digno de ser imitado pelos fiéis. Nossos líderes precisam ter uma conduta irrepreensível. As nossas palavras não podem ser refutadas pela nossa conduta, portanto o testemunho irrepreensível é capaz de falar mais alto do que as articulações verbais dos nossos lábios.
Nos dias atuais, mais do que nunca, precisamos de homens que pregam a Palavra de Deus, com fidelidade as Escrituras, proporcionando um encontro entre Deus e os homens. Assim, posso afirmar que pregar ou a pregação da Palavra de Deus é o instrumento utilizado pôr Ele para a conversão de vidas ao Senhor Jesus. Pregar a Palavra é expor o conteúdo das Escrituras dentro do seu contexto tanto para a vida do pregador como também dos seus ouvintes.
Segundo Martins Lloyd-Jones, a pregação vem esmaecendo ou acabando. As igrejas não se preocupam mais com o trabalho do púlpito, as medidas, as idéias episcopais de culto cresce, na mesma proporção a pregação esta decrescendo. As idéias do culto mais participativo, a introdução de leituras responsivas, músicas, cânticos e mais cânticos, apresentação de testemunhos, tem tomado lugar da pregação eficaz. “Pior ainda tem sido a incrementação do elemento de entretenimento do culto público – o emprego de filmes e o uso de mais e mais cânticos; a leitura da Palavra e a oração foram drasticamente abreviados, porém, mais e mais cânticos (templo foi consagrado aos cânticos). Já existe um especialista de música, como se fora uma nova espécie de ofício eclesiástico, e ele conduz os cânticos, e supostamente compete-lhe produzir o ambiente próprio. Porém, ele gasta tanto tempo para produzir o ambiente próprio que não resta tempo para a pregação nesse ambiente! Tudo isso faz parte da depreciação da mensagem.”
Quando os pregadores utilizam o púlpito, substituindo os sermões pôr homilias, prerrogativas éticas, discursos sócio-político, ou fazendo mesmo do púlpito e do sermão instrumento de manipulação da vida da igreja, a pregação tende a declinar.
Quais são as razões pelas quais a pregação tornou-se uma forma de entretenimento, ou seja, um passatempo do púlpito cristão;

2.  A TRANSPOSIÇÃO DO DISCURSO DOGMÁTICO PARA A PRÁXIS

Na pós-modernidade há uma tendência muito grande do homem não mais utilizar o discurso dogmático, passando portanto para a práxis, para a experiência diária de cada dia.
O homem contemporâneo não está mais se conformando em assimilar a tradição, ele quer decidir, tomar suas próprias decisões.
Com a insatisfação dogmática, a tendência é abandonar as instituições tradicionais e integrar os novos movimentos. Este é um problema sério que vem grandemente penentrando nas igrejas tradicionais (Presbiterianas, Batistas, Metodistas) principais. Há um reboliço, uma insatisfação, um inconformismo com o culto solene, com a pregação tradicional e o sermão dogmático. Com o abando das instituições, os movimentos modernos vão sorrateiramente penetrando no seio da igreja. São as inovações da música (corinhos em vez da música sagra), a arte e o teatro (em vez da exposição Bíblica), a política, a bateria, o violão e o sintetizador (em vez do piano e do órgão), isto sem falar dos recursos musicais gerados pelo play-back e a bateria de dedos. Não estou afirmando que esta é a minha posição, mas que na Igreja Presbiteriana do Brasil, encontramos grupos, que de certa forma, levantam uma dessas bandeiras. A minha preocupação está no fato dessas inovações, ou novidades, tomar o lugar da exposição da Palavra de Deus, isto é, vivemos em torno de atividades que nem sempre refletem a realidade da nossa vida espiritual, apenas uma  simpatização com os anseios do nosso coração.
Com a nova tendência de transformar o púlpito em um grande palco teatral, a pregação da Palavra de Deus perde também a sua força de penetração na vida da igreja e na sociedade.
A mensagem moderna é transmitida alegremente, todos sorriem com as encenações teatrais, todos se emocionam com os cânticos espirituais. Mas a convicção de pecado, a tristeza do pecado não se manifesta sem um grande trabalho de púlpito, que com um sermão bem estudo, bem planejado, irá nos conduzir a uma análise profundo do que nós somos em essência e a nossa necessidade de reconciliação com Deus.
O homem contemporâneo quer agir, quer tomar suas próprias decisões. Em certo sentido os protestantes tanto tradicionais, pentecostais, liberais, episcopais, trabalham mais com a decisão do que com a racionalidade. As nossas pregações estão condicionadas ao ouvinte, levando-o a tomar uma decisão. Todos os domingos pregamos para as pessoas tomarem decisões, isto porque a fé protestante é uma fé decisória. Aquele que ouve a Palavra de Deus é esperado pelo pregador que tome certa decisão. Assim são utilizados vários recursos psicológicos, emocionais e apelativos para que o ouvinte se decida. Em conseqüência a igreja denominacionalista decide menos do que antigamente. Há uma inversão de valores, surgindo na igreja a idéia do coronelismo ou o governo episcopal, governo da liberdade e da secularidade.
Com a morte da tradição, a práxis surge no seio da igreja com grande força. Agora a teologia é feita, é estudada e ensinada de baixo para cima. O encontro do homem com o homem tornou-se praticamente o encontro do homem com Deus.
Desejoso de contextualizar a Palavra de Deus, o homem contemporâneo utiliza de recursos  que  camufla toda a beleza do sermão expositivo, tópito ou textual, e, consequentemente não se exige do pregador, um compromisso de vida e ética cristã.
Para Lloyd-Jones “enquanto os homens criam nas Escrituras com a autoritária Palavra de Deus, e falavam alicerçados sobre essa autoridade, tínhamos grandiosas pregações”… A mais urgente necessidade da Igreja Cristã da atualidade é a pregação autêntica…” da Palavra de Deus.

3. A TRANSPOSIÇÃO DO DISCURSO RACIONAL  PARA O EMOCIONAL

A virada do milênio é também caracterizada pelo discurso que vai do racional para o emocional. Cada vez mais é crescente o interesse pelos movimentos carismáticos, pela cartomancia, pelo tarô e pela negromancia. A astrologia e a meditação transcendental tem alcançado grande sucesso também nos nossos dias.
Com o avanço da tecnologia da comunicação, o mundo tem desenvolvido cada vez mais a preguiça mental, não havendo mais interesse na intelectualização, no discurso racional, na elaboração das idéias, na discursão de temas filosóficos e teológicos, como acontecia no passado. O homem da atualidade não interessa mais na leitura, no aprendizado através dos livros e pôr incrível que parece a o analfabetismo tem crescido a cada dia, com toda tecnologia, o homem moderno, tem regredido na elaboração coerente de suas idéias.
Com o fenômeno visual da televisão, em lugar de você lê um romance, lê um jornal, você vê a novela. Em lugar de você escolher o romance e fazer a crítica, alguém escolhe a novela pôr você. Em lugar de você estudar, você é estudado, em lugar de você pesquisar você é pesquisado, e manipulado mentalmente.
Com todo este processo de mutação que estamos vivendo hoje, a mensagem protestante, que é uma mensagem racional, que apela para o conhecimento, para a razão, para uma elaboração de idéias coordenadas, racionalmente compreensível àquele que estuda, quando esta mensagem deixa a razão e volta para a emoção, ela sai do seu pedestal da razão e se iguala a emoção.
A liturgia das nossas igrejas é muito intelectual e menos simbólica, embora que a cada dia cresce a tendência a ser mais simbólica, mais emocional, mais sentimental e menos intelectual. Com o acentuado crescimento do movimento simbólico, o conceito de fé, de amor e de conhecimento tomam novas dimensões no trabalho de cada um.
Há a tendência de sair dos grandes discursos para a vida cotidiana. As igrejas não estão mais interessadas no grande discurso de um grande orador. Os movimentos emocionais são amplamente difundidos, experimentados e aceitos no seio da igreja, expandindo sua influência para outros grupos, tais como os católicos carismáticos, esotéricos e espiritualistas.
Basicamente a liturgia deixa as características fundamentais de sua estrutura tradicional, baseado nos padrões da homilética para dar lugar a uma estrutura sem forma, vazia, incompatível com a inteligência e o desenvolvimento da razão.
Hoje o culto à Deus é iniciado com corinhos ou cânticos espirituais, como alguns queiram chamar; são cânticos e mais cânticos, trabalhos psicológicos e a criação de um clima sentimental que proporcione um ambiente propício ao êxtase espiritual, destituindo inteiramente  da razão. O dirigente do culto é um animador, um explorador dos recursos psicológicos de massas na criação de um ambiente propício para que o pregador possa desenvolver seu sermonário. Os recursos emocionais utilizados, são explorados de tal maneira que não permitem o adorador desenvolver ou construir qualquer pensamento sólido, concreto ou racional. É emoção e mais emoção.
Geralmente após um grande período de louvor emocional, o pregador utiliza o púlpito para uma meditação breve, cotidiana, que geralmente trata de assuntos como a fome, seca, aflição, dor, desemprego, riqueza, cura, batismo com o Espírito Santo e milagres, sendo portanto evidenciado nestas  mensagens a efetivação de curas, milagres e expulsão de demônios.
Algumas denominações evangélicas, utilizam ainda para substituição da mensagem o testemunho cristão. “Alguns supõe que a fé é incompatível com a razão. Não é assim. As duas nunca estão em oposição nas Escrituras, como se tivéssemos que escolher uma dentre as duas. A fé vai além da razão, mas baseia-se nela. O conhecimento é a escala através da qual a fé sobe mais alto, é o trampolim de onde pula mais longe.”
A pregação estruturalmente bem dividida, bem elaborada e teologicamente bem ordenada, tem seus dias contados. Não existe mais nos dias atuais a preocupação na realização de estudos e trabalho de púlpito que evidencia uma homilética sistematizada. O povo está mais interessado na mensagem que sai dos pés do púlpito, destituída da razão e tornando-se só emoção.

4. A TRANSPOSIÇÃO DA DIMENSÃO INTELECTUAL PARA UMA DIMENSÃO VISUAL

Hoje o que fala é a comunicação. Quem sabe comunicar é bem sucedido, é aplaudido pelo seu auditório. Tem força de movimentação e manipulação.
O pastor que comunica bem do púlpito é aparentemente aquele que homileticamente prega bem e é aceito pelos seus ouvintes.
Quando digo “comunica bem”, estou me referindo aquele pastor que movimento o auditório, conta anedotas, e engraçado, dirigi o auditório a prestar um louvor cheio de coreografia, parecendo sem dúvida um movimento de ginástica aeróbia. Como gosto de dizer “coreografia espiritual”. Na verdade um pastor assim parece mais um “Sílvio Santos”, um animador de vídeo do que um reverente servo do Altíssimo, e, pôr incrível coincidência tanto o pastor, como o Sílvio Santos, trabalham no domingo.
Quando a prioridade da pregação é a comunicação da Palavra de Deus, numa dimensão definida, a hermenêutica e a exegese ficariam em segundo plano. Quero dizer com isto que preferencialmente as pessoas detém a aceitar os valores que comunicam em detrimento daquilo que identificam. Os grupos religiosos que comunicam sem identificarem são mais aceitos. É pôr isso que vemos grande número de pessoas saírem das igrejas tradicionais e correrem para as igrejas tais como a Universal do Reino de Deus, Episcopais, etc. Igrejas abertas que não exigem compromisso e fidelidade com os preceitos bíblicos e doutrinários, nem com os regulamentos constitucionais de governo eclesiástico, não há a preocupação de membrezia, não há a preocupação de conhecimento interpessoal. Igrejas abertas que aceitas pessoas sem qualquer tipo de compromisso, as vezes utilizando até o slogan “é proibido proibir”.
A transposição da dimensão intelectual para a dimensão visual, os cultos religiosos são mais de definição para a comunicação. Se trocarmos o púlpito de definição para comunicação, teremos problemas, isto porque, a comunicação é ideológica, falseada.
Se utilizarmos também o púlpito para terapia de grupo, também teremos problemas com aqueles que querem o discursos. Nisto concluímos que a igreja não está preparada para mudanças.  As próprias mensagens televisionadas são mensagens curtas, sugestivas e praticamente em 30 segundos se fala muito e transmite uma mensagem pôr completo. A pregação contextualizada tende a sofrer grandes modificações. Não será mais o pastor que pregará, mais a mensagem será transmitida através de uma cantata, de uma peça teatral, da arte, etc. Estas são as pregações da atualidade, que satisfazem praticamente o público.
Podemos, através do vídeo, ouvir qualquer pastor e analisar seus ensinamentos. Existem já em diversas igrejas grupos especializados em estudos Bíblicos pôr videoteca, que aparentemente parecemos ser um instrumento importantíssimo nas divulgações da mensagem divina, portanto esquecemos que Deus chamou homens e mulheres individualmente e pessoalmente para pregarem o evangelho do Reino de Deus.
Segundo Lloyd-Jones, a medida em que os pregadores da Palavras de Deus deixaram de pregar e passaram a fazer “palestras” durante o culto, em vez de pregar o sermão, a pregação começou a declinar. Isto é verdade, tornou-se mais importante ser um bom comunicador do que um grande expositor da mensagem cristã.

CONCLUSÃO

Quais as consequências da pregação contextualizada na Pós-modernidade na vida da Igreja na pós-modernidade? As consequências estão no nosso produto, isto é, no tipo de crentes que estamos produzindo.
Na igreja professa há muitos tipos de crentes que se deixam conhecer por suas ações, atitudes, gostos e preferências. Há,de algum tempo para cá, uma falta de definição, de identificação com o verdadeiro e bíblico cristianismo. A visão da Igreja Primitiva quase não tem sido observado em nossos dias, infelizmente.
Vejo na  igreja membros manifestando os mais estranhos e esquisitos modos e maneiras de viver manifestando mais mundanismo que santidade, vejo líderes discursando uma coisa e permitindo a prática de outra em suas próprias igrejas, por isso muitos estão iludidos outros frustrados e outros satisfeitos dentro daquilo que entendem ser cristianismo.
A Igreja na Pós-modernidade tem produzido três tipos de crentes, a saber: os iludidos, os frustrados e os satisfeitos.
Quem são eles?

1. Os iludidos –  São aqueles que foram enganados com falsos discursos, promessas irrealizáveis, por gentes superficiais, politiqueiras e que estão fazendo o jogo do espírito de satanás com suas gingas e astúcias mirabolantes. A ilusão passa muito longe de uma vida de fé,  ela consiste hoje, na igreja, de um viver superficial, religioso apenas e que não consegue mergulhar no centro da vontade de Deus.

Iludido também estão aqueles aos quais foi apresentado um evangelho sem arrependimento, sem confissão de pecados, sem conversão, sem lamentação pela miséria do pecado, sem radical mudança de vida. Penso nesse tipo de gente mui especificamente quando leio o que disse o profeta de Deus “…curam superficialmente a ferida do meu povo dizendo paz, paz quando não há paz…” (Jr 6.14).
A ilusão de uma cura que não ocorreu, ou aconteceu apenas em parte, vejo a perigosa e extrabíblica confissão positiva mandando crentes repetirem coisas estranhas ao evangelho tipo “a cidade é nossa”; “o Brasil é do Senhor Jesus” e etc… Tudo isso soa muito bonito, dá muito marketing pra muita gente, só que é uma tremenda enganação e ilusão que confunde e coopera para aumentar ainda mais a mistura do profano com o sagrado.
Gente famosa do mundo artístico, esportivo ou musical está, dizem, convertendo-se, gostaria de crer de todo coração que isto fosse uma profunda realidade e que esta gente esteja mesmo nascendo de novo. Por que eles não saem pelo mundo dando de graça o que receberam (se receberam?), porque precisam cobrar quantias exorbitantes para apresentarem seus shows?, porque não romperam contratos mundanos que os comprometiam e os ligam ao mundo sem Deus? Não sabem eles que a Bíblia diz: “Quem está em Cristo é uma nova criatura; as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo”? (2Co 5.7)
Iludidos estão obreiros, líderes e crentes que pagam ingressos para assistir tais shows, iludidos estão aqueles que se dizem cristãos etc… mas vivem entregues a própria vaidade, desrespeitando os princípios ensinados pela Igreja e as doutrinas éticas (usos e costumes) defendido à décadas pelos Santos e Santas de Deus em nosso abençoado movimento avivalista.
Iludidos estão aqueles que dizem estarmos vivendo em um outro tempo, e que agora pode ser diferente. Que será , meu Deus, de fiéis obreiros que disciplinaram crentes por várias desobediências aos princípios e até desligaram do rol de membros irmãs por cortarem as pontinhas de seus integrais cabelos?
Os iludidos foram mal gerados, por uma geração de crentes frios, vazios de Deus, tendo apenas aparência emocional. Uma geração que é amante de festas pomposas, inspiradas e embaladas por ritmos musicais modernos e mundanos. Eles continuam sendo massageados seus egos por uma vida social, religiosa atraente, recheada de chás e jantares requintados.
Estes crentes iludidos não aprenderam adorar a Deus com voz de júbilo vindo da alma, comportam-se no culto divino como se estivessem assistindo a um espetáculo qualquer, não tem nada a dar, não participam da adoração e não contribuem para a espiritualidade nos nossos cultos. Estão iludidos. Oro para que Deus, o Espírito Santo, use com poder, pregadores cheios do Espírito de Deus mesmo, para quebrar o encanto da superficialidade, rompendo com a dura crosta ou casca que tem envolvido boa parte dos que se dizem crentes em muitas igrejas.  

2. Os frustrados –  Temos constatado a existência de um número muito grande de crentes, cuja ação e comportamento refletem uma grande e enraizada frustração. Alguns chegam a falar abertamente disso o que é muito preocupante, pois não contribui em nada para o crescimento espiritual da igreja do Senhor Jesus. Muitos estão indo aos cultos com uma expectativa de resultados espirituais positivas e voltam inteiramente frustrados. Esperam ver gente com as marcas de Cristo cantando, tocando, recepcionando, testemunhando e até pregando mas ao contrário encontram pessoas com as marcas do pecado, da vaidade, do orgulho e do partidarismo que faz acepção de pessoas. Alguém cuja preocupação é o social, a pompa festiva que se exibe.

Encontram-se na igreja de hoje muitos frustrados por ver o tempo do culto tomado por mero profissionalismo, pessoas com suas ações puramente religiosas não produzem nenhum temor ou tremor só um emocionalismo passageiro. A efetiva manifestação do poder, fica condicionada e restrita a cultos específicos com uma equipe “especializada” em promover o que devia ser constante em todos os cultos como cura divina e libertação. Muita gente está frustrada porque ao sair do mundo e vir para a igreja esperavam realmente encontrar algo diferente e isso infelizmente não está,em muitos casos, acontecendo.O que esta geração de crentes está oferecendo para preencher o vazio dos que vem para Cristo? Santos homens e mulheres de Deus, pois, estão frustrados ao ver tanto investimento material ocioso, tantos projetos, planos e seminários sem resultados efetivamente espirituais, tantas reuniões estéreis para resolver questiúnculas vergonhosas. Há muitos frustrados pela falta de reverência (respeito e temor) nos cultos e nas dependências dos templos, nos termos que poetas estão usando em suas composições, nos ritmos próprios de ambientes inadequados para a adoração, certos procedimentos e comportamentos profanos e ocultistas que músicos estão introduzindo no ceio da igreja. Como disse Deus pelo profeta Isaías a respeito de Israel (sua vinha – sua plantação) “…Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que desse (produzisse) uvas boas veio a produzir uvas bravas?” Deus, a Igreja e o mundo estão esperando de mim e de você uma produção boa, o bom fruto do Espírito (Gl 5.22). Temos nós correspondido a esta expectativa ou temos frustrado alguém? Será que não existe alguém aí na sua congregação frustrado com seu proceder como filho ou filha de Deus?

3. Os satisfeitos –  Satisfação é o contentamento daquele a quem tudo sucedeu na medida dos seus desejos. A satisfação é algo muito complexo, a nosso ver, pois o que pode trazer inteira satisfação a um pode desagradar inteiramente a outro. Por incrível que pareça há muitos crentes totalmente satisfeitos com o comodismo, a inércia e a frieza espiritual. Para estes, seria um fanatismo um exagero desnecessário e prejudicial, algo que fere (escandaliza) a sensibilidade religiosa de alguns cristãos nominais.

É triste, mas muitos estão contentes com essa caricatura de cristianismo que praticam, com essa miscelânea de Cristianismo, Shamanismo, Espiritismo e superstição religiosa. És tu um dos que acham que está tudo bem, um crente depender de uma fita vermelha, por exemplo, para livrá-lo do “olho gordo”? Ou quem sabe você já passou por um “corredor de fogo”? quem sabe você acredita nos objetos ungidos como: água, sal, lenço etc… O crente Presbiteriano sempre teve uma fé depurada, gerada pela palavra de Deus, nossa vida de fé não deve depender de elementos estranhos à revelação de Deus – A Bíblia.
Mas, graças a Deus, existe muitos filhos e filhas de Deus por esse imenso país que somente satisfazem-se quando vêem e sentem a realidade de um cristianismo Bíblico e produtivo. É verdade que a satisfação é muito relativa e dependente de circunstâncias, porém a Palavra de Deus nos dá diretrizes claras, seguras e imutáveis para guiar nossas ações e preferências. Uma coisa muito preciosa é dita pelo salmista: “Deleita-te no Senhor e ele te concederá os desejos do teu coração”. Este texto tem sido citado por muitos com impropriedade e com uma deficiente interpretação, ou também com propósitos interesseiros. Porém um coração que tem prazer no Senhor, certamente terá desejos puros, santos e realizáveis que Deus poderá realizá-los. Quando isto acontece a nível pessoal, familiar ou congregacional o crente sente-se satisfeito no verdadeiro, aprovado, correto e bíblico sentido.
Que Deus nos dê os reais motivos para a correta satisfação para desenvolvermos a verdadeira pregação.
 

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